terça-feira, 1 de julho de 2014

Diálogo de surdos


“Os filhos não são mais dos pais, são do estado”
(Lei da Palmada)

                Em regime chamado democrático, político e governante saem do povo, portanto, não cabe nenhuma desculpa quando eleitos alegarem desconhecer os reais problemas da economia, dos serviços públicos que atingem o povo.

Por Armando Soares - economista


 Eleitos ao assumirem seus postos como legisladores e governantes, certamente vão encontrar a região ou o país com sérios problemas sem solução. Alegar desconhecimento desses problemas ou falta de tempo e de recursos para resolvê-los, significa que não usaram de honestidade durante a campanha eleitoral e buscaram o poder apenas para atender interesses pessoal ou ideológico. 

Essa é a verdade política brasileira que o povo desconhece e vem engolido sem nenhuma reação, talvez, porque nunca ninguém teve verdadeiramente interesse que o Brasil seja administrado por pessoas competentes e honestas e tenha leis compatíveis com a sua grandeza. Resultado: vive-se num país do “me engana que eu gosto”, criando-se situações para desviar a atenção da incompetência e desonestidade, como o surgimento de movimentos chamados populares formados com o único intuito de intimidar, criar intranquilidade, atemorizar. 

Seria admitir que a grande maioria do povo brasileiro fosse idiota para aceitar que político e governante eleito não conhecessem os reais problemas brasileiros regionais e nacionais como, por exemplo, a redução da maioridade ou menoridade penal para conter a onda de crimes brutais; ...

que armas que matam inocentes entram com extrema facilidade em quantidades absurdas através de nossas fronteiras, assim como drogas, enquanto o governo age com firmeza desarmando o povo para facilitar os assassinatos, sem garantir segurança; ...

que nossa educação é péssima, não educa ninguém, sendo o aluno apenas um instrumento para atender interesses mercadológicos de professores que na realidade não são educadores; que doenças poderiam ser evitadas se fosse priorizado a construção de sistemas de esgoto para erradicar focos de doenças que rola nas ruas e contaminam com maior facilidade os bairros e municípios pobres; ...

que nosso sistema de transporte é o pior do mundo, fator de estresse e responsável pela baixa produtividade das pessoas; que o sistema de saúde é uma desgraça, uma vergonha, que brinca com a vida e não atende os doentes e, pior, não valoriza a classe médica; que os centros urbanos estão em total processo de degradação e falência em consequência de repetidas administrações pífias, demagógicas, insensíveis à qualidade de vida da população e corruptas; ...

que os serviços públicos são péssimos e os burocratas não são mais servidores públicos, não servem bem a ninguém atendem mal as pessoas, pois se acham protegidos pelo Estado que lhes garantes aposentadorias burguesas e ricas, tudo pago com o sacrifício do trabalho do besta do povo; que os impostos não são impostos, não passa de puro confisco da renda uma vez que não retorna em favor da sociedade e do seu desenvolvimento, mas antes se presta para alimentar a corrupção, os interesses dos apaniguados e de empresas vampíricas que sobrevivem à custa de ‘jogadas’, de privilégios, anomalias que anulam a função do imposto; ...

que as instituições, poder legislativo, poder judiciário e ministério público não funcionam, e quando funcionam é apenas para atender interesses do poder executivo, o que é o mesmo que sustentar uma ditadura na sombra da constituição, que faz desparecer, sem golpe, o regime republicano democrático; ...

que contratos e regulamentos são papéis sem valor, não têm credibilidade, espantam investidores, núcleos de desenvolvimento legítimos, uma vez que governo não produz nada, não gera emprego produtivo e é incapaz de realizar desenvolvimento econômico sozinho, a não ser em regime comunista, experiência como se sabe desastrosa que faliu todos os países que o adotaram o modelo comunista-socialista. 

Ignorância proposital que serve para outros objetivos. O caminho político-administrativo que governantes teimam em seguir, por falta de propostas, já deu mostras de fadiga e improdutividade, e só produz mais sofrimento para o povo, que por nunca ter tido qualidade de vida se satisfaz com esmolas.

O Brasil vive um momento crítico repetitivo, difícil de solução, um diálogo de surdos entre políticos, governos e sociedade. Governos, políticos e sociedade nunca se entenderam, convivem e conviveram por conveniências. 

Enquanto governo como o americano, o canadense, o inglês tem como princípio representar os legítimos interesses empresariais que se confundem com o econômico e os interesses do Estado, o governo brasileiro não prioriza o empresário, o núcleo produtivo, pois sempre se conteve em apoiar abertamente o capitalismo e o liberalismo econômico, verdade que pode ser constatada pela história e pelo atraso econômico. 

Esse é o principal problema brasileiro, o político e governante versus modelo econômico. Quando um país não tem convicções consolidadas e considera o núcleo empresarial nocivo aos interesses políticos ideológicos, o resultado é o que todos estão presenciando, um Brasil vacilante, sem força econômica propulsora e um Estado inchado, doente e improdutivo que suga toda a renda do trabalho produtivo.

                Povo e sociedade ignorados faz lembrar o magnífico show-espetáculo “Brasileiro Profissão Esperança”, protagonizado por Paulo Gracindo e Clara Nunes, com base nas músicas de Dolores Duram e textos de crônicas de Antonio Maria. Em um dos textos de Antonio Maria, declamado por Paulo Gracindo serve para orientar a sociedade e o povo brasileiro. ... 

Pouco a pouco foram reduzidos o meu direito a minha humanidade, tiraram meu semelhante de junto de mim, limitaram o uso de meu cérebro a operações mais simples, arrancaram com aminha carta de cidadania, extinguiram a minha capacidade de influir, diminuíram meu cérebro, dissolveram a minha consciência. 

Agora eu apenas faço parte da paisagem quase morta. Sou uma planta encostada aqui neste banco de praia. Quando haverá outro dia esperança, quando? ... Não, não vou por ali. Só vou por onde me leva meus próprios passos. Se o que busco saber nenhum de vós responde, por que me repetis vem por aqui. Prefiro escorregar nos becos lamacentos redemoinhar os ventos como farrapos arrastar os pés sangrentos a ir por aí. ... Ide. Tendes estradas. Tendes jardins. Tendes pátrias. Tendes tetos e tendes regras e tratados, filósofos e sábios. .... Aqui ninguém me dê piedosas intenções, não me peça, definições, ninguém me diga vem por aqui. A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou. Não sei por onde vou, não sei pra onde vou, sei que não vou por aí.

                A Lei da Palmada é uma excrecência, uma ofensa aos pais, à sociedade brasileira, um passo a mais para implantar instrumentos comunistas repetindo o que já aconteceu em Cuba, na União Soviética e na China, onde o governo substituiu a família e os filhos passaram a denunciar os pais.  Não, não aceito esse caminho que reduz os brasileiros a escravos de ditadores cruéis e apátridas, e afirmo com toda a minha força, nenhum Estado construído por mentes doentes tira de mim o pátrio poder.

                O saudoso Nelson Rodrigues já dizia: "A unanimidade é burra". Se você não faz parte da unanimidade e não compartilha do diálogo de surdos, sugiro que siga o famoso pensamento oriental que diz: "O homem comum fala, o sábio escuta, o tolo discute”.

Armando Soares – economista

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