O método montessoriano não é, portanto construtivista, mas desconstrutivista:
é preciso “desconstruir” tudo que já está na mente infantil, para
deixar a criança inerme nas mãos de professores quem ao invés da admitir
que ensinam o que bem entendem, fingem que a criança está
auto-construindo seu conhecimento.
| 23 Janeiro 2012
Extraído do Mídia Sem Máscara
Os anos entre Gentille e Bottai.
Como vimos anteriormente, a reforma fascista do ensino passou por duas fases: a Reforma Gentile, iniciada em 1923, e da Carta della Scuola, de Giuseppe Bottai, de 1939. Resta saber como foram administradas as escolas fascistas durante este intervalo em que se sucederam oito ministros da Educação. Sem analisar a escola fascista é impossível estudar as organizações juvenis como a Opera Nazionale Balilla.
Da mesma forma
que Trotsky foi retirado das fotos após a morte de Lenin e a posse de
Stalin, várias são as falsificações do Ministério da Verdade esquerdista
com o sentido de refazer a história a seu bel prazer, ocultando seus
erros e, como no caso abordado a seguir, fatos históricos que os constrangeriam muito se descobertos. É o caso do sumiço de doze anos da biografia de Maria Montessori.
Por ser seu método de ensino o queridinho das esquerdas, qualquer
relação com o fascismo precisa ser sonegada. A esquerda tem um enorme
interesse em transformá-la numa heroína cujo método de ensino deve ser
aceito como válido modernamente. Portanto, o que se sabe de sua
biografia? Muito, exceto a respeito dos anos 1922 a 1934. Tudo o que as principais biografias dizem é que Montessori criou as Case dei Bambini
na Itália em 1907, foi recebida com honras nos EUA em 1913 e foi para
Barcelona em 1916, segundo alguns, para evitar que seu marido fosse
convocado para a I Guerra Mundial. As únicas referências mais explícitas
mencionam que ela retornou à Itália em 1922, foi nomeada inspetora
geral das escolas fascistas e saiu em 1934 por ser pacifista e
“reconhecer que os métodos de Mussolini eram brutais” [i]. Isto é apenas a ponta visível do iceberg.
Em 1920 saiu a terceira edição de seu Il Metodo della Pedagogia Scientifica e Maria Montessori começa a retomar contatos com sua terra natal. A verdade é que voltou para seu país exatamente por apoiar
Mussolini no exato ano em que ele era nomeado Presidente do Conselho do
Reino. Inicialmente proferiu uma série de conferências em Nápoles a
convite do então ministro Antonio Anile. Um ano depois Giovanni Gentile é
nomeado ministro e, influenciado pela rainha-mãe, Margherita de Saboia,
demonstra interesse em colaborar com Montessori e disseminar seu método
pedagógico por todo o país. Mussolini
se interessou muitíssimo pelo método pedagógico considerado muito
promissor para ser incorporado ao sistema escolar da Reforma Gentile [ii].
Em abril de 1924 a Societá Amici del Método se torna a Opera Nazionale Montessori, fundação
criada por decreto real, presidida por Gentile e com Maria Montessori
como presidente de honra. A fundação penetrou até mesmo nos colégios
religiosos como o Suore Francescane Missionarie di Maria in via Giusti [iii].
Mussolini autorizou Gentile a estruturar um curso montessoriano para
professores em Milão. Cento e cinqüenta alunos assistiram às aulas de
Montessori, sessenta deles por ordem direta de Gentile. Mussolini era o
“presidente de honra” do curso.
Em 1926, Mussolini é escolhido presidente da Opera e
Gentile passa a diretor dos escritórios de Roma. O Duce provê com
fundos estatais as escolas que seguissem o método, contribuindo com 10
mil libras de seu próprio bolso. Já em 1925, ano em que Maria se tornou membro honorário do Partido Fascista, Mussolini dizia que “pessoas que objetassem ao método montessoriano eram todos ignorantes” [iv] e “recomendou o método a outros ditadores” [v]. No mesmo ano foi estabelecida em Roma uma escola montessoriana de preparação de professores, a Scuola Magistrale Montessori, e o ministro Gentile anunciou que este era o próprio método fascista de ensino. Neste ano (1926) foi fundada a Opera Nazionale Balilla,
responsável pela educação política e física das crianças em curso
primário. Estudaremos adiante estas organizações juvenis, basta aqui
ressaltar a “coincidência” com a institucionalização do método
montessoriano.
Em 1927, outras escolas foram estabelecidas e a partir de 1929, Montessori passou a controlar todo o sistema de ensino fascista [vi].
Neste mesmo ano foi realizado o chamado “plebiscito” (24/03/1929) em
que o povo deveria votar a favor ou contra a lista de 400 nomes
apresentada pelo PNF. O comparecimento foi maciço: 89,63% dos eleitores.
O sim obteve 8.519.559 votos e o não 135.761 e 8.092 nulos [vii]. O poder fascista tornava-se total!
Em 1931, o Gran Consiglio Del Fascismo
instituiu a obrigatoriedade de todos os professores jurarem lealdade ao
fascismo e ao Duce. Vários professores que aberta ou reservadamente
criticaram o regime, ou mesmo frente a meras suspeitas ou denúncias
anônimas, foram expulsos do magistério. Logo depois foi criado um
juramento adicional, o de “viver e morrer pelo Duce”. O ensino não mais
poderia ser neutro, mas fascista em seu cerne, justificando a nova
“ética” de violência, obediência e uniformidade intelectual. Os que não
aceitaram foram demitidos. Como a grande maioria, Maria Montessori manteve seu emprego. Acredita-se, portanto, que tenha aceitado os juramentos.
Em
1934, a obrigatoriedade do ensino fascista atingiu os jardins de
infância para, desde a mais tenra idade, começar a formação do “novo
homem fascista”. Foi então que aparentemente Maria começou a desconfiar
das iniciativas do Duce. (Depois de doze anos é que percebeu isto?!).
Sua idéia inicial sempre fora uma “educação para a paz”, o que
conflitava diretamente com a visão de Mussolini, de fazer uso do método
para fabricar fanáticos o quanto fosse possível. Maria admitiu que “as
implicações de sua teoria iam longe demais. Era através da atuação
sobre as crianças que os governos totalitários conseguiam produzir
enormes reservas de jovens fanáticos, totalmente devotados ao seu líder e
tomados de espírito guerreiro” [viii]. Era
exatamente isto que o Duce queria e soube se aproveitar muito bem de um
método baseado em falsas premissas psicológicas! Montessori saiu da
Itália, mas não mudou seu método, hoje grandemente difundido pelo mundo.
Apresentação sumária do método
Nos
países livres a formação das crianças é deixada para os pais, a escola
deve ser informativa, embora participe minimamente da formação pelo
contato com um meio externo, suas regras e disciplina, que nem sempre
correspondem às de casa. Há um momento, ao redor dos 5-6 anos de idade,
em que a criança precisa aprender a conviver num mundo mais amplo e já
desenvolveu as condições mentais, até de amadurecimento do sistema
nervoso central, para tanto. Gentile, conforme suas inclinações
totalitárias, afirmava que a escola – de preferência estatal - deveria
ser formativa, e não informativa. O método construtivista montessoriano é o mais adequado para isto.
No
sistema montessoriano o educando é “educador de si mesmo”, tendo a
possibilidade de escolher o seu trabalho, de se mover por conta própria,
de se tornar “responsável pelo seu progresso e crescimento”. Pelo
método o educando caminha para a independência e liberdade numa atitude
auto-dirigida. A integração da criança com o ambiente, com o material
montessoriano e com o professor, resulta na aprendizagem significativa e
individualizada. A cada fase do desenvolvimento vivenciada pelo
educando, ele está auto-construindo, internalizando conceitos e valores
sociais, de forma segura e de acordo com o momento histórico atual.
Nas
palavras de Maria Montessori: “educação não é o que o professor dá, mas
um processo natural espontâneo levado a efeito pelo indivíduo, não
através de escutar palavras, mas de experiências no ambiente. (...) A
tarefa do professor é preparar uma série de motivos culturais num ambiente especialmente preparado
(...). Os professores humanos só podem ajudar o grande trabalho que
está sendo feito, como servos ajudam seu senhor (...). Assim poderão
testemunhar o desvelar da alma humana e o surgimento de um Novo Homem (...)”.
O
programa de educação infantil baseado no construtivismo estrutura-se no
conceito de educação integral (cuidar e educar), visando o
desenvolvimento da criança na sua totalidade: cognitivo, psicomotor,
físico, social, intelectual, afetivo. A psicologia escolar tem como
objetivo assessorar o trabalho pedagógico. Na escola montessoriana, a
criança encontra um ambiente preparado para o seu aprendizado, o que
permite a autoconstrução de seu desenvolvimento cognitivo e psicomotor. Quando isso não acontece, o professor funciona como um investigador para saber o que há de errado, tendo o acompanhamento do psicólogo na busca de “soluções”.
Os
princípios básicos fundamentais da pedagogia de Montessori são: a
liberdade, a atividade e a individualidade. Outros aspectos abordados
nesta metodologia são: a ordem, a concentração, o respeito pelos outros e
por si mesmo, a autonomia, a independência, a iniciativa, a capacidade
de escolher, o desenvolvimento da vontade e a autodisciplina [ix].
O método Montessori está inspirado no humanismo integral,
que postula a formação dos seres humanos como pessoas únicas e
plenamente capacitadas para atuar com liberdade, inteligência e
dignidade.
Crítica ao método
Comecemos pelo fim: o humanismo integral. O que significa humanismo?
De acordo com o Humanist Manifesto I [x],“a base do humanismo é de que não existe um Deus Todo Poderoso, Criador e Sustentáculo da vida, os humanistas acreditam que o homem é seu próprio deus. Acreditam que os valores morais são relativos, inventados de acordo com as necessidades de um povo específico, e que a ética também é situacional. Os Humanistas rejeitam a moral e a ética Judaico-Cristã, tais como as contidas nos Dez Mandamentos, tidos como “dogmáticos”, “fora de moda”, “autoritários” e um atraso ao progresso da humanidade. No humanismo a auto-realização, a felicidade, o amor e a justiça são encontrados por cada homem individualmente, sem referência a nenhuma fonte divina. Dentro da ética Judaico-Cristã não existe e não pode existir auto-realização, felicidade, amor ou justiça na Terra, que não seja, em última análise, relacionada com um Deus Todo Poderoso, Criador e Provedor” [xi].
Quando vejo um cristão ou judeu estufar o peito de orgulho para revelar-se humanista fico pasmo de ver a que ponto vai a burrice, a ignorância e/ou a má fé dos seres humanos!
A declaração de que o construtivismo se baseia no humanismo integral já
mostra a que veio o tal método: fazer uma lavagem cerebral, eliminando
da mente das crianças tudo aquilo que ela traz de casa como crenças e
princípios universais, porque a negação de um Deus Criador e Provedor é a
destruição de quaisquer valores universalmente válidos.
A “auto-construção” através da internalização de conceitos e valores sociais, de forma segura e de acordo com o momento histórico atual” significa
a impregnação da mente infantil das crenças professadas pela onipotente
casta professoral aliada a gerações de pais inseguros de suas próprias
crenças. Lembremos a afirmação de Mussolini:
“O
fascismo é um método, não uma finalidade, uma autocracia por sobre a
via democrática. “Permitimo-nos ser aristocráticos e democráticos,
conservadores e progressistas, reacionários e revolucionários,
legalistas e contra a lei, segundo as circunstâncias de tempo, lugar ou
ambiente”.O “desvelar da alma humana e o surgimento de um Novo Homem” é o sonho de todos os ditadores, de um dos quais Montessori foi serva obediente durante doze anos.
O
construtivismo não passa de uma falácia. Tenha ou não sido esta a
intenção de sua criadora, foi e continua sendo um meio fértil para a
introdução das ideologias coletivistas, ambientalistas e a preparação,
entre outras coisas, de um mundo de pensamento uniformizado, um mundo de
crianças robotizadas a serviço de qualquer totalitarismo. Pois o tal ambiente preparado pode ser preparado para qualquer coisa e utiliza-se a noção de auto-construção
para esvaziar a mente dos alunos dos valores que traz de casa e
“construir os seus”. Ora, isto é uma impossibilidade, a criança aprende
inicialmente imitando, só posteriormente irá fazendo suas próprias
opções e criando outras. O que ocorre é uma verdadeira lavagem cerebral,
bem ao gosto dos sistemas totalitários. Pode-se, então, introduzir
qualquer coisa como se fosse “construção” ou “criação” da própria
criança, aumentando falsamente o sentimento de onipotência. Nada mais eficaz do que o fazer o doutrinado acreditar que inventou a doutrina. Foi aí que o Duce encontrou a verdadeira utilização do método montessoriano!
Quando se diz que o professor funciona como um investigador para saber o que há de errado, tendo o acompanhamento do psicólogo na busca de “soluções", a escola se transforma em agente terapêutico! Instaura-se o mundo maquiavélico da “psicopedagogia”, o pior dos mundos para as crianças e famílias!
A falha básica do método “construcionista”
Este método aparentemente se
baseia numa teoria psicológica falsa: a de que a criança chega à escola
com a mente como uma tela em branco. Nem mesmo ao nascer isto é
verdade: a herança genética é fato comprovado. O fato é que Maria
Montessori sabia e seus seguidores sabem muito bem disto.
A primeira a observar crianças muito pequenas e tentar entender suas mentes foi Melanie Klein [xii],
já em 1919, no Instituto Psicanalítico de Budapeste. Depois de ir para
Londres tornou-se mundialmente conhecida como analista de crianças. Seus
trabalhos sobre a vida mental infantil [xiii]
são ainda hoje considerados fundamentais. Contrariando Freud, que
jamais a contestou, mostrou que a vida mental da criança já tem a enorme
complexidade da do adulto desde o nascimento. Suas observações sobre o
primeiro ano de vida viriam a ser complementadas por Esther Bick [xiv].
Já mesmo a vida intra-uterina é extremamente complexa como foi comprovado por Alessandra Piontelli [xv],
pediatra e psicanalista milanesa, com grande experiência em
obstetrícia. Usando técnicas modernas de ultrassonografia, Alessandra
Piontelli demonstrou que o feto já é um ser humano completo, ri, chora,
brinca com o cordão umbilical – seu primeiro brinquedinho – sonha, reage
a estímulos externos e internos. As reações físicas e psicológicas da
mãe e dos familiares são sentidas e a estas o bebê reage. Os “chutes” na
barriga, tão dolorosos como prazerosos para as gestantes, não são
movimentos meramente reflexológicos de “arcos reflexos” pavlovianos, mas
expressões às vezes de sonhos ou reações a estímulos externos, ou de
sentimentos de raiva.
O método montessoriano não é, portanto construtivista, mas desconstrutivista:
é preciso “desconstruir” tudo que já está na mente infantil, para
deixar a criança inerme nas mãos de professores quem ao invés da admitir
que ensinam o que bem entendem, fingem que a criança está
auto-construindo seu conhecimento. Com isto eliminam-se todos os valores
universais, estimula-se a onipotência da criança para torná-la uma humanista que acredita que não existem conhecimentos universais, mas todos são suas criações.
Voltarei a isto no final desta série com falar da doutrinação ambientalista como a religião da Nova Era.
Notas:
Montessori
was not alone in being blind to Mussolini’s brutality, like many others
she was hopeful that her presence and activity might make a difference.
She truly believed that her system of education properly carried out
under her own supervision would accomplish good results for individual
children and in the long run for all of society. She declared herself
apolitical, not existing to any political party, and did not openly
oppose the Fascist regime until it began to interfere with her own
activities as a teacher, and those of her teachers. In Maria Montessori: Education for Peace.
[ii] Erica Moretti, Brown University, Recasting Il Metodo: Maria Montessori and Early Childhood Education in Italy (1909-1926), in http://www.cromohs.unifi.it/16_2011/moretti_montessori.html
[iii] Corso per educare fanciulli col Metodo Montessori, in Vita femminile italiana», a. IV, n. 1910, pp. 348-349. Citado por Moretti.
[iv] Muitas informações sobre a relação de Montessori com Mussolini são da obra de Rita Kramer, Maria Montessori: A Biography, Radcliffe Biography Series
[v] Bruce Walker, Maria Montessoris Hidden Decade, in American Daily
[vi] Bruce Walker, Maria Montessori and the Memory Hole, in Canada Free Press.
[vii] Seis meses antes, em 08/12/1928, Mussolini declarou à Câmara: “Vamos
ao plebiscito, que ocorrerá em absoluta tranqüilidade (...) o povo
votará perfeitamente livre. Quero apenas recordar, todavia, que uma
revolução pode ser consagrada num plebiscito, jamais revertida! (De Felice, op, cit., PP 437-438).
[viii] Ver em Google Books
[viii] Ver em Google Books
[x] http://www.americanhumanist.org/Who_We_Are/About_Humanism/Humanist_Manifesto_I. Sugiro sua leitura atenta assim como dos Manifestos II e III.
[xi] Deve ser esclarecido que este manifesto veio à luz em 1933, o mesmo ano em que Hitler foi nomeado chanceler do Reich.
[xv] http://www.livrariaresposta.com.br/v2/produto.php?id=888 e http://www.wook.pt/ficha/development-of-normal-fetal-movements/a/id/3431463
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