Até as intervenções estatais
positivas geram um processo infinito de distorções e escravidão.
Por Klauber Cristofen Pires
Nos Estados Unidos, vigora
uma programa assistencial federal, o Supplemental
Nutrition Assistance Program – SNAP,
ou em português, “Programa de Assistência de
Nutrição Suplementar”, que se assemelha ao antigo programa do
leite, instituído pelo então presidente José Sarney. Na versão
americana, é destinado para a compra de alimentos em geral por
famílias de baixa renda.
O caso que adiante
desenvolvo há de oferecer ao leitor mais um exemplo cabal de como as
intervenções estatais – mesmo as positivas – sempre acabam
gerando deturpações e com elas mais interferência estatal por
sobre as vidas privadas dos cidadãos, sendo a culminância deste
processo um estado de completa escravidão.
Naquele país, a senadora
republicana Ronda Storms tem proposto a proibição de aquisição de
alimentos considerados não-saudáveis, entre eles os salgadinhos,
doces e refrigerantes com o dinheiro do benefício governamental.
Obviamente, a categorização
do que seja ou não saudável também passa por acalorada discussão:
ainda me lembro de uma certa feita em que uma simpática promotora me
abordou em um supermercado com este apelo tão subjetivo, ao que
respondi que sim, que sou adepto da alimentação “saudável”,
muito embora isto possa significar para mim um grupo de alimentos pra
lá de diferentes daqueles que ela gostaria de me apresentar. Vejam
só a que ponto chegamos: hoje em dia, as classificações das coisas
já são dadas com o julgamento de valor embutido! Antigamente as
pessoas costumavam ser mais honestas e se referiam a isto ou aquilo
de forma mais objetiva: este é um alimento vegetal, esse é um
alimento gorduroso, aquele é um alimento rico em fibras.
Voltemos ao assunto que nos
interessa: a esquerda sempre vem com o papo da exclusão social.
Todavia, pobreza não é uma condição de exclusão. Pobreza é um
estado de relativa carência. Exclusão, sim, é proibir formalmente
ou por meios eivados de desvio de finalidade que alguém possa buscar
por seus próprios meios conseguir algo em sua vida. Assim, o salário
mínimo é que é uma forma de exclusão, pois jamais ele
proporcionou um único posto de trabalho: somente o que faz é
proibir alguém cuja produtividade valha menos de ser contratado por
um valor abaixo do estipulado em lei. E assim também com o trabalho
infantil, com os Conselhos de Classe, e com praticamente todos os
quase mil artigos da CLT e outros tantos da legislação
complementar.
A esquerda, sob pretexto de
incluir, acaba sempre excluindo, só que por sua vez é pra valer! É
para dar cadeia aos resistentes!
É nesse contexto que esta
análise avança, ao discriminar entre pobres e ricos, pois o rico
pode, com seu próprio dinheiro, escolher comprar aquela barra de
chocolate, enquanto o pobre que vive de vales distribuídos pelo
estado passa a ser obrigado a adquirir aquilo que o estado disser que
ele deve comprar.
Nas palavras da própria
senadora – e olhem que ela é republicana, hein(!) - , que o jornal
Los
Angeles Times comparou à Maria Antonieta: "They
can have cake," she replied. "You can buy flour, eggs and
sugar, and that makes a cake. I make my kids their own cakes."
(“Eles podem ter bolo”, ela respondeu. “Você pode comprar
farinha de trigo, ovos e açúcar, e com isto se faz um bolo. Eu faço
para os meus filhos seus próprios bolos”).
Não se contentem com tão
pouco. Com uma lei que emita restrições ao consumo, é óbvio que
terá lugar um mercado negro, do mesmo tipo que no Brasil aceita
vales-transporte como dinheiro para qualquer coisa, com o infeliz
resultado que os beneficiários haverão de praticar a troca de seus
tickets por dinheiro com deságio. No frigir dos ovos, eles
continuarão a comprar doces, salgadinhos e refrigerantes, mas agora
então em menor quantidade.
O que as pessoas precisam
para fazer as escolhas corretas - ou as mais corretas possíveis -
com relação não só à alimentação, mas a tudo na vida, é que
sejam livres para produzir e adquirir e que sejam responsabilizadas
por suas decisões. O resto é um redemoinho infinito de tributação,
benefícios indevidos, corrupção, desvios, comportamentos
alternativos, proibições, fiscalização, multas e prisões.
O problema todo é comer bolinhos, salgadinhos, etc. com o dinheiro público e depois ir se tratar das doenças que eles causarão também com o dinheiro público. NEM UM COISA NEM OUTRA DEVERIA ACONTECER. Que comprem o que quiserem com o dinheiro ganho trabalhando e que se tratem depois também com o dinheiro ganho trabalhando, e não às custas do contribuinte.
ResponderExcluir