As marcas no povo ucraniano são muito profundas para serem esquecidas!
Por Klauber Cristofen Pires
O jornalista Reinaldo
Azevedo, em seu artigo "Ucrânia:
Quando o óbvio se lembra de acontecer", declarou o seguinte:
Quando Viktor
Yanukovich, o agora presidente deposto da Ucrânia, aceitou negociar, inclusive
com antecipação de eleições, o sensato teria sido aceitar a proposta — até
porque, a despeito de sua biografia pouco recomendável, havia sido eleito num
pleito que foi considerado limpo e legítimo. Sempre se pode dizer “Não!”, eu
sei, mas aí é preciso saber quais armas estão à disposição, inclusive as da
diplomacia, para aguentar o tranco. E o Parlamento ucraniano disse “não” e
derrubou o presidente. Mas não tinha, e não tem, um plano para o momento
seguinte.
Vou começar prestando
satisfações aos sonsos: leio o blog do Reinaldo Azevedo diariamente e o
considero extremamente por suas opiniões e por seu excelente e corajoso
trabalho contra a bolivarianização do nosso país. A questão é que aqui ou ali
tenho interessantes discordâncias, como neste caso.
O problema é que gente como
Yanukovich, não faz acordos com a intenção de cumpri-los, mas apenas como meio
de ganhar tempo, reorganizar-se e destruir seus inimigos.
Os leitores já assistiram ao
filme Cristiada? Assistam
ao trailer aqui. Quem quiser baixá-lo,
com legendas em português, clique aqui.
Este filme carrega a marca da
censura. Com o título em inglês de “For
a Greater Glory”, foi produzido e custeado heroicamente por Andy Garcia, porque
as grandes produtoras de Hollywood se negaram a fazê-lo. A página da Wikipédia
sobre o filme foi apagada. No Brasil, curiosamente o maior país católico do
mundo, a película não foi exibida nos cinemas, embora tenha se revelado um
sucesso estrondoso em países como EUA, México e Polônia. Não há versões para
serem compradas pela internet.
O enredo conta a história da
guerra cristera, uma revolta popular diante da lei Calles, promulgada pelo presidente
Plutarco Elías Calles,
que criminalizou a fé católica por todo o país, tendo assassinado milhares de
bispos e padres. A guerra terminou com um saldo de mais de noventa mil mortos! Como
seria engraçado o grupo Porta dos Fundos fazer um vídeo no Youtube tirando
sarro de padres e fiéis sendo fuzilados dentro das igrejas ou pendurados
enforcados ao longo de postes de linhas telegráficas!
O que é interessante para o
que desejo aqui demonstrar aos leitores são dois fatos: primeiramente, a
população mexicana começou a fazer uma resistência pacífica, que foi duramente
reprimida com o assassínio de padres e fiéis que os apoiassem; e o que não é
mostrado no filme, que os líderes da revolta, que estavam em posição de vitória
e aceitaram negociar com o presidente socialista Plutarco Ellías Calles foram
todos posteriormente assassinados!
Da mesma forma, a guerra do Iraque
teve duas “edições”, porque na primeira os aliados recusaram-se a fazer a coisa
certa, isto é, retirar o democida Sadam Hussein do poder.
Mesmo no Brasil, guardadas as
proporções, a oposição tacitamente fez um acordo com Lula e o PT, acreditando
que as revelações sobre o mensalão seriam suficientes; Diziam “- vamos deixá-lo sangrar...”, e o resultado
todos vimos, isto é, a absolvição dos mensaleiros do crime de formação de
quadrilha e muito pior do que isto, a instalação de um Supremo tribunal Revolucionário.
O sábio Imperador Dom Pedro
II jamais caiu nesta armadilha, porquanto não descansou até que o maluco Solano
López fosse preso ou morto.
Agora, vamos compreender a
crise ucraniana sobre o prisma histórico. Os leitores já ouviram falar do Holodomor?
Este termo, cunhado pelo escritor Oleksa Musienko, deriva da
expressão ucraniana 'Морити голодом' (moryty gholodom), tendo
como raíz etimológica as palavras holod (fome) e moryty (matar
através de privações, esfaimar), significando por isso "matar pela
fome", e designa o gigantesco
morticínio de mais de cinco milhões de cidadãos ucranianos pelo governo
comunista da União Soviética, sob mando de Josef Stálin, entre os anos de 1932
a 1933, que ordenou o confisco de toda a
produção agrícola e roupas de frio naquele país.
Outro
fato muito importante é uma informação erroneamente disseminada pela mídia engajada,
ao citar as regiões onde os habitantes de etnia russa se opõem ao movimento
rebelde ucraniano, bem como do presidente Vladimir Putin a declarar que usará a
força para protegê-los.
Durante
a vigência da União Soviética, milhões de ucranianos foram deportados para
outras regiões tais como a Sibéria, as mais das vezes individualmente – isto é,
evitando a concentração em comunidades - para que se extinguissem a sua etnia,
cultura e língua, ao mesmo tempo em que uma quantidade equivalente de russos
foram para lá instalados compulsoriamente, como uma medida cultural de ocupação.
Assim, não é verdade que as pessoas de etnia russa sejam habitantes naturais
daquelas regiões, assim como Putin jamais teve com elas qualquer consideração em
protegê-las, senão como usá-las como massa de manobra.
Quem
quiser conhecer mais sobre o Holodomor, as diversas investidas belicistas da
Rússia/União Sociética contra os ucranianos, sugiro conhecerem o belamente
ilustrado e informativo blog do amigo Anatoli Oliynik, Notícias da Ucrânia.
Como
vêem, as marcas no povo ucraniano são muito profundas para serem esquecidas. Com
muita razão, o povo ucraniano vem ansiando pelo modo de vida ocidental, com os
valores que o construíram, isto é, as garantias de liberdades individuais, estado de direito,
democracia e economia de mercado, de modo que qualquer composição com o governo
de Yanukovich apenas retardaria ou frustraria de vez tais esperanças, visto que
ele não passava de uma marionete da Rússia.
É certo que o Ocidente atual
está muito...como direi...boiola!, mas em qualquer processo de ruptura existem
os momentos críticos, e tais riscos existem.
O que me parece mais provável
é que a Ucrânia desta vez conseguirá sua liberdade e se integrará ao bloco
europeu, conquanto provavelmente perca a Criméia para a Rússia. Parece-me um
preço bem pago.
Pelo que consta no Plano do Clube de Roma interpretado pelo ministério Cutting Edge http://www.cuttingedge.org/news/n2363.cfm o que a Russia está fazendo é tentar anexar a Ucrania a Supernação 5, naquilo que seria um reajuste de 10 Supernações como mostra o mapa do link..O Senhor conhece este plano? Tem alguma consideração sobre isso?
ResponderExcluirSr. Romand,
ExcluirTenho tido conhecimento da doutrina eurasianista do "filósofo" Alexander Duguin, que andou apanhando em um debate com Olavo de Carvalho. Um artigo bem interessante está no Mídia sem Máscara: A Ameaça Eurasianista, em http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/15008-a-ameaca-eurasianista.html