sábado, 8 de março de 2014

TEXTO INTERATIVO: Marcelo Rubens Paiva: No tempo da Ditadura

Caros leitores, 

 
Estou inaugurando hoje uma nova sessão: os "TEXTOS INTERATIVOS", isto é, textos que os leitores são convidados a participar ativamente na forma de comentários, inclusive debatendo a partir dos comentários de outros leitores. A configuração dos comentários do blog está liberada. 

O artigo que trago aos leitores para esta edição é da autoria de Marcelo Rubens Paiva (Estadão), intitulado "No tempo da Ditadura", no qual perfila mentiras em penca sobre a ditadura militar e a esquerda. Oportunamente, vou escrever uma análise de media-watch sobre o assunto, e se houver comentários relevantes sobre o tema, os incluo com os créditos dos respectivos comentadores. Se alguém não quiser ter seu nome creditado, por favor, poste como "anônimo".
***

No tempo da ditadura

08 de março de 2014 | 2h 08

MARCELO RUBENS PAIVA - O Estado de S.Paulo
"Como é que a gente faz hoje quando entra num táxi e o motorista diz que tempos bons eram os da ditadura?", me perguntou o amigo Nirlando Beirão. Diz que:
No tempo da ditadura, a gente não podia escrever sobre o tempo da ditadura, nem qualificar o regime como uma ditadura. No tempo da ditadura, em vez de uma análise crítica sobre a ditadura, digo regime, neste espaço teria um poema de Camões ou uma receita de bolo, pois seria censurada.
Todo mundo que era contra a ditadura era comunista. Todos se tornaram suspeitos, subversivos em potencial. E muitos que, em 1964, conspiraram com os militares, na missão de impedir que comunistas tomassem o poder, e o Brasil se transformasse numa diabólica ditadura do proletário, perceberam a manobra e foram depois acusados de ligações com comunistas.

No primeiro ato da ditadura, o AI-1 (Ato Institucional Número 1), baixado pela Junta Militar em 9 de abril de 1964, cassaram os opositores dos comunistas, os trabalhistas: João Goulart, Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, parte da bancada do PTB, partido fundado por Getúlio Vargas, como Almino Afonso e meu pai, Jânio Quadros, Miguel Arraes, o deputado católico Plínio de Arruda Sampaio, o economista Celso Furtado, o jornalista Samuel Weiner, até o presidente da Petrobrás, marechal Osvino Alves. Nenhum deles era comunista.
Entre outros cassados, estavam membros da corporação que mais perseguições sofreu durante a ditadura: os próprios militares, como o general de brigada Assis Brasil, o chefe do Gabinete Militar Luís Tavares da Cunha Melo e os almirantes Cândido de Aragão e Araújo Suzano. Milhares de oficiais foram expulsos das Forças Armadas durante a ditadura.
Bem antes ditadura, o PCB (Partido Comunista do Brasil) já era ilegal, e seus líderes, eles, sim, comunistas, viviam na clandestinidade. A intenção do Golpe de 64 era impedir o avanço comunista no Brasil e restaurar a democracia em dois anos. Não demorou muito, o ex-presidente Juscelino Kubitschek, candidato à reeleição, foi cassado acusado de corrupção e colaborar com comunistas.
No primeiro teste eleitoral, em 1965, não foram eleitos os candidatos dos militares em Minas Gerais e Guanabara. Baixaram o AI-2 (Ato Institucional Número Dois). Partidos políticos foram extintos. Poder Judiciário sofreu intervenção. Foram reabertos processos de cassação. Carlos Lacerda, então aliado, dormiu conspirador e acordou subversivo.
O novo partido da situação, Arena, não engrenava. Iria ser derrotado nos Estados mais populosos. A paciência dos militares se esgotou: o AI-3 foi baixado em 1966, determinando que eleição de governadores seria indireta, executada por colégios eleitorais, e prefeitos das capitais, estâncias e cidades de segurança nacional seriam nomeados.
O AI-4, de 1966, revogou definitivamente a Constituição de 1946 e proclamou outra. O AI-5, de 1968, suspendeu as garantias constitucionais da Constituição que tinham acabado de promulgar. Despachos da Presidência de República passaram a valer mais que leis. Congresso, Assembleias Legislativas e Câmaras dos Vereadores foram fechados por um ano. O presidente podia decretar intervenção de Estados e Municípios. Estavam proibidas atividades e manifestação de natureza política e suspenso o direito de habeas corpus.
Finalmente, parte da sociedade civil que apoiou o Golpe percebeu que militares não sabiam negociar nem ser contrariados. Não têm intimidades com jogo político. Na essência, não praticam a democracia: obedecem sem questionar a um comando, uma hierarquia imposta de cima para baixo.
Foram acusados de comunistas os subversivos dom Elder Câmara, dom Pedro Casaldáliga e dom Paulo Evaristo Arns, que se encontrara em 1964 em Três Rios com tropas do general Olímpio Mourão Filho, deflagrador do Golpe, para oferecer assistência religiosa.
Nos tempos da ditadura, não se discutiam os grandes investimentos. Militares construíram uma usina nuclear com tecnologia obsoleta, numa região de difícil evacuação, e duas estradas paralelas ao Rio Amazonas, a Transamazônica e a Perimetral Norte, que foram tomadas pela floresta anos depois, devastando nações indígenas. Estatizaram companhias telefônicas e de energia. Colaboraram para o desmantelamento da malha ferroviária brasileira.
Editores de livros, como Ênio da Silveira, foram presos. Jornalistas, como toda a redação do Pasquim, entre eles, Paulo Francis, foram presos. Até um escritor no início simpático ao Golpe, como Rubem Fonseca, foi censurado. Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos e expulsos do Brasil. Raul Seixas foi convidado a se retirar, depois de ironizar o regime com "sou a mosca que pousou na sua sopa". Chico Buarque se exilou. Teatros foram depredados, atores espancados. Parte da classe teatral, como Zé Celso e Boal, foi embora. Glauber Rocha também se mandou.
O contrabando e o jogo do bicho se associaram a agentes da repressão e se fortaleceram. O crime organizado nasceu. A promiscuidade entre polícia e bandido, tema do filme Lúcio Flávio (Babenco), se consolidou na ditadura, que promoveu e anistiou depois torturadores. O Comando Vermelho surgiu num presídio da ditadura.
Ao terminar em março de 1985, a ditadura deixou uma inflação que virou hiper (a acumulada de 1984 foi de 223,90%), uma moeda desvalorizada (um dólar valia 4.160 cruzeiros), uma dívida externa que nos levou à moratória (FMI suspendeu em fevereiro de 1985 o crédito ao Brasil, que não cumpria as metas depois de sete tentativas). Outra herança: desmantelamento do ensino público.
O Brasil é governado há 20 anos por três subversivos acusados de comunistas pela ditadura: FHC, ex-professor da USP cassado e exilado, Lula, sindicalista cassado e preso, e Dilma, terrorista acusada de liderar uma organização clandestina que praticava a luta armada. Líderes do antigo PCB fundaram o PPS. Todos estão na legalidade e participam da vida democrática, como o PCB e seu racha, o PCdoB, parte da base aliada.
O Brasil talvez tenha sido vítima de uma das maiores farsas da História: nunca correu o risco de virar comunista.




17 comentários:

  1. Meus parabéns para esquerda brasileira, pois ela conseguiu me iludir com as suas mentiras por um bom tempo. Mas todas as mentiras são perecíveis e o prazo de validade esquerdista com todas as sua anedotas borradas de coitadismo, vitimismo, relativismo e etc-ismos fajutos já está com os dias contados. Anon, SSXXI

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Excelente, Anon. Mas vc quis dizer o que, mesmo?

      Excluir
  2. Nasci em 1954, portanto, vivi os chamados "anos de chumbo" até alguns anos após a faculdade. O texto acima enumera os acontecimentos negativos do período. OK, concordo que era um regime de força bruta e que na grande maioria das vezes usavam dessa força, pois em minha família acompanhei o caso de um tio que era comunista de primeira hora. Agora, analisemos a situação pós diretas já:
    Segurança pública: não haveria espaço aqui para comentar a situação do salve-se quem puder que hoje vivemos.
    Saúde: é só percorrer os hospitais públicos e constatar a tragédia.
    Educação: temos as piores colocações internacionais e o governo preocupado em ensinar que homossexualismo é bacana.
    Economia: para um gigante que já estava em 7º lugar no mundo, voltar para o 10º e que se não fossem as barreiras protecionistas poderia estar em 5º ou até 4º, hoje, a participação do Brasil na economia global não passa de 1,5%
    Liberdades individuais: realmente, estas aumentaram, do contrário eu nem poderia estar fazendo estes comentários, porém, o excesso de burocracia, que sustenta a máquina estatal, o empreguismo, o custo Brasil, diminuem drasticamente as vantagens que essa liberdade poderia proporcionar.
    Resumindo: nós, como povo, fazendo uma autoanálise, poderíamos perguntar se realmente estamos melhor ou pior, pois de uma forma ou outra, estamos vivendo sim, uma real ditadura de esquerda, em que pese, esquerda, direita, centro, nem existirem mais da forma como era antigamente, não existe ideologia alguma é cada um por si, caciques e políticos do PT fazendo alianças com as figuras mais sórdidas e odiadas em nome da perpetuação do poder, ajudas a outros países simpáticos à politica Bolivariana, enquanto o Brasil tanto necessita de recursos bem aplicados.
    É muito discutível se houve ganho para o país.

    ResponderExcluir
  3. Esta história contada por Marcelo Rubens Paiva está muito resumida e simplificada a seu gosto. Não pode ser assim. A história para que todos conheçam tem que relatar as ações terroristas que impuseram a decretação do AI-5. Os sequestros de embaixadores, assaltos a residências, bancos e supermercados, os assassinatos de autoria dos terroristas, etc, etc. Existem no youtube depoimentos de membros das comissões terroristas de justiçamento mandando matar sem o menor constrangimento (assassinato de Boilesen). O terrorismo no final dos anos 60 e início dos anos 70 tinha que ser exterminado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Claro que esta resumida. Mas vc pode ir a uma livraria comprar outros livros. Ha dezenas de livros que versam sobre o periodo da ditadura. Mas claro que vc pode deixar isso pra la, e continuar acreditando que o AI5 foi necessario, em Papai Noel, em Saci Perere...

      Excluir
  4. O texto acima escrito é bastante revelador acerca da moral que fundamenta as"vidas" daqueles que possuem a mentalidade revolucionária: mentir, destruir e matar são atividades inerentes e permanentes de homens e mulheres que se crêem possuidores das "virtudes" de melhorar a humanidade, sociedade, etc.

    Somente sendo idiota útil ou canalha para olhar o mundo que vivemos (sociedade brasileira e da América do Sul e ter um devaneio que que avançamos como cidadãos (uma cultura psicopática e delinquentes da pior estirpe ocupando posições essenciais do estado vêm destruindo cultura, moral, inteligência, patrimônios e vidas humanas)...

    A História não é patrimônio de delinquentes nem tampouco fruto da imaginação e ações de psicopatas "comissão, nem tampouco "comissários da verdade" conseguirão aplacar a verdade que é filha do tempo e não do totalitarismo da corja de bandidos que nos assaltam, pervertem e matam

    eles entrarão para a História como: nunca na istória desçe paiz houve tanto assassino, ladrão, pervertido moral, idiota, mentiroso, canalha. Vocês ensinarão ao mundo como se destrói, corrompe, mente, assassina...

    ResponderExcluir
  5. Esse moleque é doente da cabeça. Desculpe-me Klauber, mas só consegui ler duas linhas...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ha muitos professores de portugues a disposicao. Quem sabe com algumas aulas voce consiga ler e entender o resto do texto...

      Excluir
  6. O espaço é pequeno para botar os pingos nos ii sobre o texto desse palhaço mentiroso.
    Mas já que a coisa é assim, eu pergunto: Que ditadura? ... Isso mesmo.
    Alguém aí conhece uma ditadura com partido de oposição?
    O MDB era oposição tanto que essa turma hoje no poder esquerdista estava toda lá.
    Agora me mostrem qual é o partido de oposição em Cuba?
    E no Brasil há algum partido de oposição? O PSDB? Faz-me rir!
    Nos "anos de chumbo", os comunistas diziam em tom de pilhéria que comunista comia criancinha, para dizer que o medo era infundado. E hoje eu digo: comunista come criancinha sim, pois depois do feminismo e do gayzismo, estão preparando a legalização da pedofilia.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isso mesmo! Mas me diga: o que voce bebeu hoje? Sobrou um pouco pra mim?

      Excluir
  7. amais li um artigo com tanta desinformação por linha, quanto o publicado por este jornal no dia 8 de março próximo passado, de autoria do Sr Marcelo Rubens Paiva. Desde o primeiro até o último parágrafo, as recentes abordagens feitas por outros articulistas e pesquisadores isentos desmentem-no passo a passo, em todos os aspectos. A reação democrática de 31 de março de 1964 e o regime de exceção que durou até 1985 permitiram ao Brasil um salto qualitativo em todos os campos, político, econômico, psicossocial, cultural e tecnológico, em ordem, sem atropelos. Ou melhor, só duas adversidades permearam o regime de exceção: a primeira, ainda em 1966 quando as entidades de esquerda resolveram partir para a luta armada. A reação desencadeou uma guerra interna que atrasou a redemocratização. A segunda, os choques do petróleo que abalaram um pouco o salto e a recuperação econômica. Afinal, na década de 70 do passado crescíamos a taxas de dar inveja aos chineses hoje. O taxista e muitos outros brasileiros pensam e têm razão. O regime de exceção deixou mutas saudades. Pena que não voltem mais.

    ResponderExcluir
  8. Fiquei com esse texto na cabeça...Respondendo ao primeiro item que entendi cretino: a ditadura associou-se ao crime organizado? E o quê esse rapaz tem a dizer das relações do PT com as FARC? E quanto ao PCC pedindo votos para José Genoíno? Quem gosta de bandido é a esquerda. Que o diga a Benedita da Silva.

    ResponderExcluir
  9. Alguém ainda acredita na inocência dos esquerdopatas - Brizola, Fidel Castro, Guevara e companhia? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fale-me mais do Brizola. Que vc sabe dele? Formacao, carreira politica, etc? E do Guevara? Que vc sabe dele? Fora ser o "ditador assassino" de Cuba, o que mais vc sabe dobre a historia de Fidel?

      Excluir

Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.