Falácias marxistas: o exército industrial de reserva
Imagine um mercado de limões. O preço do limão é determinado de acordo com a oferta e a demanda. Se a oferta aumenta, o preço cai. Se a oferta diminui, o preço sobe. Digamos que o preço de equilíbrio seja quatro reais o quilo. Para esse preço, não existe excesso nem de oferta, nem de demanda. Suponhamos agora que o governo, para favorecer os consumidores, estipule um preço de três reais o quilo. Qual será o resultado? Haverá escassez de limões no mercado. Imagine agora o contrário. O governo, para favorecer os produtores, tabele o preço do limão em cinco reais. O que vai acontecer? Haverá excesso de oferta, irão sobrar limões no mercado. Qual lição podemos tirar desse exemplo tão simples? Fácil, que os preços, salvo algumas exceções, devem se formar no mercado.
Esse exemplo, tão singelo, serve também para o mercado de trabalho? Sim, o mercado de trabalho não é muito diferente do mercado de limões. Oferta e demanda se ajustam em um preço de equilíbrio. O desemprego somente vai ocorrer se houver intervenção nesse mercado – seja do governo, seja dos sindicatos. Resumindo, o desemprego persistente tem sempre uma natureza institucional.
Vamos em frente. Avanço tecnológico gera desemprego? Se você respondeu sim, sugiro que volte e comece a ler o texto desde o início. A tecnologia gera transformações no mercado de trabalho, mas não desemprego. Por exemplo, até meados dos anos 1950, a maior parte da população brasileira vivia no campo. Com a mecanização da lavoura, essa mão-de-obra se deslocou para a indústria. E, posteriormente, com o avanço da automação e da robótica, os trabalhadores começaram a migrar da indústria para o setor de serviços.
Eu poderia dar vários exemplos aqui, mas vamos ficar com somente um. Como o avanço da informática impactou o mercado de trabalho? Ele criou mais postos de trabalho ou diminuiu? O avanço da tecnologia funciona sempre da mesma forma. Ele aumenta a demanda por mão-de-obra mais qualificada e diminui a demanda por mão-de-obra pouco qualificada. Com o desenvolvimento da informática, surgiu uma demanda por novos profissionais: programadores, técnicos e analistas. Por outro lado, diminuiu sensivelmente a demanda por datilógrafos e auxiliares de escritórios.
No século XIX, Karl Marx disse que o avanço da maquinaria, ou a substituição do homem pela máquina, gerava um excedente de desempregados, que ele chamou de exército industrial de reserva. Ou seja, o capitalismo, pela sua própria natureza, cria um contingente de trabalhadores inativos. Esse exército de desempregados faz com que os salários permaneçam baixos e inibe os trabalhadores empregados de reivindicarem aumentos.
Essa compreensão acerca do funcionamento de uma economia de mercado é muito tosca, mesmo levando-se em consideração a época em que Marx viveu. Não sabemos nem nunca saberemos se Marx de fato acreditava nessa tolice ou se queria ardilosamente, por meio dela, insuflar trabalhadores numa luta contra o capitalismo.
O avanço da tecnologia – ou, a substituição do homem pela máquina – não gera desemprego. Todo desemprego é gerado por normas intervencionistas elaboradas pelo governo ou pelos sindicatos.
Por incrível que pareça, a teoria de um exército industrial de reserva, de tão fácil refutação, atravessou séculos e continua viva até hoje, em pleno século XXI. Socialistas ainda costumam dizer que os trabalhadores ganham pouco porque o capitalismo gera um contingente de trabalhadores desempregados. É incrível a capacidade que o ser humano tem de criar suas próprias fantasias e acreditar nelas. Que realidade mais azeda essa! Tão azeda quanto um limão.
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