quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Contradição velhaca

Por Armando Soares



                O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, portanto o governo brasileiro publicou que o crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2015 (jan-março) foi de -0,2%, enquanto o da agropecuária foi +4,7%; a criação de postos de trabalho (Fonte CAGED), janeiro a junho foi -278 mil, enquanto a do setor agropecuário foi +31 mil. Como se pode admitir que um setor com esta performance possa ser permanentemente perseguido na Amazônia, com destaque para o Pará, por organismos ambientais federais, estaduais e municipais? A isso chamamos contradição velhaca. Contradição porque demonstra por parte do governo total incoerência de ações que vão contra os interesses do país. Contradição por se tratar de um desequilíbrio de comportamento nocivo inexplicável, ou explicável se o objetivo do governo é implodir células produtivas agropecuárias, verdade que impediria o desenvolvimento do Pará e o equilíbrio fiscal. Porque perseguir um setor que sustenta o PIB e o emprego com medidas ambientais nocivas diante de numa crise econômica e social inédita no Brasil? Loucura, incompetência ou grandes interesses econômicos escondidos atrás da máscara ambientalista? O governo está diante de uma encruzilhada que explica a causa principal de seus problemas econômicos. Se apoiar o setor agropecuário que vem sustentado o PIB e o emprego, deixa de contribuir para os ganhos dos negócios ambientais; se impõe travas ambientais mata a célula agropecuária e com ela a economia do Estado. A realidade é que a opção do governo é matar a célula agropecuária e não tem como sustentar seus gastos e investimentos, o que leva a pedir permanentemente socorro à União e a empréstimos que oneram os cofres públicos provocando mais aumentos de impostos e taxas. Com uma mão o governo exige sacrifícios da sociedade para regular seu caixa e favorecer os negócios ambientais, com outra mão quer destruir o setor agropecuário o alicerce que resta para sustentar a economia, verdadeiro samba de crioulo doido, um comportamento de insensatos ou loucos por dinheiro.

A luta do Brasil é contra o mal, contra a sombra que oculta à verdade. Luta contra a foice e o martelo. Luta contra a corrupção, o roubo. Luta contra a hipocrisia de estender a mão para pedir esmolas, que significa ser sustentado pelo Estado comunista. Luta contra o coletivismo nocivo retrógado. Luta contra o ambientalismo mercantilista cínico. Para manter essa podridão mercantilista ambiental o Pará, a Amazônia e o Brasil estão pagando um preço altíssimo e sacrificial, expresso no subdesenvolvimento, na perda de soberania e numa crise econômica cujas consequências econômicas e sociais são mais trágicas do que a lama que destruiu parte de Minas Gerais, tudo por responsabilidade do setor de meio ambiente que não atuou como devia para evitar o desastre. Para perseguir quem produz alimentos e desenvolvimento o setor ambiental tem eficiência, mas para prevenir catástrofes demonstra sua incompetência.



                Comparemos com o Brasil de hoje o cenário que descreve um romano ilustre sobre a política: “Os macios e pálidos senadores com suas togas colantes, comprando e vendendo em suas bolsas de ações, depois de uma longa manhã nos banhos, recuperando-se de uma noite de deboche e parcialmente restaurados por escravos hábeis que, com mãos lubrificadas, faziam massagem em seus músculos frouxos! Comprando e vendendo, - os cães gordos, - o que outros homens tinham dado a vida a fim de obter para Roma, e sacudindo lenços perfumados diante do rosto, enquanto regateavam e faziam lances, tentando cada qual ser mais esperto do que os outros. ... Os parasitas, os Augustais, que entravam e saiam do Palatino, tão aristocráticos como estátuas, com podridão em seus corpos e harpias nas mentes e traição e assassínios em suas almas astuciosas! As liteiras douradas, os moços escravos, tratados com mimos e mantidos com propósitos vergonhosos, a rapina e a licenciosidade de uma sociedade que fora outrora disciplinada, frugal, modesta e heroica, o lento desaparecimento de uma classe média sólida, um desaparecimento deliberadamente planejado! A cidade resplandecente, a amante do mundo, tornada um sumidouro de corrupção, traição, avidez, prazeres e decadência, uma fedentina de imundície da qual flutuavam as febres, as loucuras e as moléstias que estavam poluindo  os mais remotos pontos do Império! ... As turbas romanas, volúveis, sanguissedentas, impiedosas, ávidas, providas de muitas línguas! Quando outrora tinham vivido em sóbria e próspera cidadania, orgulhosas de seus antepassados fundadores, zelosas de sua República, encontrando sua integral razão de ser no trabalho, na família e em seus deuses, em seus lares tranquilos e nas sombras de suas árvores, agora viviam como variegada e rapace canalha das ruas, prontas a aclamar, prontas a matar, prontas a discutir e, da mesma forma, desprovidas de senso, prontas a aplaudir, aglomeradas em casas de muitos andares que pareciam desaguadouros, odiando o trabalho e preferindo mendigar, apelando permanentemente para o Estado, afim de que ele as mantenha, bajulando políticos vis que lhes davam vantagens e ameaçando os poucos homens honestos que se lhes opunham, pelo bem de Roma, e mesmo para seu próprio bem, pedindo perpetuamente pão e circo, procurando prazeres mesquinhos, adorando gladiadores estúpidos e prestando culto ao maior corredor ou ator, ou discóbolo, como se fossem eles os maiores homens, devorando, em sua ociosidade, as taxas esmagadoras impostas sobre homens mais dignos, taxas destinadas a mantê-las, quando o mundo bem poderia livrar-se delas pela fome ou pela pestilência – ah! As turbas romanas, as malditas turbas, senhores e escravos adequados de seus patronos, de seus políticos, dos arrecadadores de seus votos! Não era de admirar que houvesse tão poucos bons artesãos, comerciantes, trabalhadores e construtores, em Roma. O governo monstruoso sugava o fruto de seu labor sob a forma de taxas destinadas a uma canalha vociferante, devoradora, ociosa, mantida pelo Estado. Que importava ao homem da rua, ao homem objeto, de olhos exorbitados e boca aberta, o ter ele destruído o esplendor de Roma, difamado seus deuses, atirado excremento sobre as estátuas de seus antepassados? Não podia ele, agora, uivando e marcando paredes durante a noite, ou não podia assistir a espetáculos mais sangrentos no Circo Máximo? Os senhores valiam tanto quanto os escravos, e os escravos eram bem dignos de seus senhores.”



                E ainda se afirma que a história não se repete. Se a história descrita acima sobre Roma não é igual ao do Brasil atual, no mínimo se assemelha bastante. Basta que se tenha cuidado para colocar no devido lugar dos romanos a turba petista, a turba dos sem terra, a turba dos invasores de propriedades, os governantes, os políticos com mandato, os juízes, os petistas que odeiam a classe média e tudo fica igual. Turba mais Estado tirano ou do bem-estar mais corrupção mais pão e circo mais Circo Máximo ou Estádio de futebol mais Carnaval mais mentira é igual a desgoverno, a podridão moral e ética. A reversão desse cenário só no médio e longo prazo se assim quiser o povo brasileiro. A reversão não será sem dor ou sofrimento, tudo dependerá se a sociedade quiser transformar o Brasil de uma republiqueta numa verdadeira República afastando toda a canalhada. Não se pode construir uma nação com sanguessugas e com o maldito slogan “rouba, mas faz”, uma das “tradições” da política brasileira. É o governante “rouba, mas faz” que inexplicavelmente são os preferidos do povo. Quem assim pensa e age é um idiota e imoral e responsável por todos os males brasileiros. Com esse pensar idiota, o brasileiro tornou possível o PT tomar conta do poder e estraçalhar o país transformando-o num grande meretrício político e administrativo.

Armando Soares – economista


Soares é articulista de LIBERTATUM     
                 

  

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