Brasil e Suíça
por Vanderli Camorim
O futebol no Brasil é mais que paixão e esporte popular, é
politica também. Tem status de ministério. É um departamento do estado como
tivesse sido inventado por ele e que sem seu apoio não funcionaria. É
regulamentado completamente como qualquer departamento do estado. A hierarquia
é rígida como uma sociedade de casta. O torcedor tem direito e deveres que deve
observar. O dinheiro que o governo derrama nesta estrutura não é nada modesto e
supre a deficiência da bilheteria e outras fontes que alguns dizem não ser o
suficiente. Com tudo isso não é de estranhar que se torne um campo de disputa
de grupos de interesses particulares por seu controle. Suscita por isso críticas
variadas e ferrenhas.Embora sejam legítimas as críticas, nunca põe em
questionamento a essência do problema ficando sempre na superfície.
Podemos ver refletido isso em uma dessas críticas que se pode
encontrar em um vídeo bem criativo que corre nas redes sociais que narra um
fictício jogo entre o Brasil e suíça, o primeiro jogo dos dois na atual copa,quando
a suíça dá uma goleada no brasil com os seus índices sociais, econômico e
político, e enumera: corrupção, liberdade econômica, PIB, educação, impostos,
desemprego e violência.
Finaliza dizendo que o Brasil perde de goleada para a suíça,
mas que podemos virar este placar se na próxima eleição se renovarmos todos os
políticos.
É legitima a reclamação, mas cai no lugar comum que acha de
que bastaria uma mudança de nossos políticos por outros novinhos em folha para
que igualássemos a suíça nos tão almejados índices. É decerto uma visão bem
ingênua e muito popular, visto que o problema de fundo sequer é mencionado, a
não ser muito superficialmente contida no termo liberdade econômica.
É parte da propaganda socialista evitar, nesse caso, a
palavra capitalismo trocando sempre por um nome que o deixe na sombra, isto
quando não pode relacioná-lo a algo terrível, como uma peste.
O termo liberdade econômica não relacionado ao sistema
social do capitalismo parece como o produto de uma geração espontânea, ou que
dependa de um decreto ou vontade politica de um dirigente carismático, ou
qualquer autocrata,mesmo que seja escolhido ´pelo voto popular. Liberdade
econômica é fruto do capitalismo e seu corolário é a liberdade política e ambos
são indivisíveis.
Capitalismo por sua vez não é algo tangível, um prédio, uma
indústria nem uma empresa funcionando com a benevolência dos governantes, mas
um modo de pensar, algo intangível.
A industrialização que as pessoas identificam com o
progresso moderno e que tem trazido melhoria para tudo só é fruto das ideias, das
ideias liberais. Foram as ideias liberais que derrubaram as ideias
mercantilistas e assim tornou possível despertar o gênio criador do homem que adormecia
petrificado por velhos preconceitos e superstições, como a de que a máquina
gera desemprego, que o rico vive por explorar o pobre e que por isso o governo
tem que proteger com leis e a violência dos sindicatos, e etc. e que o
investimento estrangeiro é predador e usurpador da soberania nacional.
A suíça tem uma longa tradição de luta pela liberdade, como
a Holanda, a Inglaterra e os países nórdicos. Liberdade neste caso é a liberdade
do governo, de mantê-lo longe dos negócios, e restringi-los na sua esfera única
da segurança e da administração da justiça para a qual eles foram constituídos.
O homem de negócio, que pode ser um trabalhador que divisou uma oportunidade de
negócio e alcançou sucesso, não é um tirano que age como bem entende. Ele é
controlado pelo consumidor que se não aprovar o modo como age no mercado sem a
sabotagem do governo, pode manda-lo de volta para o fim da fila, tirando-o dos
negócios. Quantas empresas sumiram ou diminuíram de tamanho porque os
consumidores mudaram a sua preferencia?
A Holanda quando se livrou do julgo da Espanha se tornou o
primeiro país moderno a experimentar a liberdade. Sem o governo imperial ficou
por conta própria e abriu uma avenida que tornou a liberdade econômica
possível influenciando com seu exemplo varias países da Europa. Contaminou a Inglaterra
que logo deu um basta no rei e sua politica destruidora forçando a assinar a
contra gosto a carta magna. A suíça, pequenina, como os países nórdicos, acompanha
toda esta jornada. Não foi decerto uma façanha de políticos, mas de homens de
negócios que puderam criar o que se chama liberdade econômica.
Não é e nunca foi o caso do Brasil, uma cria de Portugal
aferrado no medievalismo, por natureza centralizadora, guerreiro, devorador de
impostos e por isso predador e inimigo do homem de negócio, a quem olha com
desconfiança e um depravado. Esta tradição foi passada pra o Brasil como a
sífilis que passa de pai para filho.
Se o brasileiro não quer mudar de mentalidade como mostra o
seu apreço por governo de quem tudo espera como um mendigo pela esmola e acha
que tudo pode mudar simplesmente mudando os governantes, então está condenada
ao eterno sofrimento da escravidão.
Não são os políticos que tem que mudar, mas a mentalidade.
Mudar por uma mentalidade capitalista.
O resto é papo furado.
O resto é papo furado.
Vanderli Camorim
vanderlicamorim@ig.com.br
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