Paul Krugman defende a expansão monetária inflacionista como solução para a Grécia. Entenda aqui as falácias do seu pensamento.
Por Klauber Cristofen Pires
Ontem fiz um sanduíche fantástico. Se
os leitores quiserem seguir a receita em casa, aí vai: bata uma nota
de R$ 5,00 no liquidificador e espalhe sobre as faces internas de
duas notas de R$ 2,00; enrole umas 4 ou 5 notas de R$ 1,00 e salpique
moedinhas de 5 e 10 centavos. Por fim, se você gosta de salada,
insira também algumas folhas de dólares.
Calma,
não
se arrisque a contrair algumas salmonelas e
estreptococos só por minha causa! Sei, está óbvio que se trata de
alguma ironia, mas acreditem...há, e como(!) idiotas que decidem
tomar as coisas ao pé da letra...
Quem seria capaz de tamanha estultice?
Paul Krugman, decerto. Perdão, corrigindo: os seus seguidores,
porque o próprio não é besta, não! Como costuma dizer meu querido
pai, “enquanto houver cavalo, São Jorge não anda a pé...”
Em seu artigo publicado no Estadão no
dia 28/02/2012, sob o título “O
que aflige a Europa”, o garoto-propaganda de Lord Keynes
recomenda aos europeus comerem sanduíche de papel-moeda: “Se
os países periféricos ainda tivessem suas próprias moedas, eles
poderiam usar a desvalorização para restaurar rapidamente a
competitividade – coisa que certamente fariam.”.
Em
outras palavras, Mr. Krugman sugere como solução praticar a
tributação oculta da desvalorização cambial, engatar a terceira
marcha e subir a rampa da hiperinflação, e faz isto mostrando a
língua para a austeridade fiscal da Alemanha, o país que no século
passado deu a conhecer ao mundo – com grande receptividade no
Brasil - as maravilhas da hiperinflação:
Basta
lermos um artigo opinativo sobre a Europa – ou, com frequência,
uma reportagem supostamente factual – para nos depararmos com uma
de duas histórias, um par que eu descreveria como a narrativa
republicana e a narrativa alemã. Nenhuma destas histórias
corresponde aos fatos.
…
A
seguir, a versão alemã, segundo a qual tudo não passa de uma
questão de irresponsabilidade fiscal. Esta história parece se
encaixar no caso grego, e só. A Itália apresentou déficits nos
anos anteriores à crise, mas estes foram apenas um pouco maiores do
que os apresentados pela Alemanha (a imensa dívida da Itália é um
legado de políticas irresponsáveis de muitos anos atrás). Os
déficits de Portugal eram significativamente menores, enquanto
Espanha e Irlanda chegavam a registrar superávits.
Ui! acho que mordi um caroço de azeitona
no meu sanduíche! Ah, não, era uma das moedinhas...nem me dei conta
que são de metal...Por falar em metal, aqui vai outra da
menina-dos-olhos dos banqueiros e governos:
Questão
monetária. Assim sendo, o que aflige a Europa? A verdade é que se
trata principalmente de uma questão monetária. Ao introduzir uma
moeda única desprovida das instituições necessárias para garantir
o funcionamento desta moeda, a Europa reinventou na prática os
defeitos do padrão ouro – defeitos que desempenharam um papel
importante ao precipitar e perpetuar a Grande Depressão.
Mais
especificamente, a criação do euro fomentou uma falsa sensação de
segurança entre os investidores privados, desencadeando imensos e
insustentáveis fluxos de capital destinados aos países de toda a
periferia europeia. Como consequência da entrada destes fluxos, os
custos e os preços aumentaram, a manufatura perdeu a
competitividade, e países que apresentavam uma balança comercial
relativamente equilibrada em 1999 começaram, em vez disso, a
acumular imensos déficits comerciais. Foi então que a música
parou.
O paralelo aqui apresentado não passa
das aparências. Em um sistema de padrão-ouro, os governos não têm
outra forma de tributar que não seja confiscando fisicamente o
lastro físico da riqueza dos contribuintes: nada de impressoras,
nada de expansão monetária inflacionista.
Desvalorizar a moeda não significa outra
coisa que diminuir o seu valor de compra. Ora, como pode ser
considerada como uma solução uma medida que empobrece que tenha tal
maldito dinheiro em mãos? Empobrecer é solução para quê?
Ademais, se o euro impossibilita aos
países periféricos fazerem uso da desvalorização cambial, que
repito, não é solução pra nada, ainda assim o euro não é imune
à expansão monetária, que pode muito bem começar a andar a um
passo mais acelerado se a moda de socorrer economias deficitárias
pegar de vez.
Por fim, vale lembrar de um detalhe
olvidado – ou escondido – pelo Nobel-economista: as reservas
fracionárias praticadas pelos bancos descentralizam a criação de
dinheiro a partir do nada, possibilitando a governos e indivíduos
tomarem as piores decisões econômicas que consomem as riquezas do
presente e do futuro. Mas, como disse seu mestre fabiano...No futuro
estarão todos mortos mesmo, não é? Aí estão os gregos,
matando-se uns aos outros...
Com o cinismo típico dos da sua estirpe,
Krugman se reporta aos críticos do estado de bem-estar social
mediante o apelo retórico da chantagem emocional da luta de classes:
A
versão republicana – ela consiste num dos temas centrais da
campanha de Mitt Romney – diz que a Europa está em má situação
porque fez demais para ajudar aos pobres e desafortunados, e que
estaríamos testemunhando os últimos estertores do Estado de bem
estar social.
Se
a essência do estado de bem-estar social se resumisse à ajuda aos
pobres, até que a conta seria pagável. No entanto, como dizia meu
falecido sogro...“Quem parte e reparte e não fica com a melhor
parte, é burro e não entende da arte.”. Ora, Sr Krugman, quem lhe
disse que são pobres e desafortunadas as parasitas que pululam nos
infindos órgãos criados com as finalidades mais bisonhas neste tipo
de organização social?
Endividamento
estatal desenfreado com uma manutenção caríssima da máquina
pública inchada e com o pagamento insustentável de aposentadorias,
pensões e benefícios; papel-moeda sem lastro; e reservas
fracionárias. Eis a causa da crise europeia.
Ninguém
come dinheiro, nem veste dinheiro, nem trata alguma doença com
dinheiro, nem mora em uma casa construída com cédulas. Comida,
roupas, remédios, moradia e todos os bens que conhecemos precisam
ser produzidos por alguém. Ninguém precisa ser um Nobel para
constatar algo tão óbvio.
A
Suécia e a Alemanha ainda estão aguentando o tranco porque se
industrializaram e capitalizaram-se fortemente nos tempos em que
ainda eram economias liberais. Esta importante informação também
foi sonegada aos leitores. Porém, a transformação gradual de suas
sociedades em social-democracias está a minar paulatinamente a
competividade, a criatividade, a produtividade. A Grécia, a exemplo
de outros países pequenos, por sua vez, produz pouca coisa além do
turismo e de alguma agricultura com razoável valor, como azeite de
oliva e pêssegos, o que não representa nenhuma surpresa que
sentisse por primeiro – porque mais vulnerável – os efeitos da
crise.
Antes
de finalizar este artigo, eu pediria o favor de alguém da editoria
do Estadão corrigir a tradução no cabeçalho da sua coluna, na
qual ele declara: “A consciência de um liberal”. Francamente,
desconheço se a intenção foi pegar o vácuo no próspero
renascimento do pensamento liberal no Brasil ou, vá lá, se é o
caso de creditarmos uma chance à ignorância dos profissionais -
diplomados – do jornalismo. Em qualquer caso, pelo menos aos meus
leitores, esclareço que Mr. Krugman não é um liberal, mas sim um
liberal,
assim, escrito em itálico, para evidenciar de que se trata de um
termo estrangeiro, cujo significado é o de ser adepto de teorias
socialistas.
Por
fim, justifico o título deste artigo por afirmar que o que aflige o
Brasil, para aproveitar o trocadilho com o título do sujeito aqui
analisado, é o fato de por décadas termos dados ouvidos às teorias
marxistas-keynesianistas das quais o Sr Krugman se faz laureado
porta-voz.
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