quinta-feira, 6 de março de 2014

Capitalismo consciente?

Estadão publica reportagem sobre supermercado que pratica "capitalismo consciente". O que será isso?

Por Klauber Cristofen Pires

Este meu narigão sente cheiro de presepada comunista-nom de longe! 

A Whole Foods é um supermercado fundado por um John Mackey, bacharel em filosofia e vegetariano. Sua loja especializou-se em fornecer alimentos considerados por ele como saudáveis, com ênfase no comércio de produtos locais e  e com embalagens, como direi....muito fofas! Ah, e tem mais: possivelmente você há de não reconhecer o gênero da pessoa que o atenderá. Não é tudo muito lindo?


Foi com este conceito que o nosso empreendedor achou que sabia tudo sobre o livre mercado e decidiu cunhar o termo  "capitalismo consciente". O que é, perdoem-me, mas a contar pela matéria, não entendi direito. Extraindo um trecho, deixo ao crivo dos leitores:

E os produtos? Já não bastassem serem bonitos, elegantes, e no caso dos alimentos, saborosos, muitos ainda trazem mensagens que nos obrigam a pensar na relação com nós mesmos, com a sociedade e com o meio ambiente.
Mais recentemente, John Mackey recuperou seu lado filósofo e criou um conceito que chamou de Capitalismo Consciente, que defende o que a Whole Foods faz na prática. Mais do que sugerir melhores práticas, o Capitalismo Consciente prega um pensamento mais profundo a respeito do capitalismo e seus impactos.
Ele acha que o motivo do se sucesso foi de ter pensado, citando um psicólogo que afirma que no geral, as pessoas são indispostas a pensar. Moral da história: chamou todos os outros empreendedores do mundo de vadios!...a não ser, é claro, que adotem as mesmas convicções que ele...

Eu adoro pensar, mas aquela história de "obrigar a pensar"...isto magoou, viu? Tenho trauma ainda hoje de quando eu era aluno interno do Colégio Militar de Manaus e o sargento, à tarde, nos punha trancados em uma sala para o "estudo obrigatório". Eu não conseguia estudar porque Manaus à tarde é incrivelmente quente e eu, um sulista recém-chegado à região, levei um bom tempo para me adaptar, mas falando sério, eu não estudava de propósito, somente pelo fato de o tal do estudo ser "obrigatório". Bom, eu estudava com afinco sim, mas só a partir do momento em que o sol baixava, e eu tomava um bom banho frio, quando então ficava até dez ou onze da noite sobre as minhas tarefas escolares. Terminei como tenente-coronel-aluno (o que significava ser o 3º da turma) , com o uniforme carregado de estrelas, divisas, e medalhas disto e daquilo, hehe...boas recordações, mas foi ali mesmo que percebi que minha disciplina militar era um tanto falha...talvez isto responda por eu ser hoje um blogueiro a defender as liberdades individuais. 

Mas vamos discutir "capitalismo". Pra começar, vamos trocar esse palavrão criado por Karl Marx, com toda a sua torta visão e os preconceitos que se ligam ao termo, por "sociedade livre"? Não fica bem mais exata a expressão, tanto quanto mais bela?

Então, como um adepto ardoroso de alimentos vegetarianos que sejam oriundos do comércio local, sem nenhum tipo de ingredientes artificiais e apresentados em embalagens pra lá de chiques, o Sr. John Mackey tem todo o direito de abrir um estabelecimento para atender ao seu público-alvo. O problema é entender que aí reside uma fórmula fechada de capitalismo, ôpa, perdoem-me, da sociedade livre.

A primeira coisa que eu perguntaria ao entrar nesta loja seria: Onde está a seção de carnes e cervejas? Tem picanha com aquelaaaa deliciosa capa de gordura? E costela? Tem?  Ou já não tenho mais o direito de escolher o que desejo comprar?

E, gente, aquele negócio de não saber se eu estou falando com um homem ou com uma mulher ou com um "ET"....fala sério, sou quadrado demais para estas modernidades! E posso até gostar de mulher, mas na hora de usar um banheiro público, prefiro as convenções clássicas!

Ademais, é bom demais valorizar a produção local...se esta for competitiva o bastante. Por exemplo, aqui em Belém, peixes são relativamente baratos, e legumes e verduras, relativamente caros. Isto tem explicação: as condições naturais. 

Ora, se é mais barato comprar tomate produzido em Goiás, porque devemos produzi-lo, mais caro, na região norte? Sempre que escolhemos pagar por um mesmo bem um preço mais caro, não estamos sendo ecologicamente corretos, pois os custos de produção nada mais são do que a aplicação de recursos escassos em investimentos menos rentáveis. Eu digo e afirmo: se você quiser ser ecologicamente correto, seja "economicamente correto".

Por outro lado, quando chega a época da Sexta-feira Santa, o governo do Pará sempre emite uma portaria proibindo a exportação de pescado para outros estados, sob o argumento de atender à demanda local e evitar o encarecimento do pescado. Tal medida, a meu ver, agride a soberania nacional, vez que o livre trânsito de pessoas, bens, mercadorias e serviços é o que caracteriza sermos um país de estado de direito. 

Além disso, a Constituição Federal possui diversos artigos os quais, quer do ponto de vista literal ou interpretativo, isto é, de acordo com o espírito da Carta Magna, repudia tal medida:

Art. 5ºXV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:...III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:...V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.


Enfim, prezados leitores, o que este Sr. John Mackey entende por capitalismo nem de longe se assemelha aos verdadeiros fundamentos da sociedade livre. Sua compreensão sobre este assunto mais se aproxima de outra deturpação conhecida como "comércio justo", que nada mais é do que a derrogação da livre e mutuamente benéfica livre negociação, a ser substituída pelo julgamento ideológico de uma só parte, em detrimento dos consumidores. Não é à toa que a contraparte do "comércio justo" seja o estreitamento brutal das escolhas deixadas à disposição dos consumidores. Sob uma sociedade de produtores, é claro que tais negócios sempre prosperarão!

Sua loja, Whole Foods, certamente deve ter sucesso entre vegetarianos com um bom padrão de renda, eis que apresentações e embalagens bonitinhas, assim como alimentos orgânicos, costumam custar (bem) mais caro. Todavia, daí a imaginar que tal fórmula deva ser prescrita para a população como um todo, eis aí um ato flagrante de pedantismo movido a ideologia com prazo de validade vencido.

2 comentários:

  1. Excelente ouvir comentarios, criticas e opiniões, mas importante conhecer um pouco mais. Apesar de John Mackey ser vegetarian, ele vende muita carne (desde carne de vaca tensa até boi feliz), vende vinho, bebidas alcoolicas em geral e em algumas lojas mais de 100 tipos diferentes de cerveja, inclusive artesanais. Wholefoods é visto nos Estado Unidos como Wholepaycheck - Salario Todo ( de tão caro que é) mas por outro lado não obriga ninguem a comprar dele e fatura 16 Bi de dollars ao ano. John acredita que o capitalism seja fundamentalmente ético pois é baseado na troca voluntária. Ninguem é obrigado a vender ou comprar nada de ninguem, diferente de sistemas socialistas que voce vende, compra e trabalha para o governo. Parabens, vamos falar e expresser nossas opiniões!

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    1. Gostei da resposta, vamos ter mais contribuições a esta conversa?

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