sexta-feira, 22 de maio de 2015

Estamos ficando mais pobres?

pobreCom preços em elevação, assim como a quantidade crescente de contas e impostos a pagar, os brasileiros vêm se sentindo com cada vez menos dinheiro para custear suas despesas rotineiras. Tal fato é evidente quando analisamos alguns últimos dados.
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O índice de confiança do consumidor mede as expectativas dos brasileiros em relação à situação geral do país, bem como em relação às condições presentes e futuras de sua família. Valores acima de 100 significam otimismo, ao passo que valores inferiores a tal número evidenciam que o consumidor está pessimista. Como é possível notar, a confiança do consumidor vem caindo vertiginosamente e alcançou o patamar de 101,6, em março.
Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE-FGV), que também possui um índice de confiança, tal queda se deve à deterioração do ambiente econômico. A elevação da taxa de juros, a escalada inflacionária, o aumento do desemprego e a queda do PIB fizeram com que os brasileiros ficassem menos confiantes.
A taxa de desemprego que vinha caindo nos últimos anos não apenas parou de cair, como também passou a subir. A indústria, que após 2009 passou a receber forte proteção contra a concorrência dos importados e incentivos bilionários do governo, demitiu, só em São Paulo, 128,5 mil pessoas.
O gráfico a seguir mostra que, após o país ter ficado durante um período vivendo o “pleno emprego”, a taxa vem subindo. Ou seja, o último pilar do atual governo está começando a apresentar grandes rachaduras.
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No longo prazo, a questão do desemprego pode ser ainda mais grave. Isso porque, devido ao crescimento da renda das famílias dos últimos anos, bem como uma quantidade maior de instrumentos do governo para incentivar o estudo (como o FIES, Pronatec e Prouni), os jovens puderam escolher estudar, ao invés de trabalhar.
Logo, existe uma boa quantidade de indivíduos que vêm se preparando para ingressar no mercado de trabalho. Entretanto, dado que a oferta de empregos está reduzindo, por conta da baixa atividade econômica, quando estes jovens começarem a procurar emprego, terão dificuldade de encontrá-lo, o que acabará por elevar a taxa de emprego nacional.
A questão da renda também é importante. Utilizando os dados do Banco Mundial, montei um gráfico com o crescimento do PIB per capita e da inflação acumulada, nos últimos anos.
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Em 2009, devido à queda do PIB, a variação renda per capita foi negativa. Contudo, após a recuperação da economia brasileira, essa variável voltou a subir, mas perdeu fôlego, após 2011. A inflação, por outro lado, não parou de crescer e está quase maior do que o crescimento do PIB per capita. Ou seja, o poder de compra das pessoas está caindo, o que é evidente quando analisamos o crescimento do consumo.
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Como é possível notar, o consumo vem crescendo mais devagar, o que corrobora o fato de que as famílias estão com um poder de compra cada vez menor. Essa tendência pode ser comprovada pelos baixos números de vendas no Natal, Dia das Mães e outras datas comerciais.
A queda da renda pode também ser vista quando analisamos o rendimento médio real dos brasileiros, que mede o comportamento dos salários reais. Como é possível notar, no gráfico a seguir, os salários reais estão caindo. Inflação em elevação e a baixa atividade econômica estão pressionando os rendimentos para baixo.
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Como é possível notar, o consumo vem crescendo mais devagar, o que corrobora o fato de que as famílias estão com um poder de compra cada vez menor. Essa tendência pode ser comprovada pelos baixos números de vendas no Natal, Dia das Mães e outras datas comerciais.
A queda da renda pode também ser vista quando analisamos o rendimento médio real dos brasileiros, que mede o comportamento dos salários reais. Como é possível notar, no gráfico a seguir, os salários reais estão caindo. Inflação em elevação e a baixa atividade econômica estão pressionando os rendimentos para baixo.
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Por mais que o Brasil tenha se metido em uma armadilha bastante complicada, é possível se livrar dela realizando reformas. No campo fiscal e monetário, o governo está fazendo a sua parte, o que ajuda a equilibrar as contas públicas, bem como no controle do processo inflacionário. Entretanto, ainda é necessário realizar reformas duras para atacar gargalos que nem mesmo as reformas que já estão em curso podem solucionar.
Produtividade
Quando as empresas conseguem elevar sua produção, dada mesma quantidade de fatores (trabalhadores, máquinas, etc.) dizemos que houve um aumento de produtividade. Há inúmeras maneiras de tornar uma firma mais produtiva: treinando os trabalhadores, empregando uma nova tecnologia, ou ferramenta de gestão.
No Brasil, a produtividade do trabalho (dos empregados) é baixa se comparada com a de nações vizinhas, bem como a dos Estados Unidos. Em relação à este país, 5 horas trabalhadas no Brasil equivalem a 1 hora trabalhada lá. Há inúmeras razões para isso: mão de obra com baixa qualificação, economia fechada (o que acaba por reduzir a concorrência entre empresas nacionais e estrangeiras), leis trabalhistas anacrônicas, etc.
Além disso, os salários vêm crescendo continuamente nos últimos anos, o que é algo ótimo. Entretanto, a produtividade não acompanhou tal movimento, elevando a inflação de preços. Isso porque, dado que os empresários têm que pagar salários cada vez maiores aos seus funcionários, mas estes não produzem mais, para que aquele não tenha perdas, o mesmo tem que elevar o preço dos seus produtos.
Caso os salários crescessem abaixo da produtividade ou até mesmo junto com ela, os preços não só seriam mais estáveis, como também poderiam cair com o passar dos anos. Tal relação é defendida pelo ex-primeiro-ministro e ministro da Economia da Alemanha Ocidental Ludwig Erhard. Em seu livro “Bem-Estar Para Todos” ele demonstra que existe uma relação negativa entre os índices de preços e de produtividade.
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Como realizar mudanças no sistema educacional é algo extremamente delicado do ponto de vista político, porém urgente, há outras maneiras de se levar a produtividade no Brasil, em um prazo mais curto.
A abertura econômica é algo que deveria ser feito o quanto antes. Por mais que no curto prazo inúmeras firmas acabassem por falir, dada a concorrência das empresas estrangeiras, posteriormente as remanescentes e as novas firmas que se instalariam seriam muito mais produtivas. Com o tempo, a mão de obra que ficou ociosa, durante o período de transição, seria absorvida.
Carga tributária e gastos públicos
Desde a redemocratização, os gastos públicos com o bem-estar da população vêm crescendo muito. O problema é que tais gastos não estão sendo realizados de maneira eficiente, ao passo que as demandas sociais por mais serviços “públicos, gratuitos e de qualidade” não param de crescer. O preço disso é uma carga tributária não apenas elevada, como crescente.
O dinheiro que poderia estar nas mãos dos empresários para realizar reformas que elevariam a produtividade acaba por ser destinado ao pagamento de impostos. Sem falar que as famílias ficam com menos renda disponível para consumir bens e serviços ou poupar. Ou seja, todos acabam ficando mais pobres, devido à tal subtração da renda.
Caberia à sociedade optar se é mais válido deixar que serviços que hoje estão nas mãos do Estado sejam prestados pela iniciativa privada. Tal mudança deveria ser acompanhada de um aumento da poupança das famílias, para que estas possam arcar com os custos de tais serviços. Vale ressaltar que, dado que empresas privadas (expostas constantemente à concorrência) os forneceriam, os preços tenderiam a cair e a qualidade aumentaria, no longo prazo.
Conclusão
Os brasileiros estão de fato ficando cada vez mais pobres. Com salários sendo corroídos pela inflação e pelos impostos, os indivíduos estão ficando com menos renda disponível. O risco em relação desemprego, que nos últimos anos parecia tão distante, parece algo cada vez mais real.
É imperativo, portanto, realizar duras reformas para que a economia volte a funcionar bem. Dessa forma, os preços ficarão estáveis e, com um ambiente mais propício à realização de negócios, as vagas de empregos voltarão a ser demandas pelo mercado. O problema é que, infelizmente, tal decisão está nas canetas dos burocratas em Brasília, que mal conseguem chegar a um acordo em relação à necessidade da implementação de um ajuste fiscal (que não é dos melhores).

Sobre o autor

Mateus Maciel
Acadêmico da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ. Colunista dos sites: Spotniks e Liberzone.
Fonte: Instituto Liberal

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