Abismo
criminoso
Por V.
Camorim
Sob este título a revista Isto É publica um artigo que tenta
explicar a falência da educação no Brasil, mas infelizmente não avança nada
embora haja literatura que explique tais descalabros de modo mais coerente, diferente
dos esforços daqueles que procuram a todo o momento simplesmente ignora-los para
passar a impressão de que esta é uma tarefa exclusiva do estado e que a
iniciativa privada é mera complementação.
Diz a revista:
“Foram divulgados na quarta-feira 5/08 de 2015 os
resultados do Enem de 2014. Mais uma vez revelou-se insatisfatório o nível da
educação na “pátria educadora”: redações fracas com erros grotescos, notas
piores em matemática e o ensino na rede pública em um patamar muito inferior em
relação ao das escolas particulares. É esse o antigo e criminoso abismo que
persiste no Brasil: de um lado jovens com famílias que têm condições sociais e
financeiras de arcarem com o alto custo dos colégios privados e, de outro,
aqueles que não possuem opção a não ser a das escolas públicas – e é importante
frisar que os únicos culpados por tal situação de estamentos educacionais, que
de antemão já coloca um futuro melhor para alguns, são os governos municipais,
estaduais e o federal. A questão não é “o rico contra o pobre”, como apregoam
políticos demagógicos, a questão é a inoperância dos poderes públicos em
melhorar de vez o ensino no País.”
Embora culpe os governos em suas devidas instancias por tal
fracasso não deixam, entretanto, de repetir a velha cantilena da inoperância do
poder publico, no caso, a pátria educadora. Ocorra o que ocorrer estes viciados
são incapazes de olhar para o outro lado: não se trata de inoperância do poder
publico, mas de gigantesca interferência deste. O que é o Enem senão um domínio
absoluto do governo neste setor que nos faz lembrar a educação da velha ex-URSS
que de podre se esfacelou?
Não é que o estado, município ou mesmo a união seja proibida
de se imiscuir nesta tarefa. É que não conseguira competir com os particulares,
com a iniciativa privada, e possa oferecer tais serviços com qualidade e menor
preço e muito menos isento de distorções indecorosas. Dificilmente o estado pode
se colocar neutro na questão do ensino das ciências, pois sempre e sempre
sofrerá a influencia da ideologia politica do partido que está no poder
transformando inevitavelmente a educação em doutrinação. E não adianta querer
mudar este panorama por dentro, como quer a Escola Sem Partido.
Com o governo
se imiscuindo na educação não há como escapar da pratica de malversação de
recursos, do seu direcionamento político, da inevitável corrupção, da
degradação da educação enfim, pois a ciência é trocada ou enxertada por
preconceitos ideológicos e partidários, tendo como conseqüência o seu declínio
e desapreço tornando-se inclusive compulsório como meio de evitar a evasão
escolar, uma das evidências de seu rotundo fracasso.
A intromissão do governo na educação tem como uma de suas
desculpas,o preconceito de que é nojento se lucrar com este item tão nobre que
não cabe a sua nomeação espúria de mercadoria.
Claro que se contradizem quando a maior parte da verba destinada a
educação vai pra o pagamento dos professores, os que mais lucram com a educação
estatizada. É uma soberba ignorância. Sendo a educação um
bem que todos identificam como algo extremamente desejável com que se aumenta o
próprio bem estar e eleva o seu padrão de vida, a tendência é que as pessoas façam
todo esforço possível pra tê-lo. Se ele dá valor a este item, fará o possível
para conquista-lo, estará sempre disposto a pagar pelo seu preço. Por outro
lado aqueles que veem neste nicho uma oportunidade de negócio procurarão ofertá-lo
e a concorrência entre os que podem fornecer este serviço fará surgir instituição
de ensino para todos os gostos, qualidade e preço, sem contar a agilidade como
é elaborado no seu ajuste às necessidade da vida, diferente do governo que afogado
em regulações e medidas burocráticas torna incapaz de acompanhar a dinâmica e a
exigência de um assunto em constante mudança.
Na verdade o abismo perigoso é alimentado por tal modo de
pensar que longe de tratar a questão como ela deve ser tratada, escamoteia o
fato de que a educação é um serviço ou bem extremamente desejável, condição de
natureza humana e do seu progresso e que a presença do governo só a reduz tornando-a
critica, pois sua função não é outra senão a da produção da segurança devendo se
abstiver da atividade econômica. O governo sempre será despesa dos cidadãos,
como quem paga o guarda noturno, nunca um agente promotor de desenvolvimento
econômico. A educação quer queira ou não é uma mercadoria, tem preço e pertence
ao reino da atividade econômica.
V. Camorim.
08/08/2015
Camorim é articulista de LIBERTATUM
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