domingo, 9 de agosto de 2015

Abismo criminoso

Por V. Camorim

Sob este título a revista Isto É publica um artigo que tenta explicar a falência da educação no Brasil, mas infelizmente não avança nada embora haja literatura que explique tais descalabros de modo mais coerente, diferente dos esforços daqueles que procuram a todo o momento simplesmente ignora-los para passar a impressão de que esta é uma tarefa exclusiva do estado e que a iniciativa privada é mera complementação.

Diz a revista:

“Foram divulgados na quarta-feira 5/08 de 2015 os resultados do Enem de 2014. Mais uma vez revelou-se insatisfatório o nível da educação na “pátria educadora”: redações fracas com erros grotescos, notas piores em matemática e o ensino na rede pública em um patamar muito inferior em relação ao das escolas particulares. É esse o antigo e criminoso abismo que persiste no Brasil: de um lado jovens com famílias que têm condições sociais e financeiras de arcarem com o alto custo dos colégios privados e, de outro, aqueles que não possuem opção a não ser a das escolas públicas – e é importante frisar que os únicos culpados por tal situação de estamentos educacionais, que de antemão já coloca um futuro melhor para alguns, são os governos municipais, estaduais e o federal. A questão não é “o rico contra o pobre”, como apregoam políticos demagógicos, a questão é a inoperância dos poderes públicos em melhorar de vez o ensino no País.”

Embora culpe os governos em suas devidas instancias por tal fracasso não deixam, entretanto, de repetir a velha cantilena da inoperância do poder publico, no caso, a pátria educadora. Ocorra o que ocorrer estes viciados são incapazes de olhar para o outro lado: não se trata de inoperância do poder publico, mas de gigantesca interferência deste. O que é o Enem senão um domínio absoluto do governo neste setor que nos faz lembrar a educação da velha ex-URSS que de podre se esfacelou?

Não é que o estado, município ou mesmo a união seja proibida de se imiscuir nesta tarefa. É que não conseguira competir com os particulares, com a iniciativa privada, e possa oferecer tais serviços com qualidade e menor preço e muito menos isento de distorções indecorosas. Dificilmente o estado pode se colocar neutro na questão do ensino das ciências, pois sempre e sempre sofrerá a influencia da ideologia politica do partido que está no poder transformando inevitavelmente a educação em doutrinação. E não adianta querer mudar este panorama por dentro, como quer a Escola Sem Partido. 

Com o governo se imiscuindo na educação não há como escapar da pratica de malversação de recursos, do seu direcionamento político, da inevitável corrupção, da degradação da educação enfim, pois a ciência é trocada ou enxertada por preconceitos ideológicos e partidários, tendo como conseqüência o seu declínio e desapreço tornando-se inclusive compulsório como meio de evitar a evasão escolar, uma das evidências de seu rotundo fracasso.

A intromissão do governo na educação tem como uma de suas desculpas,o preconceito de que é nojento se lucrar com este item tão nobre que não cabe a sua nomeação espúria de mercadoria.  Claro que se contradizem quando a maior parte da verba destinada a educação vai pra o pagamento dos professores, os que mais lucram com a educação estatizada. É uma soberba ignorância. Sendo a educação um bem que todos identificam como algo extremamente desejável com que se aumenta o próprio bem estar e eleva o seu padrão de vida, a tendência é que as pessoas façam todo esforço possível pra tê-lo. Se ele dá valor a este item, fará o possível para conquista-lo, estará sempre disposto a pagar pelo seu preço. Por outro lado aqueles que veem neste nicho uma oportunidade de negócio procurarão ofertá-lo e a concorrência entre os que podem fornecer este serviço fará surgir instituição de ensino para todos os gostos, qualidade e preço, sem contar a agilidade como é elaborado no seu ajuste às necessidade da vida, diferente do governo que afogado em regulações e medidas burocráticas torna incapaz de acompanhar a dinâmica e a exigência de um assunto em constante mudança.

Na verdade o abismo perigoso é alimentado por tal modo de pensar que longe de tratar a questão como ela deve ser tratada, escamoteia o fato de que a educação é um serviço ou bem extremamente desejável, condição de natureza humana e do seu progresso e que a presença do governo só a reduz tornando-a critica, pois sua função não é outra senão a da produção da segurança devendo se abstiver da atividade econômica. O governo sempre será despesa dos cidadãos, como quem paga o guarda noturno, nunca um agente promotor de desenvolvimento econômico. A educação quer queira ou não é uma mercadoria, tem preço e pertence ao reino da atividade econômica.

V. Camorim.
08/08/2015


Camorim é articulista de LIBERTATUM

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