terça-feira, 22 de setembro de 2015

Artistas: A categoria mais corrupta da sociedade

artista
Sempre me lembro da primeira vez que tive contato com um artista, Kleber Galveas, pintor capixaba. Fui muito bem recebido. Ouvi dicas sobre materiais, técnicas e estilos, porém, o que mais me marcou foram suas palavras a respeito do papel do artista na sociedade.
“O médico salva vidas todos os dias, mesmo assim, poucos vão até ele lhe agradecer. Ninguém quer saber a opinião dele sobre o mundo. A sociedade só quer que ele faça seu trabalho”, disse, e prosseguiu… “ao mesmo tempo em que o artista detém a atenção da maior parte das pessoas. Todos querem saber sua opinião sobre tudo. Por isso é sua obrigação denunciar o que enxerga de errado. Quer ganhar dinheiro, então ganhe de forma honrada, sendo crítico, não se calando diante dos absurdos do mundo”. Como se fosse pouco, finalizou dizendo que “uma das piores formas de corrupção é a conivência de um artista”.
De fato, Kleber Galveas era tudo aquilo que ele cobrava que os outros fossem. Minha admiração e agradecimento por sua boa influência é tão grande que fazem mais de 10 anos que parei de acompanhar suas publicações para não correr o risco de me decepcionar.
Daquela conversa até os dias de hoje, muita coisa aconteceu em minha vida e no Brasil, o que me levou a uma dolorosa conclusão: Que os artistas são a categoria mais corrupta da sociedade – as exceções que falem por si. Políticos são exatamente o que a maioria das pessoas enxerga, enquanto os artistas são exatamente o oposto daquilo que as pessoas acreditam que eles sejam.
Não houve, na história da humanidade, sequer um regime totalitário que não tenha contado com o apoio de grande parte dos artistas.
Sou do tempo − um tempo cada vez mais esquecido − em que a grande maioria dos artistas brasileiros criticava, acusava, ridicularizava e hostilizava o governo. Um tempo em que os artistas se diziam indignados com a pobreza, com a violência, com o desperdício de dinheiro público, com a corrupção, com os privilégios dos políticos, com o aparelhamento do Estado e com as ameaças à liberdade de expressão. Cá estamos…
O silêncio de uns e o apoio de tantos artistas ao atual governo nos daria a certeza de que o Brasil se transformou num país maravilhosamente desenvolvido se não fosse a realidade à nossa volta. Uma realidade que deveria provocar em todo cidadão algumas perguntas: Por que a maioria dos artistas apoia um governo tão criminoso? Por que os mesmos artistas que já “lutaram” contra a ditadura brasileira, apoiam a ditadura cubana e venezuelana? Por que os mesmos artistas que apoiam partidos que têm como referência as ideias de ditadores sanguinários como Lenin discursam em favor da liberdade?
Respondo: Porque a grande maioria dos artistas não se guia por princípios de honestidade, de coerência ou de respeito à liberdade e aos esforços das outras pessoas. Seu princípio se entrelaça ao ideal socialista que diz que uns devem trabalhar em função de outros, no caso, que a sociedade deve trabalhar para manter a produção, a vida e os prazeres dos artistas; porque eles se enxergam seres especiais, iluminados, os personagens mais importantes da sociedade. O apoio que manifestam a um governo é diretamente proporcional à expectativa de conseguir desse mesmo governo o financiamento para seus projetos, cujos fins não têm nada de semelhante com o altruísmo que pregam. Artistas rejeitam a possibilidade de estarem sob um governo realmente liberal porque sabem que seriam obrigados a captar recursos na sociedade, no mercado, o que para eles seria uma grande humilhação.
Enquanto pessoas comuns precisam trabalhar duro para conseguir o que desejam, artistas investem no discurso socialista como meio de ser reconhecido como um agente publicitário do Estado. Quando dizem “arte pela arte”, na verdade estão dizendo “arte pela arte com o dinheiro da sociedade, por meio do Estado”, independentemente se o trabalho de cada um agrada ou não o grande público.
Explica-se assim a íntima relação entre eles e os intelectuais. Ambos engajam-se em transformar o Estado no financiador de seus projetos, o que acaba fazendo com que um dê suporte ao outro. Os intelectuais, principalmente os da academia, defendem fervorosamente uma maior presença do Estado na sociedade porque sabem que, de outra forma, não conseguiriam bancar seus projetos, já que a quase totalidade deles são pessoas desprovidas de qualquer talento que possibilite pagar contas.
Essa estratégia cria grupos de artistas privilegiados, agraciados com volumosas verbas estatais. Estes artistas enriquecem, acumulam patrimônio e passam a rarear suas apresentações para evitar a “vulgarização” de sua imagem, o que significa nada menos do que se qualificarem como grife, algo desejável por todos, mas acessível a poucos. Mesmo com essa postura burguesíssima, esses artistas mantém o discurso socialista defendendo o PT do conforto de seus apartamentos nos melhores bairros da cidade, criticando a burguesia durante bebedeiras em bares descolados, publicando frases espirituosas nas redes sociais através de seus smartphones e apesar de se dizerem contra as grandes corporações capitalistas, nunca rejeitam seus patrocínios nem seus convites para estrelar campanhas publicitárias.
Comprova-se a promiscuidade da relação entre artistas e Estado também nas grandes exposições de arte, quase sempre viabilizadas por meio de editais que favorecem apenas aqueles que têm o suporte de grandes galerias e a simpatia de curadores e críticos de arte, que em sua maioria vive à custa do governo. Quase como regra, principalmente quando se trata de arte contemporânea, estas exposições reúnem trambolhos cuja razão só consegue ser expressa por meio de um texto chatíssimo escrito por algum curador, comprovando que o dinheiro público não é usado para se agradar o público, mas sim para financiar as masturbações filosóficas, existenciais e ideológicas de um pequeno grupo de pessoas, a verdadeira elite.
Se a maioria dos artistas mais famosos se guiasse por princípios de honestidade, de coerência e de respeito à liberdade e aos esforços de outras pessoas, eles liderariam a revolta contra esse governo absurdamente corrupto, incompetente, irresponsável e autoritário; fariam grandes manifestações pela libertação do povo cubano e pelo fim do regime bolivariano na Venezuela. Mas não… A necessidade de autopreservação dos artistas lhes diz que devem apoiar todo e qualquer absurdo da esquerda. A esquerda no poder significa dinheiro no bolso dos artistas; e os artistas que defendem o socialismo sem receber dinheiro do governo o fazem simplesmente porque alimentam a esperança de um dia receber. Para tanto, toda a produção cultural deve seguir a cartilha socialista, que pode ser resumida na propagação de duas falácias: Que o capitalismo é a causa de todos os males do mundo; que a desigualdade é uma desgraça e em si mesma e que a única forma de combatê-la é por meio de um Estado forte e presente na vida de todos. O que envelopa toda essa cretinice são os discursos por um mundo mais justo, mais tolerante, moldado pelo amor… Um mundo liderado por aqueles que têm como referência as ideias e os procedimentos de pessoas que só se mantiveram no poder por meio da força.

SOBRE O AUTOR

João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

Arquiteto, artista plástico e escritor. Escreveu o livro “Natureza Capital”.
Fonte: Instituto Liberal  

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