sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cinema nacional: a minha alergia


Por Klauber Cristofen Pires

Hollywood, sem os recursos a fundo perdido do financiamento estatal, estes que dispensam prestações de contas, vez ou outra necessita fazer filmes que satisfaçam um povo que tem a cabeça ocupada com pensamentos mais enlevados.

Precisa passar histórias de homens e mulheres corajosos, persistentes e cheios de fé; histórias de amor ao próximo, do valor da amizade e da honestidade; enfim, todos estes sentimentos burgueses...
Uma postagem mais light nesta sexta-feira à noite: ocorreu-me de falar sobre a minha alergia ao filme nacional...aaa...aaaa..tchim!!!!!!!!! Não adianta, eu até já prometi que iria assisitr ao Bope, aquele do capitão Nascimento, mas simplesmente não consigo.

Não, não e mais uma vez não! Não é a pobreza. Não sou necessariamente um discípulo do Joãozinho Trinta: "pobreza é coisa de intelectual". Muitos filmes americanos se passam em ambientes de pobreza. O que eu detesto na película cabocla é aquela síndrome de Chico Buarque, isto é, aquela depressão, aquela escuridão no fim do túnel, aquela complacência com o errado e o feio. A mensagem da produção brasileira sempre põe o telespectador pra baixo, sem esperança. Mundinho...

Olha o filme que o Will Smith estrelou, A Procura da Felicidade, de 2006. É pobreza do início ao fim, mas quem o assiste sai de lá com a alma lavada. Nesta obra, não tem governo, não tem bolsa-isto e aquilo, não tem coitadismo; tem o sofrimento, claro, mas também tem fé, tem persistência, tem amor.

Pega outro, com Russel Crowe, A Luta pela Esperança, de 2005. Nela, o ator representa um pugilista pobre e desempregado por conta de seu punho fraturado, em plena época da grande crise de 1929. Uma das cenas é pra mim das mais comoventes: ao saber que seu filho havia roubado um salame, ele o pega pelo braço e ambos se dirigem ao dono do açougue, para devolvê-lo, e ensina ao moleque: "somos pobres, não somos ladrões!" Onde que um filme brasileiro algum dia transmitiu algo assim?

Espera, deixa falar de "O Óleo de Lorenzo", de 1992. O filme conta a história de real de um menino que sofria de uma doença degenerativa, e da luta de seus pais para encontrarem a cura. Quando o personagem de Nick Nolte constata que o remédio que até então conseguiram encontrar apenas tem o poder de estacionar a doença do filho, já avançada, ninguém se segura em pé ao vê-lo dizer à esposa que tudo o que eles fizeram servirá apenas aos filhos dos outros. Mas eles continuaram mesmo assim. Os frívolos vão achá-lo chato e triste, mas a mensagem que se passa é de coragem e de abnegação.

Sim, eu sei, tem muita porcaria que sai de Hollywood, inclusive os tais filmes politicamente engajados. Sim, eles também tem os seus próprios petralhas; só que, entre tanto lixo, aparecem as pérolas. E olha lá, dos filmes que eu mencionei aqui, nenhum tem efeitos especiais. É puro argumento, pura interpretação. Só mesmo num ambiente de liberdade pode acontecer isto.

Hollywood, sem os recursos a fundo perdido do financiamento estatal, estes que dispensam prestações de contas, vez ou outra necessita fazer filmes que satisfaçam um povo que tem a cabeça ocupada com pensamentos mais enlevados. Precisa passar histórias de homens e mulheres corajosos, persistentes e cheios de fé; histórias de amor ao próximo, do valor da amizade e da honestidade; enfim, todos estes sentimentos burgueses...

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