sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Voracidade autofágica, premonição despretenciosa e um retrato da ignorância

Por Klauber Cristofen Pires

Das notícias dos jornais regionais aqui no Norte trago como destaque a briga de foice entre a AGU e o MPF, a primeira a defender a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e a segunda por ela acusada de procurar sabotar a obra por meio de artifícios jurídicos ideologicamente motivados. Os ânimos andam tão exaltados que as partes prometem processar uma à outra por litigância de má-fé.
Das notícias dos jornais regionais aqui no Norte trago como destaque a briga de foice entre a AGU e o MPF, a primeira a defender a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e a segunda por ela acusada de procurar sabotar a obra por meio de artifícios jurídicos ideologicamente motivados. Os ânimos andam tão exaltados que as partes prometem processar uma à outra por litigância de má-fé.

Ora, de parte a parte, ambos agem ideologicamente. O Ministério Público ainda tem na agenda uma militância do estilo "PT tranca-rua", mas o fato é que agora é o Lula quem precisa correr atrás do seu PAC, e para tanto manda a "bugrada" às favas e se vale do seu pelotão de choque, a AGU. Que sexo de lambaris que nada!

O jornal "O Liberal" de hoje, dia 05/02/2010 traz uma entrevista com o bispo da prelazia do Xingu, dom Erwin Krautler, que, claro, como é próprio do trabalho da Teologia da Libertação, é sistematicamente contra todo e qualquer projeto de desenvolvimento. Padres (de passeata) e índios! Como foram valiosos no passado! Hoje, todavia, estes inocentes úteis são ...como mesmo dizer isto em linguagem comunista? Ahh... "lumpen" ( em alemão: lixo).

Parece algo surreal ver o estado brigando consigo próprio, não é? Mas é da sua própria essência. Enquanto em uma sociedade livre as pessoas vivem a procurar manter relações amistosas e construtivas, os agentes públicos em geral desenvolvem um acurado estado de esquizofrenia do tipo "síndrome de perseguição": em cada interlocutor eles enxergam um inimigo e agem de forma a defender-se dele ou a atacá-lo preventivamente. Eis como empregam 99% do seu tempo.

Em outro artigo anterior, Aos Desapropriados por Hidrelétricas: uma Lição sobre Direito de Propriedade e a Sociedade Contratual , já manifestei a minha posição sobre a construção de usinas termelétricas, e aqui relembro os leitores: em uma sociedade livre, todas estas custosas audiências, processos, consultas públicas e disputas político-judiciais seriam absolutamente dispensáveis.

A desapropriação de comunidades - tanto de civilizados quanto de indígenas - marca a típica natureza agressiva do estado, que o legitima a pagar (quando o faz) pelas propriedades um valor menor do que os seus habitantes pretenderiam aceitar em condições normais. A tão só pré-licença ambiental, uma vez expedida, já lhe serve como um vetor de coerção.

Quer construir uma usina hidrelétrica? Ora, compre o terreno e construa. Alagou o terreno do vizinho? Indenize, com todas as consequências do mercado: danos morais, materiais e lucros cesantes. Simples assim! Sem autorização de ninguém.

Este leque de intervenções estatais - todo ele composto de medidas em alguma medida agressivas - marca a justa inconformidade dos atingidos, os proprietários originais, que, previsivelmente, vão se organizar para futuramente conseguirem reparações nas esferas judicial ou política, e assim, todos nós pagaremos por uma energia elétrica um valor muito superior ao previamente estimado, talvez tão alto que venha até mesmo a frustrar o que foi gasto com a obra.

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Quando escrevi o artigo Não há nada de novo no bolsa-voto-de-cabresto! , eu simplesmente desconhecia que uma campanha oficial urdida pelo Ministério do Desenvolvimento Social, de terrorismo contra a população, já estivesse em andamento, justamente no momento em que eu escrevia aquelas linhas. Premonição? De certa forma, sim, embora em nada extra-sensorial. Apenas fruto de quem conhece a natureza do PT. Na verdade, estava demorando.

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A mais nova campanha nacional do CCAA traz como bordão uma declaração de ode ao vernáculo: Você se garante ou a língua derruba você?" Isto me faz lembrar de uma vez, em sala de aula, quando a professora, ao exortar os alunos a falar bem o inglês, nos perguntou se nos expressávamos bem em português, ao que um dos colegas respondeu: "-falemos, professora!". Pelo visto, ele deve ser o publicitário desta campanha. Triste, não?

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