domingo, 12 de agosto de 2012

Cachimbo da paz ou caixa de guerra!


 Não havia um sequer que primasse pela democracia capitalista, mas, sim, pelo estado máximo, do partido único, sem propriedade privada e sem liberdade religiosa.
Por Ernesto Caruso


       Dias passados o coordenador da ONU na Síria, Paulo Sergio Pinheiro, em entrevista na TV tratou das questões dos direitos humanos na guerra civil lá existente. Entrementes a jornalista lhe fez uma pergunta sobre a Comissão da Verdade, já que integra a tal comissão. Foi relator do Programa Nacional de Direitos Humanos nas versões de 1996 e 2002. 
As suas declarações não deixam dúvidas quanto ao seu pré-julgamento. Não são palavras de paz que brotam da mansidão dos gestos e delicada expressão, mas rajadas com rosas e espinhos a golpear as frontes dos contendores que não empunharam a Bandeira das facções na luta armada que ele defende, do terrorismo, do sequestro e morte de cidadãos que não vestiam farda e não portavam armas.
A lei nº 12528/11 que criou a Comissão da Verdade, no Art. 1º dispõe como finalidades efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional. No artigo seguinte que será integrada por membros de reconhecida idoneidade e conduta ética. Atributos reforçados no parágrafo primeiro de que não poderão participar da Comissão aqueles que “não tenham condições de atuar com imparcialidade...”. Assim, idoneidade, ética e imparcialidade não são palavras ao vento. São fundamentos da conduta de vida e desta feita expressos na lei, perfeitamente dispensáveis, mas não o foram como marca dos bons propósitos.
Classifica a Síria como regime autoritário de 36 anos e complementa “Não estão mais em moda esses regimes dinásticos, em que filho do presidente vira presidente...”. Em outra entrevista: “Creio que tudo será acelerado quando houver efetivamente uma passagem de poder de Fidel Castro para seu irmão ou outros sucessores.” Pois é, a ditadura dos Castros perdura desde 1959. Lá se vão 53 anos de violação dos direitos humanos, presos e greves de fome até a morte.
Sobre o que esperar da Comissão da Verdade, a resposta não é imparcial: “os brasileiros terão em mãos uma narrativa complexa,... que relate com veracidade o que levou à morte e ao desaparecimento de brasileiros durante a ditadura.”... “Por um lado, a comissão chega tarde, porque o regime autoritário militar terminou em 1985... desde 1995 tem havido a continuidade de uma política de governo para elucidar esses crimes... A comissão se beneficia, principalmente, da luta dos familiares nos últimos 40 anos... as Forças Armadas ainda hoje repetem interpretações míticas e ideologizadas sobre os fatos passados e são as únicas na região a não admitir que houve tortura... As Forças Armadas de hoje não têm nada a ver com os crimes cometidos por seus antecessores nos governos militares. Espero que o trabalho da Comissão da Verdade sirva para os comandos militares entenderem que nós somos seus melhores aliados para livrar a instituição dessa responsabilidade.” Exorcistas!?
       Mostra o caminho da punição, mas diz que não é tarefa da Comissão. Omite as ações criminosas de sequestro, terrorismo e guerrilha dos grupos revolucionários comunistas. Não havia um sequer que primasse pela democracia capitalista, mas, sim, pelo estado máximo, do partido único, sem propriedade privada e sem liberdade religiosa.
       O ser imparcial, ético e idôneo, com objetivo de reconciliar seria edificar o Memorial da Verdade e da Reconciliação, onde à esquerda estaria a literatura produzida pelos ex-guerrilheiros e ex-terroristas, depoimentos, vídeos, fotos, os manuais que produziram como o do Marighela (“O espião apreendido dentro de nossa organização será castigado com a morte. O mesmo vai para o que deserta e informa a polícia.”), do Che Guevara, Guerra de Guerrilha, os cursos feitos em Cuba, China, URSS, os colegas que “justiçaram”. À direita, os textos e depoimentos dos agentes do estado que os combateram e venceram nas armas e, a muitos nas ideias, pois abominaram o marxismo e, a coleção em 15 tomos 1964, 31 DE MARÇO, BIBLIEX. Ao centro, cópias dos jornais que relataram a situação revolucionária do país no pré 1964, o episódio no 31 de março e as suas manchetes,  e livros de quem que não participou da luta armada, mas que a vê sob próprio enfoque.      
Cachimbo da paz ou caixa de guerra? 
Não é melhor o cidadão poder acessar o Memorial e tirar as suas conclusões?
  * Ernesto Caruso é militar reformado.  
   

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