Começamos o ano com um brutal agravamento das penas aos bebedores sociais. Bebedores sociais, como assim eu me refiro, são as pessoas que bebem em quantidade moderada e que dirigem de forma responsável. Eu sou um bebedor social. Jamais causei um acidente. Repito: tenho 25 anos de carteira de habilitação e jamais causei um acidente! Quantos milhões de brasileiros não se igualam à minha condição?
Por Klauber Cristofen Pires
Permitam-me os leitores profetizar um pouco; já fiz isto antes, e não deu outra: uma certa queda de acidentes irá ocorrer, principalmente nesta época de carnaval, mas logo em breve os ponteiros das estatísticas estarão pendendo para os índices vermelhos, novamente. Infelizmente avanço: poderão até mesmo piorar.
Diz um ditado que não é repetindo fórmulas mal-sucedidas que se logra o sucesso. O que será depois de tão draconianas penalidades contra quem não faz mal algum quando se mostrarem absolutamente inócuas? Vão fuzilar os motoristas e enviar a cobrança do projétil para a família? Vão esquartejar seus corpos e exibi-los nos cruzamentos de grande circulação?
Eu digo e repito: jamais a questão álcool x direção foi realmente levada a sério neste país. Somente para que uma tal lei buscasse pleitear sua legitimidade, seria necessário demonstrar que os acidentes causados por motoristas bebedores sociais são em maior número - em um significativo maior número - do que os acidentes causados por motoristas abstêmios. Será, todavia, que tal pesquisa lá um dia veio a ser realizada? A minha resposta é um completo "não"!
Não obstante, a cada reportagem na tv, exibem-se à torta e à direita casos de sujeitos completamente bêbados, como se eles representassem os bebedores sociais, e assim fica o dito pelo não dito. Ainda não vi uma única reportagem que retratasse um acidente causado por um bebedor que ingeriu um ou dois choppes. Não, claro, que isto não possa acontecer. Pode. Porém, não há diferença significante de outro motorista que, não tendo bebido, possa ter provocado um acidente por qualquer outro motivo.
Imaginem a insegurança que há de causar nas pessoas que, tendo bebido, esperam por horas a fim de livrarem-se de qualquer resquício de teor alcoólico. Como poderão elas adivinhar, senão sentindo-se bem para dirigir, segundo seus próprios julgamentos? Ou será que agora todos teremos nós mesmos que adquirir um bafômetro antes de pegar o volante?
A nova lei que instituiu novos meios de provar a condição de embriaguez se valeu de um acerto para cometer um erro: a boa doutrina jurídica do estado de direito e das amplas liberdades civis apontam-nas como meios eficazes de enquadrar o motorista que é pego em flagrante por ser visto exercendo uma direção perigosa. Este sujeito, sim, deve ser abordado pela autoridade. Muito diferentemente, a realização de massivas blitz somente para encontrar este ou aquele cidadão que embora tenha ingerido uma taça de vinho no almoço esteja dirigindo corretamente, eis aí um traço de um estado totalitarista e pior do que isto, cada vez mais ineficiente, visto que desvia seus efetivos e recursos do essencial para o comesinho.
Beleza de texto. O que mais destaco é o trecho de acordo com o qual "Somente para que uma tal lei buscasse pleitear sua legitimidade, seria necessário demonstrar que os acidentes causados por motoristas bebedores sociais são em maior número - em um significativo maior número - do que os acidentes causados por motoristas abstêmios." Uma lei que equipara o bebedor social ao embriagado é uma lei anticristã, pois deforma a justiça em igualdade, quando sabemos que a justiça consiste em retribuir de acordo com as obras. Ora, o Estado deve refletir na terra ao máximo a justiça sobrenatural, que não pune com o inferno os bebedores sociais ao lado dos irresponsáveis ébrios.
ResponderExcluirParece que se vc beber 6 cervejas, mesmo vc ter ido de taxi no outro dia vc ainda pode ser pego no bafometro.
ResponderExcluiroutra aconselho a todos que bebem socialmente a jamais fazer o teste do bafometro solicite ao fiscal que analise sua capacidade fisico motora, através de : andar em linha reta, colocar o dedo na ponta do nariz, fazer o 4 , recitar o alfabeto, que chame testemunhas. A lei n diz isto? E se o policial n tiver o bafometro na hora como é fica? Ele n vai utilizar o bom senso?
Todos nós sabemos que a Lei Seca de Trânsito é uma lei de segundas intenções. Não tem a menor pretensão de alcançar o objetivo proposto.
ResponderExcluirÉ o mais efetivo instrumento de criminalização em massa da história do país, tornando mais da metade dos cidadãos sujeitos à chantagem de qualquer policial abusivo e temerosos do Estado Policial.
O verdadeiro é obrigar a população a baixar a cabeça e se sujeitar.
Outra vez o movimento de pinça na segurança pública:
• Criminalização cruel do maior número de cidadãos.
• Impunidade dos verdadeiros bandidos, comissionados a servirem de carcereiros dos cidadãos presos em suas casas atrás de grades e aparatos de segurança.
Em tudo isso, a didática coletiva dos futuroa súditos do Estado Total.