Protesto toma as ruas contra a corrupção
Concentração dos manifestantes será às 9h, na escadinha da Estação das Docas
EVANDRO FLEXA JR
Da Redação
Com a expectativa de atrair mais de cem mil pessoas, os movimentos populares contrários ao governo federal organizam uma grande marcha para hoje, a partir das 9h, no centro de Belém. A mobilização é nacional e congrega trabalhadores de várias categorias, com o objetivo demonstrar insatisfação com o atual governo, sobretudo por conta das crises econômica e política que o país atravessa. Esta é a terceira edição da manifestação, que já levou às ruas da capital paraense cerca de 60 mil pessoas na primeira marcha, ocorrida no último dia 15 de março. Já na edição mais recente, realizada no dia 12 de abril, aproximadamente 30 mil manifestantes estiveram presentes, segundo a estimativa dos organizadores. A justificativa dos idealizadores para uma expectativa tão otimista, com quase três vezes o número de participantes da última mobilização, está no avanço das investigações relativas à operação Lava Jato, além do aumento recém-autorizado pelo governo federal no preço da energia elétrica. Estes, no entanto, não são os únicos fatores de motivação.
“A arrecadação dos Estados e dos Municípios está despencando, isso gera uma série de efeitos em cadeia, como o caos na saúde e a evolução dos indicadores de violência, fruto da falta de investimentos”, diz Antônio José, da União dos Movimentos Populares (UMP), que congrega os grupos organizadores da manifestação. Também participam da marcha o Movimento Reação Brasil (MRB), o Movimento das Mulheres do Brasil (MMB), o Movimento Correntes do Bem, o Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL). Ao todo, a comissão realizadora conta com aproximadamente 30 pessoas. O grupo diz estar motivado para a passeata de hoje.
“A sociedade civil não aceita mais as medidas anarquistas adotadas por este governo. A cada minuto que passa, um novo esquema de corrupção é descoberto, enquanto o povo continua nas filas, sem saúde, sem educação e sem segurança. Agora, é um país inteiro contra o governo”, dispara Márcia Sarkis, coordenadora do MRB e do VPR. Ela destaca que, embora o movimento seja taxado de elitizado, a base da marcha é composta por professores da rede pública de ensino, servidores públicos federais e estaduais, trabalhadores autônomos, estudantes, atletas, entre outros.
Na avaliação dos organizadores, a unidade é uma das premissas deste movimento. “Em alguns Estados, eram feitas ações isoladas. Aqui no Pará, criamos uma entidade para congregar todos os movimentos populares, de forma que as ideias pudessem convergir em sentido único, ou seja, para que as causas fossem comuns a todos”, explica o coordenador do Movimento Correntes do Bem, Murilo Guimarães. Ele argumenta que o país vivencia atualmente várias crises, que vão além da política e da economia, perpassando pela moral e pela ética. “Precisamos de pessoas dignas, e não de corruptos que embolsam nossos impostos em benefício próprio”, reclama. Ainda de acordo com Guimarães, entre as bandeiras que serão levantadas durante a marcha deste domingo estão: os escândalos envolvendo a Petrobrás, no chamado “petrolão”; os consecutivos aumentos dos preços controlados, principalmente da energia elétrica e da gasolina; o descontrole da inflação e das taxas de juros; o fim do fator previdenciário; a redução dos investimentos em infraestrutura; o corte no orçamento da educação; a elevação dos indicadores de desemprego.
“Este é um movimento das famílias brasileiras. A marcha é pacífica, democrática, e congrega todos os tipos de pessoas, do mais simples trabalhador ao empresário, afinal, estamos, sem nenhuma distinção, sendo massacrados por este governo”, pontua a coordenadora do MMB, Bibi Alves. Ela reforça que os trabalhadores estão tendo seus direitos subtraídos pela União, o que representa um antagonismo ao que foi prometido pela presidente Dilma Roussef durante a campanha. “A manifestação pedirá a completa investigação e o fim dos sucessivos esquemas de corrupção do PT, durante sua permanência no poder nesses quase 13 anos. A corrupção consome recursos que deveriam ser bem aplicados e poderiam tornar o Brasil melhor e mais justo. Resumindo: o governo gasta mal, os políticos roubam ou desviam quantias vultuosas de dinheiro, e a população é quem paga o pato?”, questiona a coordenadora. Ela destaca que os movimentos também cobrarão a responsabilidade da presidente Dilma pelas ‘pedaladas’, que estão em julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU).
“Todos reconhecem que os ajustes são necessários para trazer o Brasil de volta ao caminho do crescimento. Mas o movimento é crítico ao ajuste proposto pela equipe econômica da presidente Dilma, em que só o povo paga a conta, com recessão, inflação e desemprego, além de altos impostos”, rebate Nara Tabosa, do MBL. Ela destaca que as medidas adotadas pelo governo são insuficientes, e que a política da atual gestão federal chegou ao limite aceitável pela população. “É hora de irmos às ruas, cobrar solução. Vamos prestar total apoio às investigações - que precisam ser isentas - da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal. Temos que acompanhar tudo de perto”, enfatiza.
A concentração começa às 9h, no início da avenida Presidente Vargas, na Escadinha da Estação das Docas. Os organizadores pedem à população que utilizem camisas verdes ou amarelas, e que levem bandeiras do Pará e do Brasil. Segundo apontam os organizadores, o movimento terá a adesão de oito trios elétricos. A caminhada sai da Escadinha, seguindo pela avenida Presidente Vargas até a avenida Nazaré. O percurso tem ainda as travessas Quintino Bocaiúva e Boaventura da Silva, avenidas Visconde de Souza Franco e Castilhos França, até a Presidente Vargas. O trajeto acaba em frente ao Theatro da Paz.
Fonte: O Liberal Digital
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