Quando o ex-presidente Lula compareceu ao programa do Ratinho para promover a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, os demais candidatos protestaram contra a violação escancarada ao calendário eleitoral. E com razão. Mas o fato é que episódios como esse são apenas a parte visível do imenso iceberg da propaganda eleitoral ilícita realizada pelo PT. O grosso dessa propaganda não aparece na tevê e não é captado pelo radar da Justiça Eleitoral.
Por MIGUEL NAGIB - Publicado em 18/06/2012 na Gazeta do Povo
Refiro-me
ao trabalho de formiguinha gramsciana realizado todos os dias, ano
após ano, à margem da lei, pelo exército de professores militantes
ou simpatizantes dos partidos de esquerda – PT à frente – em
milhares de salas de aula em todo o país. Para esses professores,
não existe calendário eleitoral: toda hora é hora, todo dia é dia
de falar de política e de enxovalhar os adversários do PT. No
ambiente fechado das salas de aula, com o terreno devidamente
preparado pela doutrinação ideológica, a propaganda eleitoral
corre solta.
Os professores dizem que não
se trata de doutrinação e propaganda, mas de “despertar a
consciência crítica dos alunos”, visando à “construção de
uma sociedade mais justa”. Mas isso é simplesmente mentira.
O que fazem os despertadores
de consciência crítica é martelar ideias de esquerda na cabeça
dos alunos. Como se sabe, a visão crítica dos estudantes é
direcionada invariavelmente para os mesmos alvos: a civilização e
os valores judaico-cristãos, a Igreja Católica, a “burguesia”,
a família tradicional, a propriedade privada, o capitalismo, o livre
mercado, o agronegócio, o regime militar, os Estados Unidos. “Pensar
criticamente”, na concepção de tais professores – e,
infelizmente, não se trata de uma minoria –, significa odiar tudo
o que não se identifique com a mitologia, com os valores e com o
discurso da esquerda.
Logo, só é possível
“construir uma sociedade mais justa” seguindo o receituário e
votando nos candidatos da esquerda.
Ninguém
ignora esses fatos. Além do enorme volume de provas reunidas no
sitewww.escolasempartido.org,
a realidade de que ora se cuida é conhecida por
experiência direta de todos os que passaram pelo sistema de ensino
nos últimos 35 anos. A situação, entretanto, piorou
formidavelmente na última década. Não só porque o petismo chegou
ao poder (embora a máquina do ensino já estivesse aparelhada pela
militância esquerdista muito antes do governo FHC), mas porque a
doutrinação ideológica, como o vampirismo, se propaga por
contágio: a vítima se transforma em agente-transmissor das
mensagens que lhe foram inculcadas. Resultado: o número de
“despertadores de consciência crítica” determinados a ensinar
seus alunos a votar nos “políticos certos” aumenta a cada dia.
De tão generalizadas, a
doutrinação e a propaganda política nas escolas já não
escandalizam: de acordo com uma pesquisa do Instituto Sensus, 61% dos
pais acham “normal” que os professores façam proselitismo
ideológico em suas aulas. Resta saber se o Ministério Público –
responsável pela defesa dos interesses das crianças e dos
adolescentes e guardião do regime democrático – também acha
“normal” essa prática que cerceia a liberdade de aprender dos
estudantes e ameaça a liberdade política de milhões de futuros
eleitores.
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