quinta-feira, 13 de junho de 2013

As Soluções Econômicas dos Vampiros

Autor: Brandon Smith, Alt-Market.com, 23/12/2011.
O morcego-vampiro é uma horrenda e repulsiva criatura, com um focinho parecido com o de um porco, que se alimenta de uma maneira que é bastante familiar para aqueles de nós que estudam atentamente a economia alternativa. Após voar erraticamente à noite, ele detecta o calor do corpo de um animal adormecido na fazenda e se fixa a ele com suas garras. Cuidadosamente, ele insere suas presas afiadas em uma região do corpo da vítima em que exista uma grande densidade de veias e começa a sugar o sangue. Normalmente, a rês nem sequer consegue notar a ação do morcego e também não consegue se defender do ataque. O pequeno parasita não inflige imediatamente um ferimento mortal em seu hospedeiro, mas com o tempo, ocorrem doenças e o enfraquecimento físico. O vampiro destroi o animal e, pateticamente, este não tem a menor ideia do que lhe aconteceu.

Exatamente como na natureza, o mundo econômico tem seus próprios vampiros na forma das elites bancárias, que sugam o sangue da humanidade inteira. Sem a existência maligna e predatória dessas elites, posso ver um mundo tão maravilhosamente acima e além daquele em que chafurdamos hoje que é impossível descrever. A repulsa que sentimos ao considerarmos os hábitos alimentares virulentos dos mosquitos hematófagos e da sanguessuga não se compara com o asco profundo que sinto ao estudar os hábitos financeiros de bancos como o Sistema da Reserva Federal ou aqueles chamados de "grandes demais para quebrar". Sem sombra de dúvidas, eles são a forma mais maligna de câncer social imaginável.
Todavia, após praticamente quatro anos de uma sangria fiscal contínua, uma porção considerável da população ainda olha para esses parasitas da humanidade em busca de conforto e segurança econômica, exatamente como fazem os animais da fazenda, que consistentemente pastam nas proximidades da caverna dos morcegos-vampiros, como se ali estivessem protegidos do mal. O pior de tudo é a disposição com que os investidores ainda hoje colocam suas poupanças e seus meios de vida no moedor de carne que é o mercado de ações. Sejamos honestos: o típico indivíduo que investe na compra e venda diária no mercado de ações é um total estúpido. Ele não tem absolutamente ideia alguma dos fundamentos da estrutura financeira nem das regras excêntricas que regem o mercado. Ele tem somente uma noção muita vaga das funções do mercado altamente manipulado das Bolsas de Valores. Ele tolamente acredita que conseguirá manter aquele pouco dinheiro que ainda ganha surfando nas ondas de uma liquidez ilegítima. Para ele, o investimento nas Bolsas de Valores não é diferente de comprar um bilhete da loteria instantânea; é um jogo barato em que a probabalidade de perder é grande, mas que serve para distrair.
Mas, sejamos justos. Esses pequenos investidores brincam por que o jogo é de fato "compensador", pelo menos no início. O sabor inicial é tão doce que afeta o plasma; a própria pele da membrana celular da mente financeira se torna saturada. Ele faz inchar o coração enfraquecido de uma cultura e sobrepuja seu senso de lógica. Ele nos leva a praticar coisas terríveis e estúpidas e apertamos nossas mãos e oramos para que aquilo nunca termine. Mas, é claro, um fim é dolorosamente inevitável. Quanto mais nos envolvemos, mais aquilo demora para nos satisfazer. A nação se tornou viciada, vivendo sobre as ondas químicas de uma montanha russa farmacêutica alimentada pelo ópio do dinheiro fiduciário e da fantasia.
Conclusão: o sangue da nossa nação está sendo drenado. Entretanto, a grande mídia está repleta de discussões sobre "recuperação" e alguém poderia perguntar como isto é possível. Uma variedade massacrante de soluções foi apresentada nos três ou quatro últimos anos e cada uma deu ao mercado um pequeno empurrão para cima. Qual é então o problema?
O problema é que as medidas tomadas pelo governos e pelas elites bancárias construíram uma rede de aprisionamento, não uma rede de proteção.
Vamos examinar algumas das soluções mais comuns apresentadas para a população cada vez mais desesperada e por que essas enganações nos acalmam para que desempenhemos o papel de vítima no mais complexo filme de terror de todos os tempos.

Centralização Como uma Solução Para a Centralização?

A atual desintegração da Europa é um exemplo perfeito desta política estranha e eventualmente destrutiva. Como uma experiência, a União Europeia é um total desastre. Considerada antigamente a jóia das dinâmicas fronteiras abertas e um bastião dos "méritos" da globalização, a união econômica ficou exposta como um tipo de Museu de Cera: uma curiosidade para turistas, repleta com ilusões da vida, mas totalmente oca quando você a examina de perto.
Metade dos países que se comprometeram com a UE está sobrecarregada com dívidas bem além do limite de 60% do PIB (Produto Interno Bruto) definido no "Pacto de Estabilidade e Crescimento". Alguns países, incluindo a Grécia, atendiam poucos, ou quase nenhum dos critérios necessários para a adesão, mas mesmo assim receberam a permissão para ingressar no bloco. A única razão por que o sistema conseguiu funcionar foi devido à riqueza imaginária da estrutura tóxica dos derivativos, que agora não existe mais.
O problema com a globalização é que ela requer assimilação; ela exige que as nações soberanas adotem o caráter fiscal de suas vizinhas de modo a apresentarem a face de uma única entidade. Logicamente, quando esses países não conseguem fazer isso, devido às suas diferenças culturais, ou às incongruências entre suas economias, uma solução forçada tem de ser encontrada. Vincular sociedades em uma união de forma artificial, forçando-as a se harmonizarem financeiramente é, em minha opinião, um ato criminoso de coletivismo.
Entretanto, agora que esse crime está sendo revelado para todo o mundo ver, os mestres das marionetes que estão nos governos corruptos e no sistema financeiro da Europa sugeriram MAIS do mesmo! É isto... a solução deles para o colapso da UE é a harmonização não apenas das finanças, mas da política e das leis. Um único corpo governante ditará cada nuança da união.
A afirmação que a Europa não estava centralizada o suficiente e que isso causou a ruptura, é absolutamente absurda. A globalização torna um sistema inflexível e fraco. Se alguma porção desse sistema falha, ela envia ondas de choque para todo o restante. Isto porque a centralização remove as proteções das estruturas isoladas de forma independente e permite que a política corrupta se propague como uma praga. À medida que a situação econômica se agrava, o resultado final será sempre uma redução no padrão de vida do homem comum. Na harmonização, é muito mais fácil tornar todos igualmente pobres do que torná-los igualmente ricos. Com uma única liderança de mente estreita, especialmente uma liderança que não precisa prestar contas à população, a UE se tornará o império mais frágil e improvisado da história, e um modelo para um governo global que (espero) nunca existirá.

Imprima Para Evitar a Dor…

Não posso expressar o quão farto estou com as constantes repetições dos programas de socorros financeiros e janelas de empréstimos baratos, como se eles já tivessem melhorado ou irão alguma vez melhorar alguma coisa. Vou tornar isto bem claro: as medidas keynesianas de estímulo são inúteis. Elas sempre serão inúteis. Os governos NÃO criam empregos; eles destróem os empregos. Os bancos centrais NÃO criam riqueza, eles a diluem. A Flexibilização Quantitativa e o empréstimo sem juros NÃO diminuem as dívidas; elas as deslocam, removendo-as dos ombros das instituições bancárias privadas, a quem pertencem por direito, e colocando-as no colo dos contribuintes. Vou repetir outra vez: as dívidas criadas pelos grandes bancos não foram pagas. Elas foram repassadas a você e a seus filhos. Esqueça o aumento temporário nos níveis de emprego no período do Natal. Nada mudou desde 2008.
O processo de transformar dívidas privadas em obrigações públicas é uma ferramenta dos vampiros econômicos. A utilidade disto é óbvia. Um programa de transferência de riqueza tem a capacidade de prolongar o colapso total, ao mesmo tempo que dá a impressão de estabilidade. O próprio dólar caracteriza esse conflito. Uma quantidade imensa de dólares foi impressa e injetada na economia desde que a crise do crédito teve início e alguns estimam o total em dezenas de trilhões de dólares. O dólar teve seu poder de compra desvalorizado para temporariamente adiar um expurgo, não somente nos EUA, mas também na Europa. Entretanto, mesmo assim, o índice do dólar, que supostamente mede o valor global da moeda nos mercados globais, subiu. Fomos levados a um senso de segurança por meio dessas medidas arbitrárias, mas o poder de compra está sendo aniquilado de uma forma subversiva. Em menos de um ano, aqueles que se refugiaram no dólar como um porto seguro descobrirão que sua riqueza foi corroída pela inflação. O crescimento da inflação do dólar é inevitável.

Crie uma Nova Moeda…

Os globalistas amam as moedas, desde que elas não estejam atreladas a um bem tangível. Para os banqueiros centrais, cada moeda fiduciária é uma pedra a pisar na travessia de um rio, até que eles obtenham algo mais sinistro. Essas moedas podem ser colocadas de lado; são descartáveis, como as escovas de dentes. Sim... até mesmo o dólar. E nisto reside a chave para o controle econômico. Uma moeda é o símbolo do comércio e do trabalho; se você puder criar e destruir esse símbolo quando quiser, então pode dominar o comércio e a mão de obra. Por meio de um mero pedaço de papel, você manipula o fôlego da vida social. Ninguém deveria receber esse tipo de poder sem oferecer uma transparência irrestrita em troca e sem receber a constante supervisão por parte do público, mas o Sistema da Reserva Federal está isenta de ambas as coisas.
A sugestão que podemos solucionar a atual situação financeira desesperadora com a formação de uma nova moeda, ou mesmo de uma moeda global, é como sugerir a um escravo que ele será muito mais livre se receber correntes mais reluzentes. Qualquer solução que se proponha a solucionar a crise fazendo mais do mesmo foi provavelmente planejada por um vampiro econômico.
Isto inclui moedas digitais como o fracassado "BitCoin". Moedas digitais são uma distração para entretenimento, como um Parque Temático e, exatamente como qualquer moeda fiduciária de papel, fazem promessas que depois não poderão cumprir. Qualquer sistema de comércio que dependa da boa fé nos bits 0s e 1s que trafegam pelas redes de telecomunicações, passando por computadores que podem ser invadidos ou paralisados por um colapso, está condenado. Já experimentamos o sabor do perigo do dinheiro digital por meio da dissipação com os cartões de crédito. Por que arriscar nosso futuro ainda mais?

Mais Regulamentações e Controles…

As regulamentações não são o problema da economia; os REGULAMENTADORES é que são o problema. Por exemplo, nos EUA, a SEC (Securities and Exchange Commission -NT: Órgão congênere à Comissão de Valores Mobiliários que existe no Brasil) recebe todos os anos milhares de denúncias para potenciais investigações, mas raramente investiga até o fim e, quando faz isso, é para lançar para as massas enfurecidas um ou dois trapaceiros, como Bernie Madoff, em um ato de apaziguamento insincero à luz de uma fraude muito maior.
Considerando que mercados verdadeiramente livres não existem mais há pelo menos um século, a insinuação que os livres mercados são a raiz do colapso é um pouquinho absurda. As diretrizes para supervisão dos negócios por parte do governo já existem; o governo simplesmente se recusou a implementá-las. Acrescentar novas restrições a um mercado já restringido não mudará coisa alguma. Portanto, a única solução que faz algum sentido no que se refere às regulamentações é começar com um página totalmente em branco. O Sistema da Reserva Federal precisa ser extinto, a SEC precisa ser substituída e a atual liderança do sistema também precisa ser trocada.
Já ouvi dizerem que a filosofia do nosso sistema econômico é o problema. Esta é uma evasiva ignorante. Os princípios dos livres mercados não são o problema; por outro lado, os homens que abusam deles e que os diminuem, é que são. Qualquer um que sugira que nós, como um país, deveríamos enfocar nossa raiva sobre a ideia do sistema em vez de nos homens que estão por trás do mau uso desse sistema é, sem dúvida, um vampiro econômico.

Espreitando nas Sombras...

A questão das soluções é difícil, não por que elas não existam, mas porque aquelas que realmente funcionarão requerem dor, sacrifício e um trabalho incrivelmente árduo. A maioria das pessoas não gosta de pensar no assunto. Por esta razão, os bancos globais e seus proponentes conseguiram até aqui manter (muito mal) o ato mágico da recuperação nos últimos anos e também explica por que os conceitos inúteis que eles apresentam ainda recebem consideração do público. QUEREMOS que nos apresentem propostas para uma solução fácil para os problemas.
Uma regra que nunca deveríamos esquecer ao considerarmos uma solução é levar em conta quem se beneficia mais com a sua implementação e quem terá de trabalhar para seu sucesso. Se as pessoas medianas forem forçadas a exercer todo o esforço e uma pequena elite colher todos os benefícios substanciais, essa contradição é mais forte do que qualquer afirmação de funcionalidade. Ela não merece nosso tempo, nem nossa energia para ataque e defesa contra a realidade. Infelizmente, isto é tudo o que temos feito como nação desde 2008.
O terror sorrateiro que está diante de nós não é o colapso econômico, mas os homens que usarão esse colapso em benefício próprio. Os riscos são altos. Com a aprovação da nova legislação NDAA (NT: National Defense Authorization Act. Permite a detenção por tempo indeterminado, sem mandado judicial e sem julgamento, de qualquer cidadão suspeito de envolvimento com o terrorismo; na prática, qualquer cidadão poderá ser visado, se oferecer oposição ao governo) e leis similares, a aflição fiscal não é mais apenas uma questão de economia, mas de liberdade pessoal. Sem dúvida, o colapso será usado com uma justificativa para o totalitarismo. Se não tomarmos as decisões difíceis agora, e se não assumirmos a responsabilidade de construir nossas próprias economias localizadas, separadas e isoladas da economia maior, dentro de pouco tempo nos veremos tremendo na escuridão de uma noite longa e infestada por inimigos e desesperados o suficiente para pedir ajuda para eles. Eles estarão contentes em ajudar, porém a um preço muito sangrento...


Autor: Brandon Smith, artigo original em http://www.alt-market.com, 23/12/2011.
Data da publicação: 7/1/2012
Transferido para a área pública em 8/6/2013
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/vampiros.asp

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