As indústrias extrativas lideraram o crescimento da indústria brasileira entre 2007 e 2011, aumentando sua participação de 6,3% para 11,8%. Isso se deve, em grande parte, ao aumento na produção de minério de ferro, cujo valor de vendas em 2011 (R$ 50,9 bilhões) ultrapassa pela primeira vez o óleo diesel (R$ 48,1 bilhões) desde 1998. Este produto se destacou especialmente nas regiões Norte, respondendo por 17,7% do valor de vendas na região (R$ 20,1 milhões), e Sudeste, com uma participação de 2,9% (R$ 30,6 milhões). É o que mostram as Pesquisas Industriais Anuais (PIA) Empresa e Produto 2011, que revelam também que, com um número de empresas 4% maior que em 2010, a indústria brasileira prossegue, em 2011, com maior participação de grandes empresas, responsáveis por 68,2% da receita da atividade industrial. O número de pessoas ocupadas também cresce 3,0% de um ano para o outro. A fabricação de produtos alimentícios permaneceu como primeira colocada em termos de valor adicionado (diferença entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário) em 2011 (12,6%), seguida da extração de minerais metálicos (9,9%). Apenas dez atividades industriais respondem por mais de 70% do valor adicionado da indústria.
Número de empresas cresce 4% em relação a 2010
Em 2011, havia no Brasil cerca de 312 mil empresas com uma ou mais pessoas ocupadas, que empregaram 8,6 milhões de pessoas, uma média de 28 pessoas por empresa. O número de empresas foi 4,0% maior que em 2010, quando eram 299.862. Já o pessoal ocupado aumentou 3,0% em um ano (eram 8,4 milhões em 2010).
As empresas do setor industrial apontaram, em 2011, receita líquida de vendas de aproximadamente R$ 2,2 trilhões, com uma média de R$ 7,0 milhões por empresa. Os gastos com pessoal alcançaram cerca de R$ 319,2 bilhões, enquanto os investimentos realizados para o ativo imobilizado (bens tangíveis da empresa) somaram aproximadamente R$ 162,9 bilhões.
O valor bruto da produção e o consumo intermediário registraram, respectivamente, R$ 2,1 trilhões e R$ 1,4 trilhão. Com isso, o valor adicionado (diferença entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário) atingiu R$ 679,3 bilhões. O valor da transformação industrial (diferença entre o valor bruto da produção industrial e o custo das operações industriais) foi de R$ 936,8 bilhões. Os custos das operações industriais chegaram a R$ 1,0 trilhão.
Grandes empresas são responsáveis por 68,2 % da receita da indústria brasileira
O total das receitas líquidas das empresas industriais (soma das receitas brutas menos as deduções, como vendas canceladas, descontos incondicionais e alguns impostos) atingiu R$ 2,2 trilhões em 2011, lideradas pelo desempenho das empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas e consequentemente de maior escala de produção, que prosseguiram com a maior participação no total da indústria brasileira. Em 2011, essas empresas geraram receita líquida de vendas de aproximadamente R$ 1,5 trilhão, 68,2% do total, percentual superior ao observado no ano de 2010 (67,4%). Ainda na comparação com o ano anterior, houve relativa estabilidade na participação de todas as demais empresas segundo as faixas de pessoal ocupado.
Estrutura de custos e despesas das indústrias se mantém estável em 2011
Os custos e despesas das indústrias chegaram a R$ 2,2 trilhões em 2011. As empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas prosseguiram com a maior participação no total dos custos e despesas (69,6%, superior aos 68,2% de 2010), um dispêndio de R$ 1,5 trilhão.
Os gastos com pessoal alcançaram 14,5%, participação semelhante à de 2010 (14,6%). O dispêndio com o consumo de matérias-primas respondeu por 42,5%, mantendo o maior percentual na estrutura dos custos e despesas, embora inferior ao registrado em 2010 (44,3%). O custo das mercadorias revendidas também mostrou ganho de participação (de 5,7% para 6,7%).
Os custos diretos de produção responderam por uma participação de 7,2%, sendo 2,7% vindos do consumo de combustíveis e compra de energia elétrica e 4,5% do pagamento de serviços prestados por terceiros e consumos diversos para manutenção e reparação de máquinas e equipamentos. Nos demais custos e despesas (29,1%), depreciação, amortização e exaustão de ativos imobilizados ficaram com 3,2%, os gastos destinados ao pagamento de royalties e assistência técnica com 1,6% e as despesas com propaganda com 1,1%. Os outros custos e despesas representaram 23,2%.
Máquinas e equipamentos recebem quase metade dos investimentos das indústrias
Em 2011, o total dos investimentos realizados para o ativo imobilizado (bens tangíveis da empresa) nas empresas industriais atingiu R$ 162,9 bilhões. Ao considerar as empresas com até 29 pessoas ocupadas, o valor foi de R$ 5,2 bilhões, aproximadamente 3,2% do total. Em relação à composição dos investimentos nas empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas, o destaque ficou por conta de máquinas e equipamentos industriais, que permaneceu com a maior participação (46,3%), superior à de 2010 (45,4%). As aquisições de terrenos e edificações apontaram participação similar entre os dois anos, passando de 14,4% para 14,5%. Os recursos aplicados em meios de transporte alcançaram 4,3% do total em 2011, enquanto que outras aquisições (móveis, microcomputadores, etc.) responderam por 31,8%.
Dez atividades representam 70,6% da produção industrial
Em 2011, as atividades com maior participação no total da indústria em termos de valor adicionado foram fabricação de produtos alimentícios (12,6%); extração de minerais metálicos (9,9%); fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (9,8%); fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (9,5%); fabricação de produtos químicos (6,7%); fabricação de máquinas e equipamentos (5,3%); metalurgia (4,9%); fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (4,4%); fabricação de produtos de minerais não metálicos (3,9%); e fabricação de produtos de borracha e de material plástico (3,6%). Juntos, esses setores concentraram 70,6% do total da indústria.
A liderança, em termos de valor adicionado em 2011, ficou com o ramo de fabricação de produtos alimentícios (12,6%), com um ganho de participação em relação ao ano anterior (12,2%). Esse setor, favorecido pela manutenção de um mercado interno aquecido e pela expansão do mercado externo, manteve-se em primeiro de 2010 para 2011.
O setor de extração de minerais metálicos, que era o quarto no ranking de 2010, ficou em segundo em 2011. Este setor mostrou ganho de participação no total da indústria (2,5% p.p.) de um ano para o outro, o que pode ser atribuído ao aumento da demanda externa e ao bom comportamento das exportações. Em 2011, as exportações dos minérios de ferro foram superiores ao ano anterior, impulsionadas pela elevação dos preços no cenário internacional.
Indústrias extrativas são as que mais ganharam participação entre 2007 e 2011
As indústrias extrativas ganham participação no valor adicionado entre 2007 (6,3%) e 2011 (11,8%), liderando a trajetória de crescimento da indústria e, apesar do peso relativamente pequeno, seu efeito multiplicador é importante, já que os bens nela extraídos fornecem insumos tanto para a indústria de transformação quanto para a construção. A extração de petróleo e gás natural foi a atividade de maior produtividade do trabalho, saindo da 11ª posição, em 2007, para a primeira, em 2011, no ranking de 29 atividades. A segunda maior produtividade é atribuída à extração de minerais metálicos, que passou da primeira para a segunda posição no ranking entre 2007 e 2011.
Entre os setores de maior produtividade em 2011, sobressaem extração de petróleo e gás natural; extração de minerais metálicos; fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis; fabricação de produtos do fumo; e atividades de apoio à extração de minerais.
A configuração da atividade de extração de petróleo e gás natural é peculiar, isto é, apresenta uma alta participação do número de empresas e do valor adicionado, concentrados na faixa de empresas de menor porte, mas com baixa representatividade em termos do pessoal ocupado, o que sugere que o efetivo de pessoal que atua nessa atividade pertence à empresas prestadoras de serviços industriais. Apesar do número reduzido de empresas dobrar de 2007 para 2011, esse é um segmento concentrado economicamente. No que se refere ao setor de extração de minério de ferro, observa-se que o pessoal ocupado e o valor adicionado estão concentrados na faixa de 500 ou mais pessoas ocupadas, embora o número reduzido de empresas, nesta faixa de pessoal ocupado, sinalize o seu grau de concentração econômica.
Em 2011, as 12 maiores empresas em termos de receita líquida de vendas representam no total da atividade de extração de petróleo e gás natural cerca de 34,8% do número de empresas; 59,3% do pessoal ocupado; 85,0% dos salários, retiradas e outras remunerações; 96,8% da receita total; 99,1% do valor adicionado e 93,0% do total dos custos e despesas do segmento. Quanto ao segmento de extração de minério de ferro, nota-se que as 12 maiores empresas em termos de receita líquida de vendas representam de 17,3% do número de empresas; 94,7% do pessoal ocupado; 97,3% dos salários, retiradas e outras remunerações; 98,5% da receita total; 98,5% do valor adicionado e 98,2% do total dos custos e despesas do grupo industrial. Já no que se refere ao segmento da extração de minerais metálicos não-ferrosos, verifica-se que as 12 maiores empresas correspondem a 6,4% do número de empresas; 69,2% do pessoal ocupado; 80,6% dos salários, retiradas e outras remunerações; 83,8% da receita total; 84,7% do valor adicionado e 85,1% do total dos custos e despesas da atividade industrial.
Em 2011, no ranking dos 15 produtos que mais se destacaram em termos de valor de vendas, os minérios de ferro em bruto ou beneficiados atingiram a liderança, ao registrar vendas de R$ 50,9 bilhões, ultrapassando, pela primeira vez desde o início da série histórica em 1998, o óleo diesel, com R$ 48,1 bilhões de reais.
Na região Norte os produtos que se destacaram em termos de valor de vendas foram minérios de ferro em bruto ou beneficiados (17,7%) e televisores (9,5%). Na região Nordeste, destacou-se o óleo diesel (3,7%). No Sudeste, os destaques foram minérios de ferro em bruto ou beneficiados (2,9%), óleos brutos de petróleo (2,8%) e óleo diesel (2,8%). Na região Sul, óleo diesel (3,5%) e automóveis de cilindrada maior que 1.500 cm3 e menor ou igual a 3.000 cm3 (2,9%) tiveram os maiores percentuais. Na região Centro-Oeste, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas (7,4%) e tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja (4,9%) foram as atividades mais representativas.
Considerando os 100 maiores produtos e serviços industriais em termos de valor de vendas, o total das vendas atingiu R$ 908,0 bilhões em 2011, o que representa cerca de 52,2% do total das receitas de vendas das empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas da indústria brasileira. Essa mesma relação de produtos e serviços industriais representava cerca de 51,5% no ano de 2010.
Dos cem maiores produtos e serviços industriais, em termos de receitas líquidas de vendas, ganharam posições no ranking entre 2010 e 2011: gás natural, que passou da 76ª posição em 2010 para a 51ª colocação em 2011; veículos para o transporte de mercadorias, de capacidade de carga não superior a 5t, que ganhou 24 posições; estruturas de ferro e aço, em chapas ou em outras formas, com ganho de 16 posições; e querosenes de aviação com 12 posições.
Em sentido oposto, os produtos e serviços industriais que mais perderam posição na passagem de 2010 para 2011 foram: bobinas a frio de aços ao carbono, não revestidos , que perdeu 26 posições, passando da 55ª colocação para a 81ª; refrigeradores ou congeladores (freezers), inclusive combinados, para uso doméstico (da 48ª para a 62ª); chapas, bobinas, fitas e tiras de aço, relaminadas, inclusive revestidas, pintadas ou envernizadas (com queda de 12 posições); tratores agrícolas, inclusive motocultores (de 39ª para 50ª).
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
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