terça-feira, 25 de junho de 2013

O pacto do mal

Gustavo Miquelin Fernandes

                                                                
A Presidente da República, sensível aos reclamos das ruas, propôs um pacto com a nação, no seu linguajar populista corrente, com o “povo brasileiro”, o qual eu prefiro chamar “gado, idiotas úteis (no melhor estilo leninista) e inocentes pagadores de impostos”.


Listou algumas medidas administrativas dignas de um chefe de repartição interiorano e uma coisa teratológica: uma reforma constitucional (!), de causar um sorriso tenro  num chavista não muito ferrenho, até mesmo num simpatizante da causa de Simón Bolívar.

J’accuse!!!

Eu acuso o golpe. Daqui de baixo, sem querer imitar o Zola, juro.

A proposta de reforma constituinte na boca de um petista deve causar o mais profundo estado adrenérgico de alerta. Todo cuidado é pouco com Governo querendo brincar com uma área tão sensível como a Constituição. Reconheço que esse documento político é uma colcha de retalhos que proveio de uma massa cheia de demandas reprimidas e engendrada por políticos populistas, e nesse ponto concordo que ela é de qualidade muito sofrível. Mas nada que justifique um Governo com antecedentes como, por exemplo, mensalão e dólar na cueca ousar a tocar o dedo enlameado nesse documento legal. A situação reclama cuidados cívicos os maiores.

Quanto ao pacto da Presidenta (sic), é como o Diabo se comprometendo a fazer a catequese.

O pacto da Xuxa serviria mais à nação neste momento delicado.

Não que eu esteja insuflando os movimentos, que já me posicionei contrário a mais estes comportamentos de manada, cheio de automatismos irracionais desses bolcheviques de última hora, sem pauta, sem clareza, atendo-se a efeitos e não a causas. E preservando gente graúda, todo o status quo, promovendo anomia, caos e dano ao patrimônio publico. O MPL – meninos pagos por Lula e não movimento passe livre - estão corretos na indignação, mas não na ação.

O que chama a atenção é a intempestividade dos movimentos dos revolucionários tupiniquins. Onde estavam quando Lula tentou sozinho bancar a eleição do Brasil como palco da Copa do Mundo?  Se esqueceram do garoto-propaganda que com seu complexo de vira-latas fez de tudo para recebermos esse evento mundial? Foi ele sozinho que decidiu isso e o brasileiro concordou, na época.

Acham que se Copa do Mundo fosse boa coisa, a comunidade internacional nos daria esse presente?

Quem está errado? Eu ou vocês? Sempre é tempo de reconhecer o erro e nisso concordo, mas amea culpa é sinal de humildade.

 E quando ministros do STF se postaram como advogados de defesa de corruptos no STF? Não me lembro de manifestações, acusando isso.

Chegaram tarde os protestos?

Menos cartolina e mais conscientização.Menos coquetel que explode cabeças e cacos de vidros que cortam pescoços e mais cobranças, mais pesquisa, mais estudo e reflexão. Sem prejuízo de mudar de opinião mais tarde, sou com Nelson Rodrigues que diz(ia) que a unanimidade é burra...

O gigante acordou mesmo? Acho que ele está meio sonolento ainda. Há manifestantes de veia robespierrana saltada mas com os vasos cerebrais entupidos.

Paremos de atacar efeitos e não causas. Os revolucionários são analfabetos econômicos, desconhecem leis elementares de mercado, querem andar de graça de ônibus, ter mais direitos, sem contrapartida de deveres (cívicos que sejam), sem fazer uma “limpa pelas urnas”, retirando todo establisment político e a hegemonia cultural  midiática que informa como quer e segundo patrocínio de Governo.

Lembremos sempre: o cão não morde o mão que o alimenta.

A revolta tem que transmigrar-se para a urna, para a eliminação dessa hegemonia que grassa e que nos faz mansos pagadores de impostos. O experimento esgotou-se, vamos tentar outra coisa.

A medida anunciada pela Presidente me soa não mais como um tapa na cara, e sim uma cusparada cheia de muco catarral verde e amarelo.

Acredito num único protesto, num movimento da alta cultura, educacional, com viés fortemente filosófico, de baixo pra cima, não de cima pra baixo como sói, e esse eu apoio e até agito minhas bandeiras.

Veja que o movimento embora soe como despertar da consciência cívica, em termos pragmáticos é irrito. As empreiteiras amigas do Rei e da Presidenta (sic) já levaram o seu (e o meu) e os protestos não vão bloquear seus ativos no exterior ou nas Cayman.

Quanto ao pacto, o mesmo se configura uma listinha engendrada às pressas por uma equipe medíocre, feia por populistas da estipe de Aloizio Mercadante (vejam tese de doutoramento dele).

Não se pode aceitar isso, a bem de nossa virilidade cívica. Esse descaso, esse presente de grego.  Pão, circo e listinha de ultima hora não dá...

Veja os atores políticos que estão tirando casquinha e surfando na onda protestista. O chefe da quadrilha que sangrou as contas da República, Zé Dirceu – o homem da corrupção de Lula, do governo que Dilma era a toda-poderosa.

Marina Silva, uma populista demagógica, sem perfil, forjada no meio petista  e que aproveita da situação para balançar suas bandeiras estapafúrdias.

A inflação voltou, o Governo quer mexer em Constituição, temos manifestantes nas ruas o Brasil vai muito mal (confira neste sentido todos os dados econômicos fornecidos até por órgãos públicos). O momento inspira cuidados.

Sabem o que aconteceu com a maior manifestação que o Brasil viveu? Castelo Branco subiu ao poder e instalou-se a ditadura militar por mais de vinte anos.

Na Argentina, Néstor Kirchner tomou o poder após os conhecidos “panelaços” (os protestos por lá), seguido de sua esposa Cristina que levou o país a uma crise sistêmica. No lado de lá do globo, a Primavera Árabe não resolveu muita coisa.

As eleições estão próximas; conservemos o espírito critico até lá, vamos nos manter vigilantes e críticos; eu também, desejo baixos impostos, que corruptos apodreçam na cadeia, saúde no padrão Fifa, segurança no padrão Fifa  e escolas razoáveis.

Por isso, jaccuse; eu acuso o golpe, sem ser “reaça, burguês, das zelite ” como essas  mensagens idiotas que recebo semanalmente.

Nada de bolivarianismos oportunistas num país com potencial para ser tão prospero e decente.

Lembremos outrossim, conscientemente, dos Governos estaduais e de todas as Prefeituras.

Rejeitemos todos tipos de pactos, e exorcizemos o Brasil de TODA classe política, de todos socialistas, de todos os vermelhos, ratazanas, funcionários públicos  pendurados nas tetas de Prefeituras, vereadores que estão lá pra complementar renda, prefeitos que fazem assessores próximos enriquecerem-se rapidamente em um único mandato, esmolas estatais, promessas de campanha, super salários, mega-licitações.

A hora do basta é essa, tomemos consciência da situação, já é um grande passo - não é preciso nem necessário sair às ruas, insisto. Usemos mais o cérebro e menos os coquetéis molotovs e não aceitemos pactos nem listinhas apressadas.

Reservemos as listinhas para os supermercados, se a volta da inflação deixar...


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