Pressões, Interrogatórios e Aprisionamentos: A Ucrânia vai se russificando

Por Oksana Kowaltschuk

Com comentários de Anatoli Oliynik (Adaptação de uma conversa por e-mail - publicação autorizada)

"Respeitar todas as opiniões é desrespeitar a Verdade"

- Maria Matios, destacada escritora nacionalista ucraniana, denuncia que elementos da Procuradoria Geral andaram a sua procura no local onde residia anteriormente. Em carta aberta pede explicações ao Procurador Geral. Esclarece que desde o final do ano passado sua criação literária desperta atenção da Procuradoria e do Ministério do Interior. Também declara que sua editora foi visitada por pessoal da Procuradoria para que sua obra "Páginas Arrancadas da Autobiografia", que foi considerada Livro do Ano de 2010, fosse excluída das vendas. Não apresentaram documentos e, após um telefonema, apenas de longe mostraram algo como autorização e cópias xerocadas do livro. Também não haveria motivo para procurá-la no local de sua antiga residência, já que num piscar de olhos pode-se localizar qualquer pessoa em Kiev, não havendo necessidade de falar com antigos vizinhos, ou mostrar-lhes a tal autorização e cópias xerocadas do livro em questão.

- Já foram chamados para interrogatório mais de 100 (cem) participantes das manifestações dos pequenos empresários. Dois foram presos.

- No Zaporijja (terra dos cossakos) arrancaram a cabeça do monumento a Stalin. Foi colocada no lugar com auxílio de cola. Não adiantou, explodiram. Suspeitaram dos membros do VO "Tryzub" (ВО "Тризуб") em nome de Stepan Bandera e prenderam mais de dez

suspeitos. Em posse dos mesmos teriam encontrado armas, granadas, explosivos, etc. Alguns dos aprisionados encontravam-se em Ivano-Frankivsk, região oeste, portanto distante do Zaporijja, onde passavam o Natal com familiares. Por quê carregariam as armas e explosivos consigo? Ainda, como não se procuram outras pistas do "crime", as acusações são suspeitas. . . Segundo a notícia, num caso não houve apresentação de documento que autorizasse o aprisionamento. Então o alegado suspeito conseguiu reagir à prisão. Segundo o secretário da organização "Svoboda" é possível que os próprios construtores podem ser os autores para se livrar do odioso monumento e, ainda, exercer pressão contra os movimentos nacionalistas. também efetuaram uma busca na residência de um casal de escritores, que passavam o Ano Novo na casa dos pais da escritora em Zaporijja, sequestrando peças de computador, CDs, celulares, anotações de poesias, etc. Será que o casal ausentou-se da comemoração familiar e foi explodir o monumento? Duas pessoas foram aprisionadas na estrada, com confisco dos automóveis, um deles a esposa, e nem o advogado, conseguem localizar. Outros aprisionados não conseguem contratar advogado, já que estes são "aconselhados" a não se interessar pelos casos. Outro caso, aprisionado o pai com dois filhos sendo um menor de 18 anos. A mãe não consegue achar onde o filho menor está. Alguns foram aprisionados apenas por possuir brochuras de Stepan Bandera, ou camisetas com a frase "Agradeço a Deus por não ser moscovita!" , ou "Eu vivo na minha, dada por Deus, terra!". E um dos aprisionados, segundo a milícia possuidor de arma automática, apanhou tanto que não consegue falar ou movimentar-se. (Lendo esta reportagem eu lembrei do livro "Sussurros" e dos aprisionamentos dos "Inimigos do povo". Será que mudou alguma coisa? - OK).

Todos os aprisionamentos foram efetuados sem apresentação de documentos pela milícia.

- Fechados: Instituto de Memória Nacional e Museu da República Nacional Ucraniana ao qual pertenciam o Memorial das vítimas do(s) Holodomor(es) na Ucrânia, "Kholodnyi Iar" - memorial histórico nacional e Bykivnianski Mohyly" - memorial histórico nacional. Os funcionários estão sendo dispensados.

- Finalmente ex-Presidente Yushchenko, através de sua secretária, diz que a caçassão do título de "Herói" a S. Bandera foi para agradar a Kremlin e Moscou.

Comentários de Anatoli Oliynik

Os métodos são idênticos aos da ex-KGB russa, com uma diferença: os agentes da KGB chegavam e levavam na calada da noite e o cidadão nunca mais retornava para sua casa. A "KGB" ucraniana está mais discreta, estão aplicando a técnica da intimidação para calar a boca daqueles que os incomodam e para inibir novas adesões. Para isso fazem essas visitas a locais onde a vítima não está. Assim a "fofoca" se espalha como virus e as pessoas passam a ter receio. Alguns se transformam em delatores só para agradar.

A Ucrânia (Ukraína) está se russificando rapidamente. Logo, logo, será parte do novo bloco da URSS que está ressuscitando. O comunismo é como câncer. A vítima não têm chance. Tudo é uma questão de tempo e o câncer acaba matando o seu hospedeiro. É lamentável que no século XXI essa praga esteja tão disseminada pelo mundo todo.