quinta-feira, 8 de março de 2012

Há sim, um tsunami, mas não é de dólares: é de mentiras!


Ao ter usado da expressão de efeito com bons resultados políticos – o tsunami de dólares - Dilma Roussef deve ter dado uma piscadela e um sorrisinho de esgueira à sua colega alemã...
Por Klauber Cristofen Pires

As recentes reclamações junto à chanceler alemã Angela Merkel de que o Brasil está sofrendo um tsunami de moeda estrangeira, proferidas pela “presidenta” Dilma Roussef, e depois papagaiadas para a mídia pelo restante de sua equipe econômica remeteram minha memória quase como que automaticamente a outro momento histórico semelhante, para ser mais preciso, em 1999, em que os protagonistas no governo eram o então presidente Fernando Henrique Cardoso e seu ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Naquele ano, o Brasil encontrava-se extremamente dependente de recursos externos para fazer face à sua gigantesca dívida pública interna e externa, de modo que decretou um aumento da taxa básica de juros para a estratosférica marca de 45%! E lá se via o Sr Pedro Malan, com a cara brilhando de tanto óleo de peroba: “- esta medida é uma resposta para os especuladores!”
Se é incrível como a linguagem política consegue inverter a fama do mocinho e do bandido, mais fantástico ainda é não aprendermos nada com nossa própria e sofrida história. Afirmo isto porque praticamente nada encontrei na imprensa que desmascarasse tamanho ato de lesa-pátria, qual seja, o engano coletivo a que o governo submete a nação neste campo. Pelo contrário, esta age como um alegre cachorrinho a correr serelepe para buscar os releases que o governo atira quais fossem biscoitos ou suas bolinhas de estimação.
Muita gente leiga e honesta deve estar pensando como a entrada de moeda no país pode nos fazer mal, e muita gente leiga e desonesta deve estar repetindo as besteiras que assiste nos telejornais para seus amigos como se conhecedor do assunto fosse. Vamos as fatos, de forma simples, para que qualquer pessoa entenda: a verdade é somente uma: o governo brasileiro oferece taxas de juros muito maiores do que as praticadas por países de economia mais sadia, de modo que se torna atrativo emprestar-lhe dinheiro. Em outras palavras, o governo brasileiro está difamando justamente aqueles que lhes dão crédito.
Agora, leitor, responda: se um indivíduo que está atolado até o pescoço de dívidas por ter se entregado ao jogo de azar se dirige até o agiota e consegue convencê-lo de lhe conceder mais um empréstimo – desta vez a uma taxa de juros bem mais alta, justamente por causa do alto risco que o sujeito representa – será moralmente admissível xingar e culpar este último?
É certo sim, que há em curso uma expansão monetária mundial, mas neste campo o Brasil se comporta como o sujeito sujo falando do mal-lavado, vez que o padrão-ouro foi abandonado há muito tempo.
Sob o regime do padrão-ouro e das taxas de juros funcionando pelo próprio mercado para a calibragem dos seus investimentos - e não como instrumento de financiamento da prodigalidade estatal e manipulação macroeconômica no consumo, nada destas coisas teria lugar. O ouro poderia entrar ou sair pois seria uma moeda internacional, e seu uso seria destinado ao investimento, e não à despesa inflacionária.
Portanto, digníssimos leitores, não se deixem enrolar pelo economês brasiliense. Tudo isto não passa de malabarismos com a finalidade de aquietar o público. Já passa da hora de formarmos um público mais exigente que não se deixe engabelar, ainda que a mídia tradicional abdique da importância do seu papel. 

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