segunda-feira, 25 de junho de 2012

Oi-Velox: O calvário de um consumidor



Desde as duas últimas semanas, tenho cumprido um calvário que já não deveria mais acontecer no século XXI: reclamar junto à minha operadora de internet que realmente me forneça a velocidade contratada. São apenas 5 Mb! É pedir muito?
Por Klauber Cristofen Pires


São incontáveis ligações, nas quais você tem de estar previamente consciente e motivado de que terá de aguentar pelo menos uma meia hora segurando a raiva por estar lidando com um robô que o obrigará a percorrer um périplo de menus que ao final das contas, não terminam em lugar nenhum, entremeados por operações prévias do tipo “faça-isto-faça-aquilo” como condição para a vã esperança de dali por diante ser atendido por algum funcionário de carne e osso.
Se você conseguir, finalmente, passar por este circuito de lama com estacas, arame farpado e rajadas rasantes em meio a cobras e lagartos e galgar o selecionado nível de acesso a um dos atendentes, sem que neste momento caia a ligação ou o próprio alegue estar impossibilitado de atender porque o “sistema” esteja fora do ar, uma nova bateria de exames prévios vai ser solicitada, e mesmo que você tenha a certeza de que sua internet está um lixo por não conseguir assistir um vídeo no YouTube ou executar um aplicativo on-line, acabará ouvindo dos atendentes que a linha está boa, estável, e que o problema deve ser com o seu provedor de internet (O que tem a ver????), ou com o seu aparelho de modem, ou com a crise política do Paraguai, enfim, qualquer coisa, menos com a por...rcaria da operadora que deveria estar fornecendo os 5MB contratados, ao invés de normalmente um décimo(!) ou às vezes, um vigésimo(!!), como tenho medido diariamente!
No atual momento, eu consegui agendar, pela segunda vez, um técnico para resolver o problema. Na primeira vez, o técnico simplesmente não veio, e na segunda, foi-me dito que o próprio irá percorrer primeiramente a “central” para somente então, caso necessário (alguém ainda duvida que será?), comparecer à minha residência para verificar o problema “in loco”.
Como estou firmemente decidido a ir adiante, para desespero das minhas cãs, já antevejo percorrer mais uma vez toda esta “Grande Marcha Forçada da China” para defender o meu direito a receber o produto pelo qual estou pagando.
Não nego que as privatizações no sistema telefônico melhoraram a vida dos brasileiros. Que fique bem relembrado aos saudosistas do sistema Telebras/Companhias estaduais, que para se ter em casa um mero telefone eletromecânico era necessário desembolsar o equivalente a US$ 1,500.00 (mil e quinhentos dólares americanos) na Região Metropolitana de Belém. Em algumas áreas de São Paulo e Rio de Janeiro, uma linha equivalente não saía por menos de US$ 10.000,00 (dez mil dólares americanos)!
Ainda assim, as privatizações acabaram seguindo o modelo social-democrata de concorrência controlada, como se isso de fato existisse na vida real, de modo que acabamos na troca de um monopólio estatal por um oligopólio privado ou quase privado.
Segundo os cânones da macroeconomia keynesiana, a concorrência ideal pode ser estabelecida dentro de um número limitado de concorrentes mediante uma regulamentação que padronize os serviços, provendo desta forma ao consumidor o que se entende por informação perfeita. Antes que eu continue...uma besteira sem fim!
Uma verdadeira concorrência prescinde até mesmo de concorrentes! Basta, unicamente, que o acesso ao mercado pelos candidatos a concorrentes esteja garantido a qualquer tempo, e que as mais diversas formas de atendimento ao público - inclusive as que ainda não foram inventadas – estejam liberadas para serem postas em execução. O resto é com os consumidores. Ponto final!
De boas intenções o inferno está cheio, diz mui sabiamente o adágio popular! Agora me respondam: quem de vocês vai a uma padaria para comprar 10 pães e recebe qualquer número variável entre 1 e 4?
Notem como sempre são os serviços regulamentados pelo estado os que oferecem essas condições absolutamente estelionatárias: os bancos, que emprestam o mesmo dinheiro para João, Maria, Pedro, Euzébio...; as companhias de aviação, que praticam overbooking sobre passagens compradas; a gasolina, que pode conter qualquer substância em qualquer percentagem que não seja gasolina; as companhias de luz e de água e esgoto, para as quais você paga taxas mesmo que não haja uma lâmpada num poste a quilômetros de sua casa ou que o fornecimento de água e a coleta de esgoto prossigam sendo promessas para o século vindouro; e claro, mas sem esgotar a lista, as operadoras de internet, que alegam que você irá receber... “ATÉ” a velocidade contratada, mas que quase nunca chega nem perto da metade!
Uma empresa que esteja exercendo suas atividades em um autêntico regime de liberdade de mercado não há de descuidar do atendimento mais zeloso aos seus clientes, mesmo que atue sozinha no mercado e que eles não se declarem formalmente insatisfeitos, simplesmente porque a chegada de um novo concorrente poderá colocar a sua posição em sério risco.
Uma empresa que me obriga a tamanho desgaste não tem, como nunca teve, nenhuma intenção de bem servir, senão a de vencer-me pelo cansaço e pela resignação! Imaginemos quantas milhares de pessoas hoje recebem tais sofríveis serviços, resignadas, sem reclamar, já completamente descrentes de que possam fazer valer os seus direitos...
Eis aí mais um motivo concreto pelo qual sempre serei um defensor da livre iniciativa e da igualdade de direitos jurídicos! 

Um comentário:

  1. Mais justo seria se pagássemos ATÉ o valor x pelos serviço prestados ATÉ determinada qualidade/quantidade y.

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