Esta é a mentalidade brasileira: colocar um obstáculo no caminho dos outros!
Por Klauber Cristofen Pires
Manchete de capa do jornal O Liberal, de Belém, deste domingo, dá as contas: 129 lombadas se incrustram no caminho de cerca de 220 km entre a capital paraense e o município de Salinópolis, o balneário mais badalado do estado.
O que é uma lombada? Eu vou dizer: é a materialização inconsciente da mentalidade brasileira. A lombada é um estorvo colocado no meio do caminho. Isto é o que os brasileiros mais fazem entre si, em todos os aspectos da vida.
Dizem os moradores mais antigos que em apenas duas horas era possível cumprir-se este trecho; tal foi a época que consolidou-se o costume das famílias de se deslocarem para lá aos fins de semana. Hoje a cada pequena aglomeração de casas dispostas à beira do asfalto erguem-se as muretas do atraso, de modo que o mesmo percurso consome usualmente cerca de três horas e meia.
Por conhecê-las, afirmo peremptoriamente: todas elas estão em flagrante desconformidade com o que dispõe a atual legislação do trânsito. Na mais das vezes, são construídas pelos próprios moradores das margens das rodovias, com cimento, secamente íngremes e sem sinalização, o que representa um grave perigo para os veículos e seus ocupantes. Muitas vezes, elas são instaladas para viabilizar feirinhas.
Nos EUA, as rodovias federais foram construídas com o objetivo de comunicar uma costa à outra em apenas três dias. Não se sabe o que são quebra-molas por lá. Isto não faz parte da cultura deles.
Em outro artigo anterior, comentei sobre o sacrifício de ter enfrentado possivelmente mais de mil lombadas em uma viagem de passeio com meu carro particular pelo Nordeste. Cheguei mesmo a flagrar um enorme caminhão carregando aqueles gigantescos rolos de aço laminado - pasmem! - encalhado em uma delas!
É tanta lombada que eu já perdi o saco de ter de enfrentá-las em busca de algum lazer fora-de-casa. Desisti faz tempo! Além disso, em horas não convenientes as lombadas também se tornam estratégicos pontos de assalto. Parece-me agora que além de mim, outros cidadãos já estão também se cansando e preferindo o conforto de suas casas ou de algum clube na cidade. Quem perde com isto? Os próprios moradores destas áreas, claro. Nada mais estão fazendo do que isolar-se cada vez mais e mais!
Já está na hora de mudarmos de mentalidade, para então extinguirmos as lombadas. Nós temos de abrir os caminhos, não fechá-los. Ou queremos transformar as nossas estradas em trincheiras?
Caraca! 129 lombadas em 220km, é mais de uma pra cada dois quilômetros! Absurdo!!!
ResponderExcluirAcho que você está 100% certo na sua analogia, Klauber!
Deixa eu contar outro causo sobre esta praga que se espalhou pelo país. Num trecho de 45 quilômetros da Estrada do Mar, ao longo da costa gaúcha, existem 10 radares. Dizem que sevem para a "garantir a segurança" no trânsito. Uma estrada que deveria facilitar o acesso às praias, trata os usuários desse modo.
ResponderExcluirCá entre nós, o maior perigo das estradas continua sendo o código brasileiro de trânsito, cujas únicas medidas que propicia para "humanizar" o trânsito é criar proibições e aumentar as punições.