sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mais perseguição à carne

Por Klauber Cristofen Pires

Olhem este título: "Carne bovina: MPF aperta o cerco". Pois é com ele que o jornal Diário do Pará anuncia uma operação corrdenada entre o Ministério Público, o Ibama e a PRF com os requintes espetaculares de um filme policial.  

En quanto isto, o nível de assassinatos em Belém aumentou em 10% do último ano pra cá. Enquanto isto, Lula e Dilma festejam uma campanha eleitoreira contra o crack prometendo gastar boa parte de 410 milhões de reais em "prevenção" e tratamento". Enquanto isto, nada se faz contra os assaltos nas estradas e as invasões de terras.

No jornal o Liberal, desta segunda feira, um artigo assinado pelo economista Armando Soares dá o recado: "A ação ambientalista encobre sua verdadeira finalidade, que é o domínio dos mercados e da Amazônia."

A que ponto chegamos: proibir cristãos de criar gado virou crime! Como pudemos ter permitido isto? Nós estamos pagando para que os órgãos públicos persigam e prendam gente que produz comida como quem planta maconha ou produz cocaína, e com alto nível de prioridade! 

Mas, o que é o boi ilegal? Dizem que é o boi proveniente da lavagem de dinheiro, do desmatamento e da grilagem. Ora, ora, os invasores do MST, esta entidade que atualmente é a maior latifundiária do Brasil  - e também a maior devastadora da natureza  - recebem cestas básicas, financiamentos a juros simbólicos, e mesmo produzindo chongas, já contam de antemão com mercados externos previamente acertados. Sem dizer que o programa do biodiesel as inclui no seu projeto. Então fica muito claro que a questão aqui não é desmatamento ou invasão de terras, mas quem pode e quem não pode usufruir de tal privilégio.

Já a lavagem de dinheiro não se combate com perseguição aos bois, mas ao sujeito de direito. Quem quer que esteja com suas contas na justiça a dever, que tenha os seus bens retidos ou confiscados na forma da lei.

Cuidar de gado solto em áreas extensas tem sido uma tradição em todas as Américas, tanto no cerrado, quanto no pantanal e nas planícies do Rio Grande do Sul ou do Texas. São memoráveis as imagens registradas para sempre em belíssimos filmes, reportagens ou novelas, as mais ilustrativas da exaltação da vida em liberdade às quais que alguém já assitiu.

Agora não dá mais. Com intensa campanha midiática, o poder público se esmera para inculcar no público a idéia de que a carne amazônica - e por extensão - brasileira - não presta e é criminosa, incentivando as pessoas a boicotarem os produtos; os frigoríficos e supermercados, por sua  vez, sabendo que o público é incapaz de discernir, simplesmente opta por boicotar geograficamente o produto, instalando assim o caos econômico e o reino do terror.

Escrevo estas linhas porque algo pode ser mudado: é necessário que o público exponha a sua opinião reprovando tal atitude por parte das autoridades públicas e a reversão de tantas leis estúpidas, geradoras de injustiças, desemprego e fome. Somente uma opinião pública firme pode nos trazer a um estado da ordem.

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