terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vanguarda Popular:Experimento Econômico -Social em Cuba

Prezados leitores,

Apresentamos aos que ainda não conhecem o cáustico "Vanguarda Popular", de proriedade de Wellington Moraes, grande amigo de há anos, desde quando fundou o seu site Movimento Endireitar, para o qual eu colaborava com meus artigos, e que tive a oportunidade de recebê-lo aqui em Belém. 

Os textos do VP são escritos em humor picante e não obstante, certeiro. Nesta edição, reproduzimos o texto "Experimento Econômico-Social em Cuba", de autoria de Salvador Rubicundo. Boas risadas!

Experimento Econômico-Social em Cuba 
Escrito por Salvador Rubicundo   
A notícia da demissão de 500 mil servidores do Magnânimo, Estupendo, Fenomenal Líder Carismático Fidel Castro, para o período de 2012-2015, foi amplamente divulgada pelos veículos de comunicação imperialistas.

Fiquei chocado ao constatar que o Vanguarda Popular © não se valeu de uma linha sequer para engrandecer a Opus Magna do grande democrata cubano. (Trecho democraticamente censurado pelo Comitê Progressista para Liberdade de Expressão Democrática e Popular)

Companheiro Fidel. O maior líder progressista de todos os tempos.
Como Mestre e Doutor em Regimes Democráticos de Esquerda na América Latina pela USP, com estágio pós-doutoral em Relações Internacionais Subreptícias pela Universidade de Teerã, esclareço aos ideólogos de direita que a demissão em massa da massa de proletários cubanos não se concretizará da forma enviesada como foi apresentada pela mídia imperialista pequeno-burguesa. Trata-se de um experimento sociológico-econômico cubano que, apesar de sacrificar o ingente conforto desfrutado por alguns 500 mil camaradas, vai desmascarar de uma vez por todas a direita reacionária e lacaia do imperialismo ianque.

Antes que se diga que a decisão do admirável Líder se assemelha à repudiada política neoliberal consensualística washingtoniana implantada pelos inimigos da democracia latino-americana, adianto que a salutar medida castrense está situada, a bem da Verdade do Partido, a 360º das odiosas pretensões imperialistas, senão vejamos.

No jargão ideológico de direita, quando o capitalista demite em massa, no caso de uma crise que solape os fundamentos econômicos, está ele buscando a sobrevivência da empresa no mercado via redução dos custos de produção, o que permite que ele passe a operar em um novo equilíbrio entre oferta e demanda. Puro blá-blá-blá liberalóide academicista! A frase acima pode ser lida da seguinte forma: quando o capitalista demite em massa, ele quer nada mais nada menos que sacanear o proletariado. Isso porque o capitalista é um ser desalmado, obsedante, cuja voracidade pela extração da mais-valia em desfavor da classe proletária é o móbil de suas ações. Uma aberração moral. Em suma, um perigo para as nossas criancinhas.

Em contrapartida, quando nós, da vanguarda comunista, tomamos uma decisão da mesma magnitude, estamos visando ao bem maior da nação. Disso ninguém – mas ninguém mesmo - deve duvidar, pois, para a intelligentsia, somos nós, a vanguarda comunista, os impolutos bastiões da moralidade pública - e da privada também (E se duvidar vai para o paredão!).

Após uma decisão pensada materialista-histórica-dialeticamente pelos legitimamente auto-intitulados líderes cubanos, o governo decidiu, na luta contra o colonialismo ianque, partir em sentido oposto ao do igualmente democrata Ahmadinejad, legitimado nas urnas com 112% dos votos válidos.

O governo cubano, ao invés de produzir armas de destruição em massa para dissuadir seus adversários políticos, decidiu engendrar um experimento social para mostrar ao mundo que a aplicação de políticas capitalistas de mercado conduzirá a ilha ao colapso econômico, “nunca antes ocorrido na história daquele país” (LULA, 2015), pelo menos desde 1959.

Com isso, Cuba tornar-se-á um laboratório para experimentos políticos desvairados, com o nobre objetivo de trazer á baila a verdadeira verdade sobre o verdadeiro sistema econômico que deve prevalecer na face da terra: o socialismo bolivariano tropicaliente. Com a finalidade de provar que a economia de mercado não funciona, os líderes cubanos decidiram não mais gerir mercearias, sapatarias, alfaiatarias, padarias, confeitarias e outras “ias” mais, com o intuito de aumentar a produtividade da economia, a fim de torná-la mais eficiente, no sentido capitalista dos termos.

Os 500 mil de Cuba são, a bem da Verdade do Partido, voluntários patriotas que abriram mão de seus postos muito bem remunerados no governo cubano em prol do experimento que comprovará o não funcionamento das economias capitalistas.

Os caros leitores já devem ter percebido que os governantes cubanos almejam, por meio do sacrifício demonstrar, na prática, a falácia capitalista da mão-invisível. (A mão invisível não existe!)

Não que a administração cubana seja ineficiente no sentido capitalista da palavra. O regime socialista é superior ao capitalista em todos os aspectos. Cuba provou ao mundo que a igualdade é possível. Cuba é o país mais igual do planeta. Em Cuba, não existem empresários riquíssimos que extraem a mais-valia do proletariado. (a população cubana é pobre de lascar mesmo). Em Cuba, não existem analfabetos. Todos são estimulados, desde a mais tenra infância, a venerar os grandes pensadores da humanidade (Karl Marx, Gramsci, Mao e, como não poderia deixar de ser, o Superlativo Comandante). Em Cuba, o sistema de saúde é universal, tanto que é capaz de atender a totalidade da população que sofre de avitaminose decorrente do embargo norte-americano. Em Cuba, a população não é consumista como no império ianque porque o comércio se dá ao luxo de não vender produtos de luxo, tais como papel higiênico, sabonete e leite.

O que se quer, a bem da Verdade do Partido, com a demissão em massa a ser realizada pelo governo cubano é demonstrar aos reacionários de todos os matizes que medidas capitalistas arruinarão aquele paraíso tropical. Uma vez comprovada a irrefutável vitória do socialismo sobre o capitalismo - ainda que com alguns efeitos colaterais - espera-se que as oposições políticas latino-americanas às instituições representativas do povo se retirem humilhadas do proscênio político, a fim de abrir espaço para o socialismo bolivariano tropicaliente.

Mas se, por alguma razão alheia à razão dialética, não haja comprovação empírica do recente experimento social a ser promovido em Cuba, haverá sempre, para nós militantes de esquerda, a solução mágica do endurecimento com ternura.

Salvador Rubicundo, vermelho até a medula.

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