quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Marilena Chauí transforma inocentes em utilitários da revolução

Oráculo da revista “Cult” e de professores da UFG, a filósofa uspiana finge defender as instituições, mas seu violento discurso contra a classe média é uma pregação quase explícita do terror revolucionário.

O marxismo é uma ideologia política para a maioria das pessoas comuns. Já para a maioria dos intelectuais, ele é uma teoria científica, um instrumento de interpretação da realidade que continua atual, especialmente no campo da história e da sociologia, com ramificações em muitas outras disciplinas. O alemão Karl Marx (1818-1883) divide com o francês Émile Durkheim (1858-1917) e com seu compatriota Max Weber (1864-1920) o título de “Pai Fundador” da sociologia.

Além disso, ele é praticamente o único cientista social que, diretamente ou por intermédio de seus discípulos, influencia as chamadas “ciências duras”, como a biologia e a física. Todavia, o marxismo é mais do que uma teoria filosófica ou científica. Emendando Jean-Paul Sartre (1905-1980), o marxismo não é a filosofia insuperável de nosso tempo — ele se tornou a cultura da nossa época. Mesmo quem nunca abriu um livro de Marx, usa cotidianamente seus conceitos por força da hegemonia das ideias socialistas, começando pela concepção de capitalismo, que é um derivado marxista.
Um exemplo da força do marxismo é sua incrível capacidade de se adaptar ou distorcer a realidade, conforme sua conveniência. Como oficiante de um ritual religioso, o intelectual marxista realiza cotidianamente a transubstanciação da realidade, criando verdadeiros universos paralelos, através dos quais julga vivos e mortos. É o que faz, por exemplo, a filósofa Marilena Chauí, professora titular da Universidade de São Paulo (USP), em uma longa entrevista à “Cult” do mês de agosto. A capa da revista traz a foto da filósofa metida numa blusa “vermelho-dilma” com uma manchete encomiástica: “A lucidez de Marilena Chauí”. E o título da entrevista não é menos laudatório, transformando a fala da entrevistada numa admoestação: “Pela responsabilidade intelectual e política”. Aos 71 anos de idade e 46 de magistério superior, a filósofa — que, desde a crise do mensalão, parou de escrever na “Folha de S. Paulo” e de conceder entrevistas à grande imprensa — tornou-se uma espécie de oráculo da “Cult” e é saudada pela editora da revista, Daysi Bregantini, como “a maior referência intelectual do País”.

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Marilena Chauí, filósofa: amaldiçoando os burgueses e a classe média que, além de pagar seu salário, financiam suas palestras, livros e viagens

A afirmação é questionável, mas não deixa de ser verdadeira. Marilena Chauí talvez seja o único intelectual brasileiro que transita, com a mesma desenvoltura, tanto na ciência esotérica da pós-graduação quanto na didática do ensino médio, ajudando a formar gerações desde a década de 70. Ela foi um ícone da “Coleção Primeiros Passos”, da Editora Brasiliense, alcançando mais de 40 edições com o opúsculo “O Que É Ideologia”. Colaborou na Coleção Pensadores, da Editora Abril, e seu livro “Convite à Filosofia”, destinado ao ensino médio e publicado pela Editora Ática, já está na 14ª edição. Na outra ponta, é autora do que talvez seja o mais ambicioso tratado filosófico já escrito no Brasil: o livro “A Nervura do Real”, um estudo sobre Espinosa, com 1.240 páginas, anunciado como primeiro volume de sua reflexão sobre o filósofo holandês, filho de judeus portugueses. Para se ter uma ideia do prestígio da filósofa, “A Nervura do Real” foi publicado pela Companhia das Letras, com ampla divulgação na grande imprensa, quando o destino normal de tratados do gênero é o gueto de uma editora acadêmica, sem circulação comercial.

Filósofa patrocinada pela “mídia burguesa”
A despeito desse invejável currículo, que inclui o título de “doutor honoris causa” na Universidade de Paris (o primeiro conquistado por uma mulher brasileira), Marilena Chauí se mostra cada vez mais caótica em sua vã tentativa de conciliar o saber filosófico com a militância política. A filósofa uspiana parece viver num universo paralelo, ao ponto de atribuir ao fantasma do general Golbery do Couto e Silva os males da política atual, mesmo depois de dez anos de poder do PT. E Marilena só não se saiu pior porque o entrevistador, Juvenal Savian Filho, estudioso da filosofia medieval, foi seu orientando no doutorado de filosofia da USP e não fez nenhuma pergunta crítica para sua mestra, por quem nutre profundo respeito. O mote da entrevista são as manifestações de junho e, a partir delas, a filósofa discorre sobre a política brasileira, fazendo uma apaixonada defesa do Partido dos Trabalhadores. O que fica claro na entrevista é que Marilena Chauí nunca foi levada a sério pela cúpula do partido, que a vê como uma figura excêntrica, incapaz de compreender o pragmatismo da política. Quan­do ela atacou violentamente a classe média, no lançamento de um livro organizado por Emir Sader, Lula estava no encontro e se limitou a sorrir, condescendentemente.

Felizmente para Marilena Chauí, marxistas como ela não precisam do governo do PT — a sociedade capitalista os financia fartamente. Seu “Convite à Filosofia” é publicado por uma das maiores editoras didáticas do País, a Editora Ática, que integra o Grupo Abril, amaldiçoado pela esquerda por publicar a revista “Veja”, e suas palestras são regiamente financiadas pela direita, que gosta de pagar para apanhar. Em 13 de março deste ano, Chauí esteve em Goiânia, no “Café de Ideais” do Centro Cultural Oscar Niemeyer, órgão do governo de Goiás, proferindo a palestra “Democracia e Sociedade Autoritária”. Como sempre, ela atacou a democracia liberal e o capitalismo — e foi paga para isso (provavelmente de modo régio) por um governo capitalista, ainda por cima do PSDB, partido que ela costuma incluir, raivosamente, na “direita”. Pela lista de patrocinadores do evento, percebe-se que ela cuspiu no prato de um dos melhores restaurantes da cidade, onde deve ter comido, e se hospedou no mesmo hotel cinco-estrelas onde o músico Paul McCartney também ficou quando cantou em Goiânia. Além disso, teve o apoio da “mídia burguesa” (e põe burguesa nisso), representada pelo Grupo Jaime Câmara.

A palestra de Marilena Chauí na capital de Goiás ilustra o universo paralelo em que vivem os intelectuais de esquerda. Mesmo sendo financiada pela “burguesia” do Estado e falando para uma plateia de classe média (“desgraça” de seu imaginário), a filósofa não se mostrou capaz de compreender a essência da democracia, que ela reduz a um sistema de criação de “direitos” de mão única, sem se dar conta da contrapartida dos deveres. Bastava Chauí ter atentado para o nome do centro cultural em que pronunciou sua palestra — Oscar Niemeyer, típico representante da “esquerda caviar”, que morreu defendendo o comunismo à revelia de seus mais de 100 milhões de cadáveres. Se até um governo tucano, ao construir seu mais ambicioso centro cultural, rende culto a um comunista impenitente, e nele proliferam palestrantes de esquerda, com as bênçãos de dois intelectuais conceituados (os professores Nars Chaul e Lisandro Nogueira, da UFG), como é que Chauí ousa se encolerizar com o suposto poder hegemônico da direita, desmentido pela aceitação que ela e sua obra desfrutam?

Na entrevista à “Cult”, Marilena Chauí comporta-se da mesma forma. Ela demoniza a grande imprensa, acusando-a de ser porta-voz da “direita”, mas, já na primeira resposta, sem querer, ela reconhece que foi justamente a grande imprensa que deu vida para os manifestantes de junho atacarem os bancos e outros símbolos da elite burguesa. 

 
“Gatos pingados” da USP fomentam badernas
Senão vejamos. O professor Juvenal Savian lhe pergunta: “Qual foi a sua primeira reação ao ver tanta gente nas ruas durante as manifestações de 2013?” Marilena responde: “Um susto! Acompanhei as tentativas de manifestação do Passe Livre na USP e vi que o movimento não conseguia mais do que três gatos pingados para escutar. Nem digo participar da manifestação, mas escutar. Imaginei que iram para as ruas com cinquenta, cem pessoas. Então, levei um susto, pois não tinha entendido a relação entre o que eles estavam fazendo, ou seja, a fórmula clássica da mobilização, e o uso das redes sociais. Se eu soubesse que eles iriam usar as redes sociais, não teria me assustado, pois associaria com outros eventos que vi no mundo”.
 
Marilena Chauí é decana da USP e, como se sabe, a universidade pública é um dos ambientes mais informatizados do País. Ela própria se mantém em dia com a Internet, pois seu currículo Lattes foi atualizado em 12 de junho último. E, ao dizer que acompanhou as “tentativas” de manifestação do Passe Livre na USP, ela confessa que não soube do movimento por acaso, através de terceiros, depois que ele eclodiu; não, Chauí era uma observadora (simpatizante? orientadora?) do Movimento Passe Livre, pois sabia de sua existência ainda embrionária e já o acompanhava quando ele ainda não passava de uma “tentativa” de manifestação de gatos pingados dentro da USP e dificilmente seria “acompanhado” por pessoas que não estivessem diretamente envolvidas com ele, ainda mais uma decana septuagenária. Ora, se Marilena Chauí tinha esse envolvimento com os gatos pingados do Passe Livre ao ponto de acompanhar até mesmo suas “tentativas” de manifestação, como é que nunca imaginou que eles iriam usar as redes sociais para tentar mobilizar a sociedade?

É óbvio que Marilena Chauí tenta enganar seu leitor. Para não saber que os manifestantes iriam usar as redes sociais só se ela fosse uma pessoa autista (sem querer ofender os autistas). Seu fingido espanto é de conveniência. Ela não quer admitir que os gatos pingados do Passe Livre, insignificantes até dentro da USP, só foram ouvidos pelo País afora e pela presidente da República porque contaram com total apoio da imprensa, que, de forma ingênua, irresponsável e suicida, deu vida cívica aos devaneios virtuais de seus integrantes. O próprio fato de se ter a elitista USP servindo de criadouro para esse tipo de movimento radical é uma prova de que Marilena Chauí vive num universo paralelo, povoado pelas figuras fantasmagóricas de ricos burgueses pançudos e fumarentos, cujo esporte predileto é violentar os pobres e censurar seus críticos. Nem era necessário que vivêssemos sob a opressão da elite burguesa que Chauí enxerga (repetindo Lula) para que esses grupos radicais não existissem na USP. Bastava um regime verdadeiramente democrático, não refém da chantagem das minorias, para vermos os membros do Passe Livre e seus congêneres sumariamente expulsos da USP e das universidades públicas que, criminosamente, os homiziam.
 
Chauí, a tia-avó de Pablo Capilé 
A exemplo de todo intelectual de esquerda, como o legendário Sartre, Marilena Chauí não enxerga o mundo real, mas o mundo de seus desejos: se está num país comunista, vê tudo cor de rosa; se está num país capitalista, nada presta. Na entrevista, ele teve a coragem de afirmar textualmente, afrontando os fatos: “Na USP, quando há manifestações, a primeira atitude do reitor é chamar a polícia”. Ora, o que se costuma ver na USP, bem como nas demais universidades públicas do País, é a covardia de reitores e professores, para não dizer cumplicidade, diante dos profissionais de passeata travestidos de alunos. Esses militantes de partidos de esquerda buscam a reprovação voluntária para continuarem infernizando a vida da universidade, mesmo não passando de meia dúzia de “gatos pingados”, para usar a expressão da própria Chauí. Dinheiro público não é capim e se um aluno não retribui o investimento da sociedade em sua formação, preferindo dedicar-se a depredações do patrimônio público, deve é ser expulso não só da escola onde estuda, mas de toda a rede pública, até o ano letivo seguinte. É isso ou a educação no Brasil vai continuar de mal a pior, obstruída pela violência cotidiana e impune dos próprios alunos.

Mas a filósofa Marilena Chauí pensa justamente o contrário. Como integrante do Conselho da Cidade de São Paulo, convocado por Fernando Haddad (PT) depois das primeiras manifestações de junho, ela aconselhou o prefeito a transformar os “gatos pingados” do Movimento Passe Livre — que não foram eleitos por ninguém — em verdadeiros gestores da maior metrópole do País. Após defender Haddad, dizendo ele não foi ambíguo ao não revogar o aumento da passagem de imediato, Chauí faz a seguinte ressalva: “Faltou intuição política, pois Haddad poderia ter dito: ‘Vou revogar, mas convido o Movimento Passe Livre para uma reunião comigo e com o secretariado para fazermos um estudo de onde vamos tirar o subsídio’. Com isso, ele incorporaria o movimento à discussão de outros problemas da cidade e teria sido mais politizador. Haddad deu uma resposta técnica em um momento que pedia uma resposta política”. Reparem que Chauí tem 71 anos de idade e uma livre-docência, mas em vez de ralhar com a molecada do Movimento Passe Livre candidata-se a tia-avó de Pablo Capilé, deixando-se guiar por jovens incautos, que ela quer ver comandando a cidade ao lado do prefeito.

A concepção de democracia de Marilena Chauí é a mesma do “fora-do-eixo” Pablo Capilé — por sinal, seu colega no Conselho da Cidade de São Paulo, instituído pelo petista Fernando Haddad. Chauí vive criticando duramente a democracia representativa (a única possível) e, como fez em sua palestra em Goiânia, chega a demonizar o consenso (que constitui a essência do regime democrático), preferindo enaltecer o conflito permanente, fomentado pelas facções de esquerda, que julgam falar em nome do povo. Contradito­riamente, na mesma entrevista à revista “Cult”, logo depois de afirmar que Haddad deveria convocar o Movimento Passe Livre para ajudá-lo a administrar a cidade, Chauí — obviamente pensando no PT, expulso de algumas manifestações — lamenta que os manifestantes tenham se voltado contra a política institucional, formada pelos partidos, e diz temer que isso favoreça a manipulação dos movimentos pela direita, como se houvesse alguma direita organizada no País. Ocorre que, na cabeça de Marilena, até a “Folha”, o “Estadão” e a Globo, com novelas que mais parecem manifestos estudantis de esquerda, não passam de ferozes esbirros da direita.

 
Crítica aos manifestantes que antes ela apoiava
O sonho de Marilena Chauí era ver o Estado de São Paulo pegando fogo para que caísse por terra o único bastião de resistência (por sinal, muito frouxo) ao poder totalitário petista. Como as manifestações se generalizaram e acabaram chamuscando o PT, especialmente depois da atabalhoada reação da presidente Dilma Rousseff, Chauí acabou criticando os manifestantes que inicialmente apoiara. E só pelo fato de seu partido estar no poder é que a filósofa ainda finge respeitar as instituições democráticas e critica os grupos radicais que recusam a mediação dos partidos políticos. Na “Cult”, ela chamou de “pueril” a conduta dos manifestantes que arrebentam com a institucionalidade, o que levou o entrevistador a reconhecer que “há uma espécie de incitação à violência por parte de alguns líderes de movimentos sociais e intelectuais de esquerda”, com a palavra “esquerda” devidamente colocada entre aspas. Coitado de Juvenal Savian! Sua mestra quase o repreendeu por esta pergunta: “Olha, existe a violência revolucionária” — disse Chauí, e quase vemos seu olhar de reprovação.

Depois de fazer essa ressalva taxativa, Marilena Chauí passa a defender — com entusiasmo — o terrorismo, mascarando-o com a suposta nobreza da revolução. Vale a pena ler sua fala: “Olha, existe a violência revolucionária. Ela se dá no instante em que, pelo conjunto de condições objetivas e subjetivas que se realizam pela própria ação revolucionária, se entra num processo revolucionário. E, durante um processo revolucionário, a forma mesma da realização é a violência”. Notem que ela própria admite que “as condições objetivas e subjetivas da revolução” não estão dadas pela própria realidade — são provocadas pela ação dos revolucionários, que, feito bactérias morais, destroem o tecido social do qual se alimentam. É o que tem feito a esquerda no Brasil, sobretudo após a abertura política. As absurdas regalias legais para criminosos violentos, travestidas de direitos humanos, são um exemplo dessa ação revolucionária da esquerda, que visa criar um ambiente de anomia, propício a desesperar o cidadão e fortalecer o poder do Estado.
 
Pregando a violência revolucionária 
Mas Chauí vai mais longe. Sem explicar como é possível impedir que justamente os mais pobres sejam os principais ovos do omelete revolucionário (pois todas as promessas redentoras do gênero resultaram em milhões de cadáveres anônimos), ela deixa claro que o papel do movimento revolucionário é destruir a sociedade vigente para criar outra sociedade. “E isso se faz com violência, não é por meio da conversa e do diálogo”, enfatiza. E, sem querer, revela toda a ética amoral da esquerda, a ética da morte, a ética do mal travestido de bem, que levou o pensador francês Alain Besançon a considerar o comunista até mais perverso do que o nazista. Marilena Chauí prova isso ao discorrer sobre o que entende ser as formas de violência: “Porque a forma fascista é a da eliminação do outro. A violência revolucionária não é isso. Ela leva à guerra civil, à destruição física do outro, mas ela não está lá para fazer isso. Ela está lá para produzir a destruição das formas existentes da propriedade e do poder e criar uma sociedade nova. É isso que ela vai fazer. A violência fascista não é isso. Ela é aquela que promove a exterminação do outro porque ele é o outro”.

Notem o valor instrumental que a filósofa da USP confere à vida humana: para ela, a vida humana só tem valor até o momento em que terá de ser sacrificada em prol da revolução. É a mesma ética destruidora do pedagogo Paulo Freire, afirmada no best-seller “A Pedagogia do Oprimido”, manual de autoajuda marxista: “A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida”. Como já expliquei em outros artigos, essa frase de Paulo Freire é sua justificativa para os fuzilamentos sumários praticados pelos carniceiros da Revolução Cubana. Mas como o PT está no poder, não é hora de matar em nome da revolução, como explica sua colega de petismo Marilena Chauí: “Não estamos num processo revolucionário e por isso corremos o risco da violência fascista contra a esquerda (mesmo quando vinda de grupos que se consideram de ‘esquerda)”. Ou seja, se a violência dos manifestantes de junho se limitasse aos Estados governados pela oposição, sua violência seria revolucionária. Como ela atingiu até o cerne do poder federal em Brasília, então passou a ser fascista, na concepção da filósofa.

Mas Chauí quer se mostrar sensível e, fingindo não saber que o líder da Revolução Bolchevique foi o criador do terror e dos campos de concentração que inspirariam Hitler, afirma: “Eu me lembro de uma frase lindíssima do Lênin em que ele dizia assim: ‘Há uma coisa que a burguesia deixou e que nós não vamos destruir: o bom gosto e as boas maneiras’”. Ou seja, justamente Chauí, que revira os olhos e espuma a boca ao xingar a classe média de “desgraça”, aprendeu com Lênin que o único valor da burguesia que não pode ser destruído é justamente sua casca. Como bem sabe Lula, bom mesmo é terno de grife e uísque importado. Por isso, o filósofo Alain Besançon, no livro “A Infelicidade do Século”, definiu, de forma lapidar, a essência de esquerdistas como Marilena Chauí: “O comunismo é mais perverso que o nazismo porque ele não pede ao homem que atue conscientemente como um criminoso, mas, ao contrário, se serve do espírito de justiça e de bondade que se estendeu por toda a terra para difundir em toda a terra o mal. Cada experiência comunista é recomeçada na inocência”. E Marilena Chauí, com seu inegável talento, é quem melhor transforma os inocentes em meros utilitários da revolução. 


José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.

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