segunda-feira, 26 de maio de 2014

Adoções: Lavagem cerebral como requisito obrigatório?


Pretendentes a adoções estão sendo obrigados a frequentar cursos ministrados por ONG's. Onde está a isenção do estado e a liberdade de consciência e de crença garantida pela Constituição?

Por Klauber Cristofen Pires

Caros leitores,

Hoje eu vi na folha de São Paulo uma reportagem com o seguinte título: "Cai resistência à adoção de criança negra e mais velha" , de autoria de Natália Cancian.

Como tenho dito, trata-se de um assunto recorrente: a grita para que crianças negras sejam adotadas. Lá vez ou outra, como é o caso desta, as crianças com problemas físicos e mentais são lembradas, bem como as mais velhas. Todavia, o alvo da persistência é realmente as crianças negras. 

Eu reitero, antes de prosseguir, que nada tenho contra quem quer que seja que deseje adotar uma criança negra, assim como nada tenho contra quem aceite como seu filho uma criança mais velha ou que sofra de alguma deficiência física ou mental. 

Meu foco é outro: denunciar um provável constrangimento para que especialmente pais brancos adotem crianças negras, e lançar uma pergunta bem oportuna: onde estão os casais negros que não se dispõem a adotar crianças, sejam elas negras ou quiçá - por que não - brancas? Certamente que há uma boa parcela da população de cidadãos negros que reúnam condições suficientes para adotar. Então, porque a pressão deve recair somente sobre os brancos?

Desta feita, a reportagem da Folha fez-se especialmente reveladora: Caiu a resistência a adotarem-se crianças negras porque os casais são obrigados a frequentarem cursos ministrados por ONG's e varas da infância e da juventude, como destaco o trecho a seguir: 

"Para especialistas, ao menos três fatores explicam a mudança: a participação obrigatória dos candidatos a adoção em cursos oferecidos por ONGs e varas de infância e juventude, o trabalho de grupos de apoio e a maior divulgação do processo."

Muitas pessoas mais distraídas e acostumadas à intervenção estatal na vida íntima e privada podem não ver no relato acima nada de mais, porém aí se acastela um potencial núcleo de doutrinação ideológica. 

Ora, se ao menos em tese vivemos em um país que por meio da nossa Constituição nos garante a liberdade de consciência e de crença, porque é obrigatório que um casal pretendendo adotar tenha compulsoriamente de se submeter a um curso ministrado por....uma ONG? Onde está a neutralidade do estado? Pergunto ainda: e se o dito casal decidir manter as suas convicções que porventura sejam contrárias às da dita ONG', como passará a ser tratado pelos agentes do estado?

Tem mais nos dizendo que algo vai muito mal neste país: em uma conversa que travei recentemente com uma pessoa pretendente a adotar, com alto nível de instrução, economicamente estável e casada, revelou-se que tem sido obrigado a frequentar sessões de terapia (citou que seriam seis), para que possa obter um certificado de sanidade mental, e assim habilitar-se no cadastro de adoções. Ora bolas, se é assim para alguém adotar, por que não seria para qualquer um  - igualmente - para fazer um filho?

Evidentemente, não estou pleiteando aqui que os cidadãos tenham de se submeter a exames psicológicos antes de procriarem, mas evidenciar que tal exigência imposta sobre um pretendente a adotar é atroz ridícula, uma vez que vivemos em um país onde deveria prevalecer um regime de liberdades civis, o que significa que os cidadãos devem ser considerados pessoas de bem por princípio ex ante. No caso, um certificado de nada consta policial já seria suficiente. 

Lobbyes para criação de cotas raciais e agora, para cúmulo do absurdo, em empregos públicos, existem aos montes. Será que existe uma só ONG para apelar aos negros adotarem uma criança abandonada? 

3 comentários:

  1. Seus comentários mostram que você não entende nada do que está falando. As pessoas devem sim frequentar cursos preparatórios antes de adotar, principalmente para desfazer ideias errôneas como a sua. Alem disso, devem apresentar atestados de saúde física, mental e bons antecedentes. O perfil da criança a ser adotada é ela quem escolhe. Quem quer um bebê vai adotar um bebê e continuará sendo bem visto por quem trabalha com adoção. Se seu conhecido não achou uma boa ideia frequentar seis sessões de terapia para conseguir um atestado, deveria ter procurado outro profissional. Eu também nao acharia. Quanto ao seu preconceito, fique tranquilo: a maioria das pessoas continua querendo adotar bebês brancos....

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  2. Por que uma pessoa "com alto nível de instrução, economicamente estável e casada" não pode precisar de sessões de terapia?? Pensamento mesquinho! Mas o pior é o racismo explícito do texto. Ninguém é obrigado a adotar crianças negras. Ninguém é obrigado a adotar. Mas um trabalho de conscientização é mais que necessário. Todo mundo esquece que a adoção existe para as crianças que não têm família e não para os casais que não têm filhos. Se não existisse sequer uma criança para adoção, o Estado não teria obrigação de "fabricar" crianças para os casais sem filhos. O instituto da adoção existe para a criança. O que os grupos fazem é tentar mostrar a criança real que está nos abrigos. Falar de pais brancos com filhos negros como se pais brancos fossem o supra sumo da humanidade é o supra sumo da ignorância e estupidez.

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  3. Sras. Fernanda e Marluce: em uma sociedade livre, os cidadãos são reputados como pessoas de bem,a priori. Com relação ao estado obrigar alguém a frequentar esta ou aquela ONG, o problema é faltar-lhe a isenção. Vejo nisto uma forma de prevaricação. Além do mais, em uma sociedade livre, vigora em princípio a liberdade de consciência e de crença, de modo que qualquer curso obrigatório, nesta área, configura-se como uma forma de intervenção sobre o indivíduo. Por outro lado, não vejo mal nenhum que esta ou aquela ONG ofereça-se para falar com o casal ou indivíduo pretendente à adoção, desde que este aceitem ouvir. Sugiro lerem outros artigos que já escrevi com a tag Adoções.

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