Por Ricardo Bergamini - Base: Fevereiro de 2011
Produção industrial cresce 1,9% em fevereiro
Em fevereiro de 2011, já descontadas as influências sazonais, a produção industrial avançou 1,9%, o resultado mais elevado desde março de 2010 (3,5%). Na comparação com igual mês do ano anterior, o total da indústria registrou expansão de 6,9%, acima dos 2,4% registrados em janeiro último. Assim, o setor acumulou crescimento de 4,6% no primeiro bimestre de 2011. O indicador acumulado nos últimos doze meses, ao avançar 8,6% em fevereiro, prosseguiu com redução no ritmo de crescimento e registrou a expansão menos intensa desde agosto de 2010 (9,8%).
A elevação do ritmo da atividade industrial em fevereiro (1,9%) atingiu 17 dos 27 ramos industriais. A evolução do índice de média móvel trimestral também mostrou incremento em fevereiro (0,5%), interrompendo dois meses seguidos em que apontou variação de -0,2%. No confronto com igual mês do ano anterior, o setor industrial assinalou expansão de 6,9%, ritmo mais intenso que o observado nos meses de dezembro (2,5%) e de janeiro (2,4%), influenciado não só pelo perfil de crescimento bastante disseminado entre as atividades industriais, mas também pelo efeito calendário, uma vez que fevereiro de 2011 teve dois dias úteis a mais que fevereiro de 2010. Com isso, o total da indústria acumulou expansão de 4,6% no primeiro bimestre de 2011, resultado acima do índice do quarto trimestre do ano passado (3,3%), ambas as comparações contra igual período do ano anterior. Entre as categorias de uso, esse movimento ficou bem marcado nos setores de bens de consumo duráveis, que saltou de 1,5% para 11,7% entre os dois períodos, e de bens de capital (de 7,0% para 13,1%). O segmento de bens de consumo semi e não duráveis, embora mostre ganho entre o 4º trimestre de 2010 (1,6%) e o 1º bimestre de 2011 (2,4%), permaneceu com desempenho abaixo da média da indústria nos dois períodos. Por outro lado, o setor de bens intermediários foi o único que assinalou redução no ritmo de crescimento, ao passar de 3,9% para 2,4%.
Entre os ramos, 17 registraram alta e 10 tiveram queda em fevereiro
Dos 27 setores pesquisados, 17 apresentaram expansão, com alimentos, que cresceu 6,7%, e veículos automotores (4,7%) exercendo as maiores influências sobre o total da indústria. Enquanto o primeiro ramo, após recuar 5,2% entre setembro e dezembro, avançou pelo segundo mês seguido e acumulou ganho de 7,7% nesse período, o segundo eliminou a queda de 4,2% assinalada em janeiro último. Também merece destaque as contribuições positivas vindas de produtos de metal (7,0%), metalurgia básica (3,3%), equipamentos médico-hospitalares, ópticos e outros (11,0%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (6,7%) e bebidas (2,8%). Por outro lado, as principais pressões negativas vieram de outros produtos químicos (-3,7%), edição e impressão (-4,0%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-5,7%).
Ainda na comparação com o mês anterior, o segmento de bens intermediários (1,3%) alcançou o resultado mais elevado entre as categorias de uso, revertendo as duas taxas ligeiramente negativas de dezembro de 2010 (-0,1%) e de janeiro de 2011 (-0,3%). A produção de bens de capital (0,9%) ficou positiva pelo segundo mês consecutivo, acumulando nesses dois meses ganho de 2,2%. Os setores de bens de consumo semi e não duráveis (-0,2%) e de bens de consumo duráveis (-2,3%) apontaram os resultados negativos, com ambos devolvendo parte das expansões assinaladas no mês anterior: 0,5% e 6,1%, respectivamente.
Média móvel trimestral ficou em 0,5%
Com o resultado de 1,9% registrado em fevereiro, o índice de média móvel trimestral mostrou acréscimo de 0,5% na passagem dos trimestres encerrados em janeiro e fevereiro, após apontar variação negativa de 0,2% nos últimos dois meses. Ainda em relação ao movimento deste índice na margem, o destaque ficou com a produção de bens de consumo duráveis que assinalou crescimento de 1,1% e manteve a sequência de taxas positivas iniciada em setembro último. Os demais resultados positivos foram observados em bens de capital (0,5%) e em bens intermediários (0,3%), que prosseguiram com a trajetória ascendente iniciada em outubro de 2010. O setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis ficou estável em fevereiro (0,0%), após apontar -0,4% em dezembro de 2010 e -0,1% em janeiro de 2011.
Na comparação com fevereiro/2010, veículos automotores puxaram crescimento
Na comparação com fevereiro de 2010, a produção global da indústria mostrou expansão de 6,9%, 16ª taxa positiva consecutiva nesse tipo de confronto, ritmo mais intenso que os resultados observados em dezembro (2,5%) e janeiro (2,4%). O perfil de crescimento em fevereiro deste ano foi generalizado, com todas as categorias de uso, 22 das 27 atividades, 56 dos 76 subsetores e 61% dos 755 produtos investigados sustentando taxas positivas. Entre as atividades, veículos automotores (24,1%) exerceu a maior influência positiva na formação da média da indústria, seguida por máquinas e equipamentos (9,5%), alimentos (6,2%), outros equipamentos de transporte (23,7%), produtos de metal (10,4%) e equipamentos médico-hospitalares, ópticos e outros (40,0%). Em termos de produtos, os destaques nesses ramos foram: automóveis, caminhão-trator, caminhões e veículos para transporte de mercadorias; aparelhos de ar condicionado, aparelhos carregadoras-transportadoras e motoniveladores; biscoitos, bolachas e carnes e miudezas de aves; aviões e motocicletas; estruturas de ferro e aço, partes e peças para bens de capital e fechaduras; e relógios. Por outro lado, entre os cinco setores que registraram taxas negativas, o principal impacto ficou com outros produtos químicos (-8,7%), pressionado pela menor produção em aproximadamente 50% dos produtos investigados no setor, por conta especialmente da paralisação não programada para manutenção em razão dos efeitos do desligamento do setor elétrico que afetou a região Nordeste no início de fevereiro. Nesta atividade, as influências negativas mais relevantes vieram dos recuos na fabricação dos itens etileno, herbicidas para uso na agricultura, policloreto de vinila, propeno e polietileno.
Entre as categorias de uso, os índices foram positivos para todos os segmentos no confronto com fevereiro de 2010, com os setores de bens de capital (17,9%) e de bens de consumo duráveis (17,4%) apontando as taxas mais acentuadas. O primeiro segmento, que registrou a expansão mais elevada desde agosto de 2010 (26,4%), teve seu resultado influenciado pelo crescimento na maior parte dos seus subsetores, com destaque para bens de capital para equipamentos de transporte (27,8%), para uso misto (15,2%), para construção (28,8%) e para energia elétrica (6,5%). O desempenho de bens de consumo duráveis, que também ficou acima da média da global (6,9%), foi explicado em grande parte pelo avanço na fabricação de automóveis (24,3%), vindo a seguir os resultados positivos observados em eletrodomésticos de “linha branca” (3,7%), motocicletas (42,3%), telefones celulares (35,5%) e artigos do mobiliário (3,4%).
Ainda no confronto com fevereiro de 2010, avançando abaixo do total da indústria figuraram os setores produtores de bens intermediários (4,1%) e de bens de consumo semi e não duráveis (3,6%). No primeiro segmento, que acelerou o ritmo de crescimento frente aos resultados de dezembro (2,6%) e de janeiro (0,8%), a expansão de fevereiro foi impulsionada pelo acréscimo em praticamente todos os seus subsetores, com destaque para os produtos associados às atividades de veículos automotores (16,1%), indústrias extrativas (4,6%), minerais não metálicos (7,8%), refino de petróleo e produção de álcool (2,6%), produtos de metal (11,3%) e borracha e plástico (6,7%). Foram mantidos os resultados positivos nos grupamentos de insumos para construção civil (12,2%), 16ª taxa positiva consecutiva, e de embalagens (0,9%), com dezessete meses de crescimento. Na indústria produtora de bens de consumo semi e não duráveis (3,6%) o índice foi positivamente influenciado pelos grupamentos de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (6,2%) e de outros não duráveis (2,7%), impulsionados em grande parte pelos itens cervejas, chope, biscoitos, bolachas e carnes e miudezas de aves congeladas, no primeiro setor, e medicamentos no segundo.
No acumulado de 2011, 23 das 27 atividades tiveram crescimento
No indicador acumulado do período janeiro e fevereiro de 2011, frente a igual período do ano anterior, o avanço de 4,6% também teve perfil disseminado de expansão, atingindo todas as categorias de uso e vinte e três atividades. O ramo de veículos automotores, com acréscimo de 16,1%, se manteve como o de maior influência positiva na formação do índice geral, impulsionado pela expansão na produção de 79% dos produtos pesquisados no setor, com destaque para a maior fabricação de automóveis e caminhões. Outras contribuições positivas relevantes sobre o total nacional vieram de máquinas e equipamentos (8,2%), outros equipamentos de transporte (17,6%), indústrias extrativas (5,1%), alimentos (2,7%) e equipamentos médico-hospitalares, ópticos e outros (30,4%). Em sentido oposto, entre os quatro ramos com queda na produção sobressaíram os recuos vindos de outros produtos químicos (-5,2%) e de têxtil (-7,1%).
Entre as categorias de uso, o perfil dos resultados para o primeiro bimestre de 2011 confirmou o maior dinamismo em todos os segmentos, com destaque para bens de capital (13,1%) e bens de consumo duráveis (11,7%), que registraram crescimento bem acima da média da indústria (4,6%), enquanto que bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis, ambos com expansão de 2,4%, cresceram de forma menos acentuada.
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