segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Uma cega falando pra cegos

Sra. Dilma: é a economia que gera empregos, e não o contrário!

Por Klauber Cristofen Pires
No programa semanal radiofônico levado ao ar no dia 07 de novembro de 2011, que leva o nome de “Café com a Presidenta”, a mandatária Dilma Roussef declarou que a crise econômica mundial, que está abalando, principalmente, os países da Europa e os Estados Unidos, não pode ser resolvida com desemprego e muito menos com a redução dos direitos trabalhistas. A questão do desemprego é extremamente preocupante”.
Preliminarmente, manifesto meu ceticismo de que a suprema mandatária do país tenha formulado uma frase tão complexa de improviso. Deve ter lido o que lhe escreveram, pelo que já merece nossos aplausos.
Agora sim, quanto ao problema do desemprego, é que vamos fazer uma pequena análise. Para tanto, peço ao leitor para perceber como se exerce o modus operandi característico da mentalidade burocratista-intervencionista do PT e de toda a esquerda:
Por meio de dados estatísticos, colhe-se um dado qualquer, e se por alguma razão os barbudos de carteirinha entendem que os números não estão satisfatórios, põem-se-lhes a impor a tal medida corretiva estatal que creem fanaticamente como necessária e vital para corrigir “as distorções da sociedade”.
A coisa funciona assim mesmo: determinada pesquisa constatou que a maioria dos jovens que não conseguem emprego não possuem nenhuma experiência no mercado de trabalho. Então os sabichões coçam aquelas cabeças infestadas de piolhos e fedendo a maconha fumada e chegam à conclusão “ - Ah, o problema então é este?” Pois vamos inventar uma simulação de empreguinho que sirva para constar no currículo da garotada...
Obviamente, nenhum deles raciocinou que os jovens sem experiência profissional não foram excluídos por falta de experiência, mas preteridos em um mercado limitado justamente por outras intervenções estatais anteriores. Se acaso todos tivessem alguma experiência profissional, ainda assim seriam contratados os mais experientes, e deixados para trás os de currículo mais tímido. É assim que funciona.
O problema é que toda intervenção estatal desemboca numa deturpação das condições preexistentes, gerando com isto novos problemas. De fato, como este articulista já havia anunciado, um apoio explícito do estado que crie privilégios para que jovens obtenham seu primeiro emprego em uma economia estática ou cuja dinâmica seja insuficiente para absorver toda a oferta de mão de obra só pode resultar no último emprego para os mais velhos. Agora adivinhem onde o governo vai jogar os panos para conter o alagamento incessante? Claro, no aviso-prévio, isto é, criando dificuldades para a demissão sem justa-causa.
No final, a economia restará tão cheia de arames, remendos e durepóxi, que nenhuma previsibilidade pode ser possível, nenhum acordo cumprível, nenhum preço praticável, nenhuma inovação imaginável.
Como uma cega falando para míopes, a tentação de Dilma Roussef em emular o besteirol inconsequente do seu padrinho político já lhe rende, quando muito, os bocejantes ouvidos protocolares no exterior, e conquanto os esforços da mídia nacional em fazer de tais micos notícias ufanistas por terras canarinhas ainda lhe valham a popularidade que desfruta, a verdade é que sempre a economia – o mercado - é que há de gerar os empregos, e nunca o contrário. É o cachorro que abana o rabo, e não o rabo que abana o cachorro.
O socialismo chegou atrasado nos Estados Unidos. Na terra onde as leis trabalhistas foram por primeiro inauguradas, quando estas chegaram impondo o salário mínimo, os americanos já recebiam em média muito mais; quando vieram as leis impondo o uso de equipamentos de proteção individual – EPI's, os nativos daquelas bandas há muito já faziam uso deles, bem como de seguros de vida e contra acidentes totalmente privados; quando foram promulgadas as leis que proibiam ou limitavam o trabalho infanto-juvenil, os jovens americanos já há muito estavam na escola.
Invenções tipicamente americanas tais como o supermercado com o sistema pegue-e-pague, a lanchonete na qual você mesmo descarrega a bandeja no coletor de lixo, o posto de gasolina onde o próprio condutor abastece seu carro e as máquinas de refrigerantes, de sopas e de outros tipos de alimentos, nasceram de uma necessidade criada nos séculos XVIII e XIX – a de conciliar a extremamente alta produtividade da economia com a cada vez mais limitada oferta de mão de obra.
Em outras palavras, não havia tantos americanos nascendo que pudessem continuar a ser utilizados nas tarefas mais comezinhas. Os salários começaram a ficar muito altos que alguém pudesse desperdiçá-los – por exemplo – para guarnecer uma bomba de gasolina.
No Brasil, ao contrário, o excedente populacional em relação ao aventureiro empreendedorismo sempre ensejou as políticas trabalhistas. Aqui, é proibido vender combustível sem contratar frentistas. Esta não é uma lei de segurança de abastecimento: é uma lei trabalhista. Igualmente, na grande nação do norte, a tradição libertária, que defende a em primeiro lugar a autonomia do indivíduo, permite-lhe, segundo sua própria consciência, optar por se defender sozinho perante um tribunal ou valer-se de um advogado. No Brasil, isto é proibido, porque a lei atende a um objetivo que não é o direito ou a defesa do cidadão, mas sim o da garantia de emprego aos advogados.
Esta é a receita que D. Dilma eloquentemente tem bradado alhures, e que nem ao certo temos certeza se ela acredita no que fala, já que mais parece estar constante e desconfortavelmente desempenhando um papel.    

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