terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Agência de notícias do governo federal admite erro e nega mortes no Pinheirinho… e daí?


Capitalização política petista: Agência Brasil difama na alta e se desculpa na baixa.  


Extraído do blog do Luciano Ayan



Fonte: UOL


A Agência Brasil, pertencente a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) –rede pública do governo federal– divulgou nota nesta segunda-feira (6) reconhecendo erro em uma reportagem que afirmava haver mortos no processo de reintegração de posse ocorrida na região do Pinheirinho, em São José dos Campos.


A reportagem da Agência Brasil foi ao ar no dia 23 de janeiro e chegou a ser destacado na manchete do UOL. O texto foi também citado ou republicado por diferentes veículos de imprensa nacionais e internacionais.


Na ocasião, a Agência Brasil afirmou, baseada em declarações de Aristeu César Pinto Neto, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e também advogado dos moradores desalojados, que havia mortos na ação policial. As autoridades dos governos estadual e municipal negaram a informação. “Não houve a devida checagem da veracidade da informação sobre supostos mortos na operação de reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho”, afirma a rede pública.


Leia a íntegra da nota:


Agência Brasil reconhece erro em notícia sobre mortes no Pinheirinho


A Agência Brasil errou no processo de apuração, edição e publicação da notícia OAB de São José dos Campos diz que houve mortos em operação no Pinheirinho, no dia 23 de janeiro. A notícia foi publicada com base em entrevista concedida à TV Brasil pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto. No entanto, não houve a devida checagem da veracidade da informação sobre supostos mortos na operação de reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho.


A entrevista foi gravada por uma equipe da TV Brasil que se deslocou para São José dos Campos, mas a parte que denunciava a morte não foi utilizada no noticiário televisivo por falta de confirmação ou comprovação. No entanto, a reportagem da Agência Brasil em São Paulo teve acesso à íntegra da gravação e considerou a informação relevante e suficiente para ser publicada, tendo em vista o advogado ter se apresentado como representante de uma instituição respeitável.


A Agência Brasil, embora tenha atendido a exigência de identificação da fonte da informação, não seguiu os demais procedimentos da boa prática de apuração, como recomenda o Manual de Jornalismo da Radiobrás, que ainda está em vigência.


“O jornalismo deve procurar o equilíbrio. O equilíbrio é o cuidado de ouvir os principais envolvidos e de apurar os aspectos mais importantes da notícia, para reportar os acontecimentos com objetividade. Ao apurar um fato, o jornalista deve analisar o interesse de cada pessoa ou grupo a ele relacionado. Tem que se perguntar quem é o afetado pela notícia e ir além da velha agenda de fontes, trazendo novos interlocutores para comentar o tema.


Ouvir sempre dois ou mais lados distintos de uma questão é fundamental  para a equidade e para o desenvolvimento do trabalho de qualidade que a Radiobrás se propõe a fazer. Fontes da sociedade civil organizada devem ser consultadas e cidadãos não organizados devem ser considerados. A edição tem que se estruturar  de maneira igualitária e seguir o bom senso. Cada personagem deve ocupar um tempo proporcional a sua importância relativa dentro da notícia. Quem foi criticado deve ter chance de responder”, diz o texto.



O Manual de Jornalismo da EBC, que está em fase de revisão, é claro ao exigir rigor nesse tipo de apuração. “Toda denúncia deve ser confirmada antes de ser publicada. A apuração de uma denúncia deve manter o seu caráter jornalístico, ou seja, a intenção de buscar informação para o cidadão não se confundir com a atuação da polícia, do Ministério Público ou de qualquer outro ente oficial de investigação. Se a denúncia tiver origem no trabalho do Jornalismo da EBC e não estiver publicizada por qualquer outro meio, deve-se conceder ao denunciado um prazo até 24 horas para sua manifestação”, diz o texto.

Neste caso, a denúncia estava publicizada, não apenas em redes sociais, mas até na imprensa internacional, que, antes mesmo da Agência Brasil, já mencionava a suposição de mortes. No entanto, a gravidade da denúncia requeria ao menos outra fonte fidedigna que a corroborasse.

Faz-se necessário assegurar aos nossos leitores que não houve má-fé da Agência Brasil ao publicar a matéria. Tampouco houve submissão desta agência a qualquer interesse de natureza política. O que ocorreu foi um erro jornalístico diante de uma situação de poucas e controversas informações em uma situação tumultuada.

A gravidade dos fatos e a urgência em noticiar informações sobre o assunto também levaram outros veículos a noticiar a possível ocorrência de mortes no conflito de Pinheirinho. É o caso do jornal britânico The Guardian, que informou ter recebido informações da mídia social que tratavam o despejo como um “massacre” e sobre a ocorrência de mortes não confirmadas.

“Ao longo do domingo [22], sites de mídia social estavam cheios de relatórios apocalípticos de um suposto “massacre” na comunidade. Um e-mail, enviado aos meios de comunicação internacionais, afirmou que havia relatos de que pessoas haviam sido mortas. A maior rede de TV do Brasil, a TV Globo, descreveu o despejo como “uma operação de guerra”, publicou o jornal britânico, na segunda-feira (23), às 15h27.

A matéria da Agência Brasil foi publicada às 17h30.

As informações controversas, no entanto, não justificam a falta de rigor nos procedimentos de apuração da notícia. No mesmo dia, às 22h15, a Agência Brasil publicou a matéria Terreno do Pinheirinho deve R$ 16 milhões em impostos, diz prefeitura de São José dos Campos, na qual o prefeito do município, Eduardo Cury, negava a ocorrência de mortes.

No dia seguinte, a Agência Brasil publicou uma reportagem com a negação da existência de mortes. A matéria Autoridades negam que tenha havido morte durante desocupação em São José dos Campos foi publicada às 14h01 de terça-feira, dia 24.

Para evitar o mau entendimento do leitor, a Agência Brasil ainda anexou à primeira matéria, que tratava da possibilidade de mortes, o link da segunda, que desmentia a informação. Além disso, cuidou de acrescer à primeira matéria uma explicação sobre o ocorrido.

A Agência Brasil reconhece, no entanto, que uma vez publicada uma informação, mesmo de uma fonte supostamente crível, sem a devida checagem, foi cometido um erro de difícil reparação. Ampliado pelo fato de o título da notícia não ter deixado claro que a informação era do presidente da Comissão de Direitos Humanos, e não da OAB.

Reconhece também que a tentativa de correção do erro no noticiário seguinte foi insuficiente. Deveria ter sido enfatizada para alcançar a mesma amplitude da denúncia incomprovada.

Por isso, a Agência Brasil está reorientando seus profissionais e revendo seus procedimentos internos para evitar que erros como esse ocorram novamente em seu noticiário.

Meus comentários

Epa, epa… vamos com calma.

Quer dizer que agora no jogo político vale inventar que um outro gerente é fraudador, armar o cenário para ele ser demitido, esperar ele ser demitido e depois dizer “foi mal aí, desculpa a informação errada”?
Agora são essas as regras do jogo?

Vejamos as novas regras:

Divulgar uma mentira, intencionalmente

Capitalizar politicamente durante algum tempo (no caso, quase 2 semanas)

Depois do capital político obtido, divulgar uma “desculpa”, como se fosse um “erro” (mas cuidar para que essa desculpa seja fornecida em um momento em que a poeira estiver baixa, e portanto o ganho político não será perdido)

Se o governo de São Paulo for TÃO INGÊNUO a ponto de aceitar essas desculpas, é sinal de que gostam de apanhar.

Cada vez mais o estado federal aparelhado vai usar sua máquina, implantar notícias falsas sobre os oponentes, capitalizar politicamente durante algum tempo e depois mandar um recado dizendo “foi mai aí”. Só que esse recado de “desculpas” não será sequer percebido pela opinião pública, pois quando as “desculpas” forem dadas ninguém mais estará interessado no assunto.

Há duas semanas, o assunto era o Pinheirinho. Agora, o assunto é a greve da PM na Bahia.

Divulgar um pedido de “desculpas” agora que o assunto Pinheirinho não gera mais alarde é uma ação de extrema perspicácia política (embora totalmente maquiavélica) por parte do Governo Federal. Aceitar as desculpas que nesse momento não valem mais nada é por sua vez um ato de uma ingenuidade somente aceitável se vier de um garoto de 13 anos.

Vamos aos fatos: a notícia foi publicada no dia 23 de janeiro. A “desculpa” só veio no dia 6 de fevereiro. Tanto tempo para “descobrir” que não haviam evidências de mortos no caso Pinheirinho? Ora, isso qualquer copy desk investigaria NO ATO. Assim, se a notícia foi publicada em 23 de janeiro, um pedido de desculpas só seria aceitável no máximo 1 ou 2 dias depois.

Como não foi, fica evidente que o PT ficou capitalizando politicamente durante duas semanas, esperou a poeira baixar até que ninguém mais falasse do Pinheirinho e então lançou um pedido de desculpas que NINGUÉM VAI VER.

Se o PSDB não responder à essa extrema desonestidade (e tudo isso feito na maior cara de pau) usando o máximo de rigor da lei provará que não merece respeito mesmo.
Ingenuidade tem limites.

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