Por Gary Garret,
Apresento aos leitores alguns trechos do capítulo VI - A revolução de Roosevelt, do livro The American Story, de Gary Garret, a fim de esclarecer como se deu o grande primeiro confisco da propriedade privada no mundo ocidental. De lá para cá, o mundo jamais se recuperou de uma espiral deficitária e inflacionária, tendo os governos, antes enxutos, aumentado estratosfericamente suas respectivas dívidas públicas e estendido seus braços para praticamente todos os aspectos da vida dos particulares. Notem, especialmente a particular semelhança com o processo do desarmamento civil em curso no Brasil.
Muitos o acusavam de querer ser um ditador. Ele ouvia isto cândidamente e respondia que ele não tinha a inclinação e nem as qualificações para ser um ditador bem sucedido; a além disso, ele conhecia muito bem a história.
Recuperação com um R maiúsculo era a sua razão primeira. Isto significa dizer, os problemas que ele enfrentava no início eram econômicos. Desde este dia pode-se debater - com base em evidências - se ele era um ignorante sobre economia que jamais aprendeu sobre os fundamentos desta matéria, ou se suas ideias fossem tais que duas vezes dois fossem cinco, o que pode ser defendido quer seja por um idiota ou por um sábio.
Se você mantém que ele não sabia, que ele fazia uma coisa de cada vez, experimentalmente, sem ter a visão das consequências , então você está obrigado a levar em conta o fato de que na estratégia monetária do New Deal havia uma precisão quanto ao momento certo, uma ordem se sequência uma antevisão das etapas e de suas sequências, todas elas tendentes a socializar o dinheiro, o sistema bancário e o crédito, e todas tão perfeitas, que você não pode imaginar que tivessem sido improvisadas. O projeto era complexo. Uma peça fora de lugar ou uma etapa no momento errado teriam sido fatais. Isto constatamos.
Agora isto foi o que aconteceu com o dólar.
O primeiro ato do Presidente Roosevelt, depois de seu discurso inaugural, foi fechar todos os bancos por um decreto presidencial. Isto parou as operações. O mesmo decreto proibia, sob pena de multa e prisão, qualquer negociação em moda estrangeira bem como qualquer transferência de crédito dos Estados Unidos para um país estrangeiro. Bateu-se a porta. Ninguém mais poderia sair do país com sua riqueza. Até mesmo os especuladores foram tapeados.
Vários dias depois, o Congresso se reuniu em uma sessão especial e encontrou em sua mesa uma lei que havia sido descida da Casa Branca para ser endossada. Esta lei, primeiramente, legalizou o que o presidente havia feito sem uma lei; em seguida, dispôs que nenhum banco no Sistema de Reserva Federal poderia reabrir senão sob licença do governo; em terceiro lugar, ela deu ao Presidente poder absoluto sob o câmbio externo, e em quarto, autorizou o Presidente a convocar os proprietários privados de ouro a abrir mão dele. Esta foi a segunda etapa.
Então o Presidente baixou um decreto convocando todas as pessoas e corporações, sob pena de multa e prisão, a trazerem suas posses em ouro aos Bancos da Reserva Federal e trocá-los por papel-moeda. Àquele tempo, um pleno suprimento de papel-moeda havia chegado das impressoras. m adição, o Tesouro emitiu uma persuasiva declaração, dizendo que o governo necessita a posse do ouro e que ele ficaria como fiel depositário, e que seria um dever patriótico dos donos particulares do ouro abrirem mão dele, e que de qualquer maneira o papel-moeda que eles recebessem pela troca equivaleria ao ouro entregue.
O povo não opôs dificuldades à separação do seu ouro. Pensavam que era uma medida emergencial e que o resgatariam depois. Tudo aconteceu de modo que ninguém percebesse que o governo pretendia depreciar o dólar. De fato, justo naquela época o Tesouro estava oferecendo a pequenos investidores um novo lote de títulos governamentais, pagáveis o principal e os juros "em moedas de ouro dos Estados Unidos do padrão atual de valor". Estaria ele fazendo isto se intencionasse trair o padrão-ouro? Todos lembravam algo que o Sr Roosevelt havia dito durante a campanha. Nenhum governo responsável, ele disse, venderia títulos pagáveis em ouro se ele soubesse que a promessa, sim, o pacto, incorporado em tais apólices, fosse duvidosa.
Ninguém sabia, logicamente, que uma lei para revogar o vínculo com o ouro estivesse então sendo escrita na casa Branca. Ter a posse física do ouro era um negócio crítico, e era vital ao planejamento, porque o ouro livre nas mãos do povo poderia tornar-se muito embaraçoso. Porém, quando, enfim, todo o ouro já estava trancado nas caixas fortes no Banco da Reserva Federal, e quando quando foi tornado crime para uma pessoa particular ter em sua posse tanto quanto uma moeda de ouro de cinco dólares, então os planejadores podiam suspirar aliviados, porque a terceira etapa havia sido executada com segurança.
A quarta etapa revelou parte do esquema. Esta veio no rabo de um projeto de lei de alívio aos fazendeiros e entrou em vigor. Eis o que ela fez:
Ela autorizava o Presidente (1) desvalorizar o dólar por meio da redução de sua equivalência em ouro pela metade; (2) entrar no mercado financeiro e adquirir três bilhões de título do governo com papel-moeda; (3) emitir três bilhões de papel moeda fiduciário, garantido por nada, e torná-lo moeda corrente; (4) cunhar uma quantidade ilimitada de dólares de prata; (5) emitir uma quantidade ilimitada de certificados de prata em papel; e (6) fixar os valores do ouro e da prata em relação uma com a outra.
Desta forma o poder do Presidente sobre o dinheiro foi tornado absoluto - ou, se não absoluto, pelo menos maior do que o de qualquer César.
ações em ferrovias e outras corporações - também estava anulada - e que doravante seria proibido celebrar um contrato privado pagável em qualquer outro tipo de dinheiro que não o papel-moeda corrente. Portanto, a única forma de dinheiro que restou foi o dólar na forma de papel inconversível, significando um papel-dólar conversível em nada a não ele próprio.
O senador Glass, que era pra ter sido Secretário do Tesouro, deixou a cama onde se acomodava doente e ergueu-se no Senado para dizer "Com cerca de 40% dos estoques de ouro no mundo, porque nós estamos deixando o padrão-ouro? A sugestão de que nós devemos desvalorizar o dólar em cinquenta por cento significa o calote nacional. Significa a desonra. É imoral"
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