terça-feira, 6 de julho de 2010

É proibido criticar a Reforma Agrária

Por Atílio Faoro,
(Publicado originalmente no site Paz no Campo

O governo pouco se importa com o bem estar dos assentados


Assim como na Índia as vacas são sagradas e intocáveis, em nosso querido Brasil temos pelo menos uma “vaca sagrada” que se chama “Reforma Agrária socialista e confiscatória”.

Ninguém pode falar mal dela, embora nos últimos 40 anos ela seja um fracasso como modelo de desenvolvimento agrícola para o Pais.

Não se pode criticar especialmente dois pontos: que ela representa um desastre econômico para o assentado – transformado em favelado rural do INCRA – e que as quantias milionárias investidas nos programas não tiveram, da parte dos governos concernidos, uma avaliação séria dos resultados obtidos, em termos de produtividade.

É o que se deduz da noticia estampada por um conhecido matutino paulista que teve acesso a um documento sobre a Reforma Agrária, que estava no Portal do Ministério do Planejamento, com “reflexões criticas” ao programa. O texto foi retirado do ar na semana passada, depois que “alguns ministros reclamaram das conclusões sobre as suas áreas”.

O que exatamente irritou os ministros no documento? Segundo as informações publicadas, o relatório ressaltava que “a qualidade de vida” dos assentados “permanece a mesma que era antes de terem sido assentados” e menciona que no Nordeste a atividade da agricultura familiar – meta do agro-socialismo – remete “a condições de extrema pobreza”. Ou seja, miséria marrom e miséria negra.

Ademais, o relatório cometeu o pecado de constatar que não existe “uma cultura de avaliação que se proponha a testar os reais efeitos da política como um todo”.

Em suma, o relatório foi suprimido – melhor seria dizer censurado – porque revela que o mito socialista da Reforma Agrária confiscatória vale mais do que o bem estar dos assentados. E que, para os governos que promovem os programas, é incoerente exigir o cumprimento de índices absurdos e arbitrários de produtividade nas terras privadas e fechar os olhos para a baixíssima produtividade dos assentados favelizados nas terras estatizadas do INCRA

A recusa obstinada em avaliar os resultados de seus programas é uma característica de governos socialistas, de todos os matizes. Onde está a avaliação dos resultados do Fome Zero, do Bolsa Família e dos sucessivos PACS? A opinião pública – assim como os favelados rurais– não merece atenção nem preocupação. Que ela vá para as urtigas, pouco importa! Até quando? Até ser empurrada para as urnas, para eleger candidatos que em nada a representam.

Um comentário:

  1. Na verdade as reformas agrárias em geral promoveram a fome e a miséria. Elas poderiam ser bem sucedidas se não fossem neste tipo de modelo. Se fossem redirecionadas terras para quem tem recursos para aplicar, tem conhecimento para aplicar.

    O modelo atual justamente tira terras de quem tem para dar para pessoas sem recursos, sem conhecimento e sem capacidade de investimento. Não pode dar em outra coisa.

    O índice de produtividade para fins de desapropriação deveria ser o que o MST consegue. Quem produz menos do que eles, realmente não estão merecendo a terra. Mas eles querem que o índice seja o da iniciativa privada e do agro-negócio. Índices que eles nunca conseguiram chegar perto. Assim, a reforma agrária na verdade é um meio de esterilizar a terra pouco produtiva e arruinar ainda mais a produção. Um programa ideológico e inviável economicamente. Apenas gerando miséria maior e futura.

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