sexta-feira, 18 de junho de 2010

Uma mijada nos inflacionários

Por Klauber Cristofen Pires

Dou uma passada hoje na área de serviço e detenho-me na pilha de jornais que guardamos em casa para servi de sanitário à nossa cadelinha. Paro e presto atenção à uma manchete recente de O Liberal, anunciando que as taxas de juros voltaram à marca dos dois dígitos. Pareceu-me, pois, restar-lhe o destino merecido. Um belo xixi por cima.


Isto pode passar como uma notícia boba, mas na verdade traz uma verdade histórica prestes a se desencadear de maneira preocupante: a escalada da inflação, das taxas de juros, dos preços controlados e das licenças de importação.

Por anos, quando o PT era pedra, tudo o que falava era que a fixação das taxas de juros era o fruto da rapinagem banqueira do governo neoliberal de FHC. Faltava somente, pois uma mera vontade política. Faltava tão somente estar lá para dizer: "-taxas, caiam", e as taxas caíram. Pois hoje, o PT vidraça (dou meu braço a torcer: uma vidraça blindada) comete os mesmos erros dos militares, seguidos pelos mesmos erros de Sarney, imitado ipsis literis por Fernando Henrique Cardoso.

Todos sabem do efeito que as drogas impõem ao organismo dos viciados. De primeiro, uma boa baforada traz o paraíso. depois, já não basta uma, mas se fazem necessárias duas, e então, ato seguinte, a primeira picada, e a dose paulatinamente aumentando, enquanto o desfrute do prazer indescritível vai a cada dia diminiuindo até que desapareça por completo, por mais que o viciado sinta a necessidade de continuar a ingerir ou picar do seu algoz.

Tenho que este possa parecer um bom exemplo para o caso das taxas de juros no Brasil. De tão altas, praticamente as maiores do mundo, já não surtem efeitos como um instrumento de política de desenvolvimento ou de controle de preços, que, a bem da verdade, têm como nascedouro da inflação nada mais que as impressoras da Casa da Moeda. As taxas de juros, assim, não são agentes, mas vítimas, acusadas de culpadas por algo que não fizeram, e doentes, a necessitar de tratamento, para que um dia voltem a servir como autênticas e eficazes fomentadoras e indicadoras da atividade produtiva.

Depois que o governo suga as forças do setor produtivo até o limite da secura; depois que imobiliza a atividade produtiva com uma infernal burocracia; depois que os gastos desenfreados não encontram fundos para tantos ralos; depois que a estrutura de base estatal (portos, aeroportos, estradas, energia, combustíveis, segurança e hospitais, só pra começar) não acompanha os avanços da iniciativa privada, o coverno conclui que o culpado pela inflação é o povo que vai ao supermercado fazer a feira do mês ou à loja de eletrodomésticos parcelar em 24 meses uma geladeira, e castiga-o com um aumento nas taxas de juros.

Será que agora deu pra entender o fio da meada? Portanto, na sua próxima conversa de bar, diga isto aos seus amigos. Imprima este artigo e leia para eles, se te for melhor. E da próxima vez vez ouvir falar em aumento de taxas de juros ou superaquecimento da economia, pense em quantos impostos você já tem pago...

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