Por Klauber Cristofen Pires
Posso ser insistente, mas ainda há tempo para que o DEM - ou ainda, para que qualquer político alinhado com uma democracia representativa, com o estado de direito e com a sociedade livre e de mercado defenderem com convicção o direito (apriorístico) de propriedade, o estado mínimo, a responsabilidade fiscal e as liberdades individuais. Já há uma boa - embora nascente - produção intelectual no país com que se abalizarem e instruírem.
Como era de se esperar, a atuação do comunista Aldo Rebelo como relator da nova proposta de mudança do Código Florestal haveria de trazer muita confusão em meio ao público, e digo, especialmente entre os formadores de opinião.
Como já noticiado pelos jornais, as novas propostas incluem a diminuição das áreas de reserva legal e de preservação permanente. Segundo o relator, a atual política florestal tem como resultado funcionar como um "gravame tributário", além de ser vítima da ação de inúmeras ong's estrangeiras com interesses excusos, sobretudo na Amazônia.
De uma tacada só, o comunista, repito - o comunista - Aldo Rebelo defende a propriedade privada, o alívio da carga tributária e um chega pra lá nas ONG's que vivem de parasitar o governo para a execução de suas atividades pouco esclarecidas.
Para quem tem observado como as esquerdas têm alimentado à base de "Toddinho" esta miríade de ong's, como se têm aprazado em confiscar o dinheiro sofrido de quem trabalha e produz, e como têm se articulado para legislar contra o direito de propriedade, o comportamento do deputado se revela como uma coisa de quem alguma mola na cachola se rompeu, ou que virou a casaca, chamado à razão pelas exigências de um excelso patriotismo.
O fato é que a inusitada posição do comunista mereceu os aplausos de figuras importantes como a senadora e presidente da CNA, Kátia Abreu, com a chancela do jornalista Reinaldo Azevedo. Compreendo que ambos aplaudem antes as atitudes do parlamentar vermelhão antes do que a sua original filiação ideológica. Todavia, ao fazer isto, descuidam de uma estratégia que não está ao alcance de ambos, ao que me parece.
Enxergar os movimentos táticos das esquerdas exige, em primeiro lugar, o conhecimento de suas estratégias. Na verdade, exige mais do que isto: demanda a compreensão profunda de que eles não abdicam da luta pela tomada hegemônica do poder, e que militam aguerrida e permanentemente.
Conforme os leitores podem constatar, eu já havia esclarecido as consequências de tais movimentos no texto "Peraí: esta fala é nossa". Em adição, veio o brilhante artigo de Nivaldo Cordeiro, "A Companheira Kátia Abreu", para demonstrar justamente como o PC do B e seus similares jamais abrirão mão de sua trajetória revolucionária.
Em outras palavras, vamos esclarecer o esquema: as esquerdas ridicularizam e deslegitimam o discurso da direita, que antes defendia o direito de propriedade, baixa carga tributária, estado pequeno e soberania nacional.
Aceitando a provocação, as direitas vão se amoldando ao discurso esquerdista, e topam começar a falar de responsabilidade social, função social da propriedade, função social do estado, justiça social, meio ambiente, e assim por diante, de tal forma que hoje os leitores já sentem de forma consciente ou intuitiva que a direita apenas ecoa à base da imitação o discurso esquerdista.
Já tive a oportunidade de comentar como um candidato do DEM veio com a cara lambida na tv oferecer uma ampliação do programa do orçamento participativo. Ora, entre o original e a cópia, nada surpreende a preferência dos eleitores.
Assim, enquanto a direita se compraz em aceitar o papel de macaco de imitação, a esquerda toma a dianteira e assume a sua condição de legítima e autêntica liderança, desta vez propondo aqueles valores e convicções que o DEM - e com alguma ou muita condescendência, o PSDB, se envergonharam e desistiram de defender.
"A desgraça do protegido é o seu protetor" diz um adágio popular, e aqui, prestem bem atenção, se situa a chave da questão - o pulo do gato - para aqueles que pensam que defender a idéia, seja de onde vier, não faz diferença.
Pois, como uma força política hegemônica e centralizadora, qualquer oferta que venha de um partido comunista - assim como seus congêneres socialistas, trabalhistas, operários e que tais - virá sempre em caráter precário e discricionário: quem pode o mais, pode o menos ou em outras palavras, o que eles dão hoje, em troca de votos, podem tomar amanhã, como consecução final de um projeto de tomada de poder, logrando sobretudo a tola classe empresarial, que hoje se acha tão “pragmática”.
Como bem demonstrado por Nivaldo Cordeiro, em momento de grande lucidez, e por mim mesmo, no final das contas o que houve foi a senadora Kátia Abreu e o jornalista Reinaldo Azevedo, fora aqueles que me passam aqui desconhecidos - terem pedido as bençãos ao PC do B; foi o DEM e a CNA terem servido gratuitamente de cabos eleitorais para Aldo Rebelo.
No texto da combativa senadora, friso a sua infelicidade por ter aplaudido a atitude do deputado Aldo Rebelo sem ter frisado os caros valores da propriedade privada, de uma carga fiscal mais amena e do perigo das ong's que as esquerdas implantaram e cevaram durante décadas, como valores que os DEM justamente defendem por essência, muito antes do PC do B (Se é que defendem mesmo). Em resumo, a congressista entregou o discurso de mão beijada ao inimigo.
Tem toda razão, a senadora Kátia Abreu deveria ter ridicularizado a proposta do PCdoB e apresentado algo muito mais à direita do que ela.
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