terça-feira, 1 de junho de 2010

Entre o caldeirão e a fogueira

Por Klauber Cristofen Pires

O noticiário local em Belém dá conta da guerra entre o Município e os flanelinhas. Calma, leitor, não se empolgue: a prefeitura não quer nos livrar daqueles extorsionários, mas apenas tomar-lhes o lugar. E agora?



Nunca gostei de flanelinhas. Sempre afirmei que ali está a escola do crime. Não pode um ofício ser moralmente válido se este se apóia na ameaça contra alguém ou contra o seu patrimônio. Quando um guardador de carro aborda um proprietário de um veículo, traz na oferta do seu serviço a promessa de proteger o automóvel...dele mesmo! Experimente dizer que não quer os seus serviços, e a extorsão se torna clara: "-patrão, assim eu não vou me responsabilizar pelo que acontecer ao seu veículo"...

Os guardadores, via de regra, são os olheiros dos ladrões de carros, quando não de objetos e pertences deixados em seu interior. Eles conhecem os veículos, suas eventuais fragilidades, as rotas e horários dos condutores e os seus costumes, tais como deixar a frente do atuto-radio no porta-luvas ou a bolsa ou a pasta sob o banco.  

Não obstante, o poder público, por incompetência ou populismo, sempre deu a maior asa pra esta gente, a ponto de dotar-lhes com coletes vistosos e carteirinhas com as quais passaram a se enxergar como autoridades públicas - e a cobrar mais caro pelos seus serviços, claro. Isto, em praticamente todo o país.

Agora, vem a prefeitura disputar-lhes os espaços mais nobres. Vem para ordenar o trânsito? Que absurdo, claro que não! O carro que estaciona e paga para o flanelinha é o mesmo que pagará ao funcionário da tal "faiza azul". As linhas das calçadas serão ocupadas da mesma maneira. A diferença está só no olho grande do poder estatal local em arranjar mais uma fonte de renda.

Jamais pensei que um dia pudesse defender os flanelinhas. Porém, mal e mal, com o tempo, a gente se acerta com eles, e tem aqueles que até são "honestos" e prestativos - se não cuidam realmente do veículo, quando menos auxiliam nas manobras em espaços apertados e fazem aquela lavagem externa (ou até interna). Os funcionários da zona azul nos brindarão com tais facilidades? O que sei é que estes cobram por hora! Arrego!

5 comentários:

  1. Aqui em Porto Alegre está acontecendo a mesma coisa, Klauber. A prefeitura e a câmara dos vereadores dizem que declararam guerra aos flanelinhas, que por aqui já foram mais apropriadamente chamados de Riscadores de Carros. Guerra esta muito útil em época de eleições.
    Alguns receberam até carteirinha de cuidadores (oficiais) de carros. Agora estão querendo editar uma lei que criminalize o ato de pedir gorjeta pelos que não receberam as carteirinhas, desde que o motorista achacado formalize uma acusação.
    Essas coisas só duram até o dia das eleições, e depois tudo volta à mais costumeira paz.

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  2. Eduardo Rodrigues, Riojunho 02, 2010 1:59 AM

    Aqui no Rio existe o mesmo problema. O que já vi funcionar contra esses caras é exibir ou apontar para o chão uma arma de fogo. Uma ameaça seguida de contraameaça. Sem porte fica meio difícil. Boa sorte aí em Belém. Uns lapsos nas linhas 4 (extorsionário) e antepenúltima (realmente). Abraço.

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  3. Eduardo,

    Procedi às correções.

    Obrigado.

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  4. Aqui em Araras/SP geralmente temos que pagar pela "faixa azul" das 6h às 17h30 e pagar para os flanelinhas das 18h às 22h. Que maravilha, não é mesmo??rsrs
    Abraço

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  5. OLÁ.

    ISSO ACONTECE EM QUASE TODOS OS MUNICÍPIOS.
    ABS DO BETOCRITICA.

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