A mídia hegemônica a ruir

Por Klauber Cristofen Pires

Na esteira de outros grandes jornais de esquerda, agora é o Le Monde quem pede a toalha.  O sinal é claro: as maioria das pessoas não está dando importância à leitura destes periódicos. Tal fenômeno vem sendo tratado de maneira diversionista pelos mesmos, ao atribuir à nova tecnologia - a internet - a razão pela qual a população tem dispensado a notícia impressa. Não descarto a possibilidade parcial desta hipótese, embora não a tenha como única ou determinante, pois há outra variável notória nesta equação: o conteúdo...

Afinal de contas, muitas empresas renomadas souberam mudar de tecnologia para continuar a oferecer seus produtos: A indústria automobilística já está com seus primeiros carros elétricos; a Ericsson saiu do telefone "trim-trim" para produzir celulares; a indústria do vinil e da fita magnética passou a produzir CD's e DVD's, bem como os fabricantes de máquinas de escrever passaram a produzir pc's e impressoras. Isto nos dá uma pista de que a tecnologia pode não ser exatamente a vilã desta história.

A internet serviu como o grande navio quebra-gelo da hegemonia esquerdista, e com a disseminação dos computadores e outros aparelhos similares, a cada dia mais e mais pessoas se dão conta do fosso existente entre os fatos tais como apresentados pela mídia engajada, quando confrontados com o trabalho de jornalistas honestos e outros formadores de opinião, com seus sites e blogues independentes e as mais das vezes, não-remunerados.

Não fosse a internet, o caso Honduras teria passado totalmente como um golpe de estado dos "brucutus de direita". Para histórico vexame do Jornal Nacional, após apostar na versão lulo-chavista e tratar como "militares golpistas" os encarregados de cumprir as ordens emanadas pela Suprema Corte daquele país, a sua editoria teve de ir buscar em um comentário de um intelectual argentino (?) a desculpa bizarra de que "por ter se aparentado com um golpe", assim é que devia ter sido tratado.

Não olvidemos o grande silêncio em torno do Foro de São Paulo; da moça brasileira na Suíça que se auto-mutilou um busca de vantagens pessoais; do tea-party norte-americano; do tratamento dado à candidatura de Álvaro Uribe, sempre relacionado a casos de autoritarismo e corrupção, bem como a divulgação insensata de pesquisas de opinião altamente tendenciosas; do "padre" Olivério Medina e sua mulher que atualmente ocupa cargo público com as graças de Dilma Roussef;  da suprema idiotice de ter anunciado Lula como a figura mais influente do mundo, e ultimamente, do tratamento dado aos navios que tem intentado furar o bloqueio imposto por Israel à faixa de Gaza.Vejam, estou dando exemplos que me vêm à cabeça, de relance. A lista é interminável.

Tal sequência de desmentidos, tal como tenho percebido, tem dado lugar a um novo tipo de abordagem jornalística: a transmissão da notícia absolutamente protocolar (pra não dizer "de beicinho"). Um caso bastante ilustrativo é a cobertura do apoio de Lula ao Irã, retratado como se fosse a venda de um fusca velho em uma lista de classificados: sem o furor ufanista que Lula tanto exige dos suas focas,  mas também sem as feições de surpresa, crítica ou indignação. 

Ao adotar esta nova diretriz, parecem as redações  estarem sentindo as primeiras cutucadas de um nascente movimento do que se pode realmente chamar de media-watch, e assim se precavêm transmitindo os fatos sem tesão algum, como se dissessem: se não podemos aplaudir o governo, também não o vaiemos. É um começo: poderíamos chamá-lo assim "A Ditadura Jornalística Envergonhada", que tal?