terça-feira, 10 de junho de 2014

Ópio colonialista

“Desde os dias de Spartacus Weishaupt aos dias de Karl Marx, Trotsky, Beta-Kuhn, Rosa Luxemburgo e Emma Goldman, essa ampla conspiração mundial... vem crescendo constantemente. ” (Winston Churchill. Illustrated Sunday Herald, 8 de fevereiro de 1920)

Por Armando Soares


            O ópio produz adormecimento, embrutecimento, entorpecimento, portanto, produz paralisia. No caso da questão ambiental, que consideramos uma espécie de ópio estratégico criado por grandes corporações, produz paralisia mental e intelectual. É o que aconteceu e vem acontecendo no Brasil envolvendo a classe intelectual, profissional, política, educacional, jornalística, autárquica, artística, empresarial, estudantil, etc. 

O que causa preocupação é que o ópio colonialista contaminou apenas as classes aculturadas, que por sua vez conduzem a grande maioria do povo que não tem cultura, conhecimentos e, portanto, são indiretamente, presas fácies do colonialismo ambiental, o que tem como resultante a ratificação do Brasil da famigerada Convenção 169 da Organização Mundial do Trabalho (OIT) sobre os povos indígenas, e a transformação de Roraima em “zona de exclusão” econômica, entre outras nocividades, com destaque para a perda da soberania brasileira. 

Nicholas Hagger adverte que a maioria de nós tem uma atitude ingênua em relação à riqueza. Acreditamos que a geração e a manutenção da riqueza são elementos separados dos corredores do poder, da política e, especialmente, da política democrática. No entanto, os dois fatores são inseparáveis, sendo que o poder econômico é quem dá as cartas. Só não enxerga essa verdade quem é tapado, bronco ou está usufruindo benefícios com o comércio do meio ambiente e sendo regiamente remunerado pelas corporações representadas por ONGs e outras entidades religiosas e ideológicas fisiológicas. 


A sociedade ainda não entendeu que vem sendo usada por mercenários do dinheiro e do poder para manter viva a estratégia de dominação colonial via meio ambiente. O meio ambiente sinônimo de vida saudável foi à estratégia mais brilhante usada pelo Establishment Anglo-Americano ou pelas corporações econômicas como queiram, como arma e preventivo para o domínio de estados-nações. 

O meio ambiente, habitualmente chamado apenas de ambiente, envolve todas as coisas vivas e não-vivas que ocorrem na Terra, ou nalguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos seres humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Dado seu significado e importância foi transformado inteligentemente como uma célula econômica capaz de assegurar, para quem o domine, ganhos extraordinários sem concorrência, basta para isso que domine a mente das pessoas utilizando-se da ingenuidade, da ignorância e da absorção de milhões de pessoas empregadas a serviço de investimentos de corporações e mesmo de prestação de serviços através de ONGs e outros núcleos de negócio. 

Meio ambiente, portanto, não é sinônimo de preservação ambiental é um negócio administrado pelo poder econômico mundial. Para esse pessoal não importa se o Estado perde sua soberania ou suas terras para índios servos ou para os sem-terra, quilombolas e sem-casas, estes através de invasões criminosas e ilegais. 

A sociedade brasileira com um misto bondade ingênua e interesseira está alimentando uma Hidra, e, agora, depois de sedimentado o equívoco, não há como separar uma preservação ambiental autêntica de um negócio devorador de nossas riquezas, terras, desenvolvimento e soberania. 

Sobre os obstáculos ao desenvolvimento em terras vizinhas aos indígenas é importante conhecer o depoimento e os conhecimentos do jornalista Lorenzo Carrasco, realizado no dia 3 de junho de 2014, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, audiência promovida para debater a conveniência de o Brasil seguir ratificando a célebre Convenção 169 da Organização Mundial do Trabalho (OIT), Convenção ratificada pelo Brasil em 2004, que estabelece uma série de condicionantes que os países signatários devem seguir, no relacionamento com suas comunidades indígenas, entre elas, a obrigatoriedade de consulta prévia para a implementação de projetos de desenvolvimento em terras indígenas. 

Sobre as origens do ambientalismo, Carrasco, lembrou que diversas organizações não-governamentais (ONGs) promoveram tal ideologia no Brasil, como o Instituto Socioambiental (ISA), foram criadas pelo CIMI – por sua vez, uma invenção de John Foster Dulles, secretário de Estado dos EUA e um dos membros mais graduados do Establishment anglo-americano, promotor do projeto um “governo mundial”, que implicasse no enfraquecimento dos Estados nacionais. Carrasco questionou sobre o futuro que se pretende dar aos indígenas brasileiros: “Lhes perguntaram se querem ter menor expectativa de vida? Perguntaram-lhes se querem viver confinados em reservas? (...) Quando essas reservas serão novamente integradas ao território? Ou serão eternamente os silvícolas a viver nessas reservas? 

Essa é uma tremenda crueldade, pois o ser humano, diferentemente de outras espécies, caracteriza-se pelo progresso.” Carrasco lembrou que, no início da década de 1990, o jurista Clóvis Ramalhete, que foi ministro do STF, já havia advertido sobre a forma distorcida como a questão indígena foi tratada na Constituição de 1988, representando uma grande ameaça ao futuro do País. 

O indigenismo como tratado e administrado representa uma ameaça, um autêntico retrocesso civilizatório no Brasil. Outro destaque na audiência foi a palestra proferida pelo antropólogo Edward Mantoanelli Luz, que denunciou o processo pelo qual a adesão brasileira à Convenção 169 tem resultado em uma “etnicização” do país, atacando as suas bases históricas e culturais e ameaçando o futuro do país. Segundo o antropólogo, o critério de “autoreconhecimento”, como garantia de identidade indígena, previsto na Convenção, tem levado a crescentes casos de militância étnica, separando famílias com base em preceitos étnicos criados arbitrariamente pelos antropólogos e ONGs – inclusive, citando casos de pequenos produtores que tiveram suas terras invadidas por familiares que passaram a se autointitularem “indígenas”, no Norte e Nordeste do País. 

O antropólogo também denunciou a progressiva transformação dos elementos miscigenados da cultura brasileira em elementos supostamente “puramente indígenas”, por ação das ONGs e antropólogos a serviço do indigenismo. Outra intervenção importante foi a do general da reserva Maynard Marques de Santa Rosa, ex-secretário de Política, Estratégia e Relações Internacionais do Ministério da Defesa, que situou o problema indígena no contexto da cada vez mais acirrada guerra por recursos naturais no cenário internacional. 

O general lembrou que as primeiras legislações brasileiras de inspiração foram aprovadas nos anos 1980, quando o país sofria uma grave crise econômica, e foi pressionado pelos países ricos a adotar a cartilha ambientalista, condição para resgates econômicos, e foi neste período em que a Constituição foi formulada e implementada, que houve uma forte pressão externa para que a mesma declarasse o Brasil como um país plurinacional. 

            Quem tiver a curiosidade de pesquisar a questão do ambientalismo-indigenismo vai encontrar centenas de provas que confirmam o uso do meio ambiente para o domínio econômico e territorial de países hegemônicos e de grandes corporações. Cabe a sociedade a tarefa de continuar a se entorpercer com o ópio colonialista ou rejeitá-lo para desenvolver o país e a Amazônia.

Armando Soares – economista

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