Constatada a capitulação de Alckmin, chegamos a conclusão de que não havia mais força política capaz de deter o petismo-lulismo no Estado de São Paulo, que diminuía assim a sua vocação bandeirante. Por tudo isso ri Maluf, que ainda sabe triunfar e sobreviver como velha raposa.
Hermes Rodrigues Nery
Sombras nebulossas e espessas em São Paulo, até então o Estado-locomotiva do País, o Estado bandeirante, que, aos poucos, vai se entregando e deixando-se agrilhoar pelas forças do petismo-lulismo, aliado mais uma vez ao câncer do malufismo. O fato é que os militantes petistas aprenderam muito com Maluf, desde a campanha de 1982, quando Lula fazia propaganda na tevê, dizendo ser "um brasileiro igualzinho a você!" implícita a ideia de que todos um dia seriam iguais a ele, na degradação moral, com eles um dia no poder.
Ainda na campanha de 1982, quando a militância petista odiava Maluf, e saía para as ruas carregando nas tintas em adjetivos que diziam tudo o que realmente era Maluf, com cores mais gritantes, um deles, em reserva, dissera: "se a esquerda quiser um dia ter poder, vai ter que aprender com ele a fazer política". E aprenderam mesmo as lições do maquiavelismo mais sórdido, do pragmatismo mais amoral, sem o qual eles jamais teriam avançado e chegado aonde estão hoje. Os petistas já tinham a convicção ideológica do que queriam, mas faltavam ferramentas práticas, o modus operandi, a sagacidade e até a truculência necessária para acertar nos conchavos e ampliar os leques locais de apoio.
A primeira lição que aprenderam de Maluf foi a de preservar o inimigo, quando ele ainda tem força para lhe ajudar, quando ele está acuado e não quer morrer e então aceita ficar subjugado e oferecer o pouco que lhe resta para ajudar os novos obcecados pelo poder. Então pouparam Maluf, apesar de sua reputação ter se tornado adjetivo nacional, de atos inconfessáveis. Nas ruas de todo o País, todo mundo entendia muito bem quando alguém dizia "malufar". O próprio mensalão foi expressão disso, o PT aprendeu mesmo (e muito!) com o principal oponente de Tancredo nas indiretas de 1984. Levou a sério o que aprendeu com o principal adversário em São Paulo, e até hoje ficam intrigados de como apesar de tudo, ele continua tendo seu público, eleitores fieis, que não levam em conta sua amoralidade, mas admiram sua inteligência e suas histrionices verbais, lembrando nisso, algumas vezes, o público cativo de Jânio, também outro exótico de São Paulo, que desinfetou a cadeira que sentou-se FHC, para fazer valer ainda aquele estilo personalista, resquício do coronelismo ainda vigente, e que o própria Lula conserva em seu modo de afirmar a liderança, entre os seus apaniguados.
Houve, é claro, o episódio da prisão de Maluf, de poucos dias, como uma luz vermelha para qualquer outra pretensão da velha raposa de voltar ao executivo paulista. Teria de contentar-se em ser deputado e ponto final. O PT já estava forte o suficiente para segurar os ímpetos de Maluf, domá-los de vez e colocá-los a serviço de seus interesses, se a velha raposa quisesse sobreviver. Aprenderam demais com Maluf, e agora ele retribuía sua gratidão aos novos donos do poder com as migalhas que podia ainda oferecer, de alguns poucos minutos no horário eleitoral gratuito, acolhendo com efusão Fernando Haddad. Até nisso faturou, constrangendo Lula a cumprimentá-lo sob os holofotes, nos jardins de sua casa, em cena antológica da política nacional. Nem quando FHC teve de curvar-se à ACM, o constrangimento foi tão grande. Naquela cena, tanto Lula quanto Maluf expressaram a agudeza do pragmatismo, que as forças do mal, em várias ocasiões, permitem acontecer, para fazer avançar seus afãs de poder.
Outra personagem do espectro político sombrio atual de São Paulo contribuiu para isso: o atual Governador Geraldo Alckmin, que se notabilizou pela frouxidão e acovardamento, e até mesmo indiferença quanto ao perigo do petismo-lulismo, e também ele, temendo do que eles possam fazer, até aonde possam chegar, foi recuando, amolecendo, e por causa desta flacidez foi possível o lulismo avançar e finalmente cobiçar o Estado-locomotiva da nação. Só faltava isso para pisarem de vez no acelerador e imporem o projeto socialista no Brasil. Primeiro foi com Haddad, na capital paulista. Agora com Alexandre Padilha, no governo do Estado. E por causa da frouxidão de Alckmin, Maluf, com a esperteza característica, ainda faturou mais uma vez, e deixou-se fotografar de mãos dadas com Padilha, para depois, em caso de vitória, dizer que foi ele quem garantiu Haddad e Padilha nas cadeiras cobiçadas, e se gabará de que o PT deve a ele tal feito. E que não encham mais a sua paciência, pois ele quer agora gozar de uma velhice tranqüila, no aconchego de sua casa.
Com Alckmin, apelo de apoio à Campanha contra o aborto no Estado de São Paulo |
Sobre Alckmin, constatei a frouxidão e a capitulação, quando em 2011, estando pessoalmente com ele, solicitei dele especial atenção à Campanha São Paulo pela Vida, projeto de iniciativa popular contra o aborto, para incluir no Estado de São Paulo, o direito à vida desde a concepão, dizendo que o nosso bispo, desejava muito seu apoio a esta importante iniciativa, e o governador apenas ouviu nosso apelo pelo direito a vida, mas nada fez para auxiliar na referida campanha. Ficou evidente que não queria desagradar a Presidente Dilma, que para muitos inclusive peessedebistas, ela havia sofrido muito na campanha de 2010 por causa disso, e que o momento não era de "provocar a onça". Optou-se, também o PSDB, pela indiferença, por deixar o barco correr, assim como muitos outros, também religiosos, que não queriam "provocar a onça", e tivemos que levar a campanha, com mutirões de coletas de assinaturas em finais de semana, com apoio de poucos bispos, porque muitos não queriam mais problemas com a Presidente, pois a questão do aborto desagradava a Gilberto Carvalho e verbas assistenciais poderiam ser comprometidas, etc. Com isso, constatada a capitulação de Alckmin, chegamos a conclusão de que não havia mais força política capaz de deter o petismo-lulismo no Estado de São Paulo, que diminuía assim a sua vocação bandeirante. Por tudo isso ri Maluf, que ainda sabe triunfar e sobreviver como velha raposa.
Tenho publicado seus textos na minha página do Facebook, com a devida identificação do blog. Gostaria de saber se posso continuar publicando.
ResponderExcluirObrigada
Regina
Sim, claro. Agradeço pela atenção. Que Deus a abençoe sempre!
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