O idiota latino-americano
FRANCISCO LACOMBE *
O latino-americano pensa que a riqueza está na natureza. Já dizia Locke,
no século XVII, que a natureza não tem valor algum, o trabalho que se faz para
aproveitar os recursos naturais é que valem. A riqueza é uma criação e não algo
já existente.
Citando o livro acima: “a riqueza de um país se faz ou se pode fazer por
meio da poupança, do esforço, dos investimentos nacionais e estrangeiros,
criando, desenvolvendo e multiplicando empresas sob a égide de uma economia de
mercado; os monopólios públicos e privados são fontes de abusos e a livre
concorrência é o melhor instrumento de regulação e de proteção do consumidor.”
A Argentina, que conseguiu romper a barreira do desenvolvimento no
início do século XX, retornou a ele pelas políticas e ações populistas e
demagógicas de Perón. Não nos esqueçamos de que Buenos Aires inaugurou, em
1913, a quarta rede de metrô do Planeta, depois apenas de Londres, Paris e Nova
Iorque.
O livro mencionado faz uma análise contundente de Cuba: “os cubanos dos Estados
Unidos – aproximadamente 2 milhões, contando a segunda geração – produzem a
cada ano 30 bilhões de dólares em bens e serviços, enquanto os 10 milhões de
cubanos que estão na ilha produzem anualmente apenas a terça parte desse
montante.
Em 1953, a renda per capita dos
cubanos era semelhante à da Itália, embora as oportunidades pessoais parecessem
ser mais generosas na ilha do Caribe, como se pode comprovar pelo número de 12
mil pedidos de emigração, na embaixada cubana em Roma, de italianos desejosos
de se instalar em Cuba. Não havia pedidos no sentido inverso.
Hoje, em contrapartida, são milhões de cubanos que desejariam
transferir-se para a Itália de forma permanente. Outro sintoma eloquente é o
espetáculo de 10 mil pessoas amontoadas numa embaixada para sair de Cuba, bem
como os 30 mil balseiros que se lançaram ao mar em agosto de 1994.
Isto deveria ser suficiente para demonstrar aos idiotas
latino-americanos que esse povo rechaça, de maneira visceral, o governo de que
padece. “Em 1960, a renda média per capita de Cuba era a segunda mais
alta da América Latina; hoje só está acima do Haiti.”
Finalmente: “O estranho do capitalismo é que nas desigualdades
encontra-se a chave do seu êxito, aquilo que, de longe, o torna o melhor
sistema econômico. Melhor ainda: mais justo mais equitativo. Que incentivo pode
ter um cubano para produzir mais se sabe que nunca poderá ter direito à
propriedade privada nem ao usufruto do seu esforço? Se desaparece o incentivo
da desigualdade, desaparece também o produto total, a riqueza em seu conjunto.”
O livro não se limita à análise de Cuba, que ressaltamos aqui. Faz um
diagnóstico completo da idiotice latino-americana.
* PROFESSOR
DE ADMINISTRAÇÃO
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