Ao comprar pães, a moça do caixa da padaria pergunta:
— O senhor prefere o troco em chicletes ou pode ser em ações da Petrobrás, mesmo?
— O senhor prefere o troco em chicletes ou pode ser em ações da Petrobrás, mesmo?
Que pergunta! Obviamente, preferi os chicletes.
Brincadeiras a parte, a ex-maior empresa brasileira enfrenta uma crise muito séria e de difícil reversão. A companhia chegou a perder dinheiro, com a alta do Petróleo, seu principal insumo. Uma façanha para poucos, mas que este governo conseguiu.
O atual e triste cenário não é culpa, apenas, de absurdos como: 1) criminosos esquemas entre empreiteiros, políticos e funcionários da empresa que, até o que se sabe, afanou mais de R$ 10 bi; 2) Do uso político para controlar a alta inflação, a mesma que tem estourado o teto da meta com frequência, além, é claro de ter resultado em uma dívida de R$ 240 bi; 3) Da compra de refinarias falidas ou financiamento de obras superfaturadas em parceria com outros países nada transparentes. Mas o problema real pode ser a causa de todos estes fatores.
Pensar que um endividamento deste porte é preocupante faz todo o sentido, mas se lembrarmos que 80% dele é em moeda estrangeira ( num momento que o dólar fecha na maior alta em nove anos), a coisa aperta de forma considerável. Aliás, por ser uma empresa pública, dá pra adivinhar quem é que vai pagar esta conta, amigo, “contribuinte”?
A política como priodidade
Paulo Roberto Costa chegou a dizer em depoimento que ninguém consegue tornar-se diretor da Petrobrás sem uma indicação política. Aliás, vale se perguntar, se é sabido que os cargos políticos visam benefícios políticos, alguém consegue mensurar algum benefício político para um partido que indica um diretor financeiro em uma petroleira? Ou o “benefício” é só financeiro? Alberto Youssef confirma alguns crimes que cometeu, mas diz, com convicção, que não era o chefe do esquema, que trabalhava para alguém.
A roubalheira pode enojar e assustar, mas a má administração ou gestão de recursos conseguem ser piores. O bandido, quando pego é repudiado pela sociedade e a justiça tenta fechar as portas da sujeira – assim deveria ser, ao menos. Mas, quando os erros são a base para a gestão da empresa o prejuízo é maior, porque as pessoas ainda não os enxerga com clareza. No Brasil temos uma dificuldade absurda de entender que a função das empresas é gerar lucros e, portanto, empregos se puder fazer algo a mais, bacana, mas aquele é o escopo. Assim como o papel das ONGs não é lucrar.
A baixa no preço das ações e a perda de valor no mercado são indícios cristalinos de que não há confiança, transparência ou solidez na gestão da Petrobrás. Não é questão de imputar crime à diretoria atual, mas pensar que se não houve cumplicidade na roubalheira o quadro é péssimo também, pois é sinal que a máquina pública está truncada ao ponto de deixar tamanha sujeira passar despercebida.
Dentre os problemas listados, é perceptível que as escolhas políticas têm forte ligação com todos eles e este pode ser verdadeiro problema, de modo que os itens descritos acima seriam, então, consequências deste problema. O fato é que: a Petrobrás precisa ser despolitizada e a única forma de fazê-lo é tirando o Estado da jogada.
Será que se a Petrobrás fosse uma empresa de Petróleo 100% privada, seria vítima de esquemas criminosos entre seus fornecedores? Seria obrigada a não reajustar seus preços e se endividar? Teria diretores contratados pela empresa com a finalidade de “fazer caixa” para partidos ou para outro projeto, contrário aos interesses da companhia? Será que o conselho de administração aprovaria um negócio bilionário porque seu presidente não teve “acesso” às informações? Seria cabide de empregos?
Além de toda esta reflexão, para os que ainda caem na baboseira do “Petróleo é nosso” é bom lembrar que: a Vale do Rio Doce paga mais de impostos para o governo como empresa privada do que o valor que lucrava quando era estatal— e olha que o minério de ferro está em baixa, agora. E temos que pensar também que a combinação entre ascensão do xisto e custo para extração do pré-sal seriam um obstáculo se a empresa fosse bem gerida, imaginem no cenário atual.
Dentre as formas de “se gastar dinheiro” ilustradas pelo Nobel de economia, Milton Friedman, temos em uma empresa pública os piores incentivos: os gestores gastam dinheiro dos outros (pouco incentivo para economizar) para benefício dos outros ( baixo incentivo para a qualidade). Mas o Brasil inovou, fez sua petroleira pública gastar dinheiro dos outros ( altos custos para o pagador) em benefício privado do partido político, que está no governo e seus amiguinhos — nossa jabuticaba de óleo.
Enfim, passou da hora de se discutir a privatização da Petrobrás com seriedade, sem preconceitos pueris, antes que percamos ainda mais dinheiro e credibilidade.
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