ESCRITO POR LUIS DUFAUR |
11 DEZEMBRO 2014
Não há segredo, mas houve muita ocultação nos manuais ocidentais de
história: Hitler e Stalin foram grandes aliados e desencadearam conjuntamente a
II Guerra Mundial.
E, em certo sentido, essa aliança,
aparentemente rompida no transcurso da guerra, nunca deixou de funcionar. E
perdura como se nunca tivesse sido quebrada.
Mas muitas pessoas no Ocidente foram
enganadas por uma propaganda e uma visualização confusa dos fatos.
Agora o
presidente russo Vladimir Putin acaba de reafirmar – mais uma vez,
aliás – a simpatia de Moscou pelo tratado de não-agressão de 1939 entre os dois
ditadores europeus.
Putin convocou diversos pesquisadores e
acadêmicos para produzir trabalhos defendendo que ao assinar o Pacto
Ribbentrop-Molotov, também conhecido como Pacto Hitler-Stalin, a URSS não fez
nada de mau.
A reunião com os acadêmicos foi
referida pelo site alemão Spiegel Online, pelo The New York Times e pelo diário
britânico The Telegraph, citados pela radio oficial alemã “Deutsche Welle”.
Putin declarou que toda pesquisa digna
de crédito deveria chegar à conclusão de que o acordo entre os dois ditadores
era parte dos métodos de política externa da época. Obviamente, o historiador
que não demonstrar isso perderá crédito e sua carreira estará liquidada na
“nova URSS”.
“A União Soviética assinou um tratado
de não-agressão com a Alemanha. As pessoas dizem: 'Ah, isso é ruim.' Mas o que
há de ruim no fato de a URSS não querer lutar?”, sofismou o líder russo.
Putin queixou-se de que a potência
russa é acusada de ter dividido a Polônia. Mas, segundo ele, quando a Alemanha
atacou o país, os poloneses faziam parte da Checoslováquia. Se alguém entendeu
a lógica do argumento, por favor, avise.
Para ele, segundo “The Telegraph”, o
acordo nazi-comunista foi no fundo bem feito pela Rússia e acabou sendo bom.
Moscou negava cinicamente a existência
do pacto Ribbentrop-Molotov até 1989. Mas não adiantou silenciar a verdade
ovante.
Assinado pelo ministro do Exterior do
Terceiro Reich, Joachim von Ribbentrop, e pelo seu homólogo soviético
Viatcheslav Molotov, o tratado garantia à Alemanha que a URSS permaneceria
neutra no caso de uma ofensiva contra a Polônia.
Em 2009, na cerimônia pelos 70 anos do
início da Segunda Guerra Mundial, em Gdansk, Putin já havia tentado defender o
Pacto entre Hitler e Stalin.
O acordo com a Alemanha hitlerista
permitiu a invasão conjunta nazi-soviética da Polônia que foi o estopim da II
Guerra. Mas Putin fugiu pela tangente alegando que não foi a única causa e, tal
vez não teve culpa nenhuma.
Putin repete o velho realejo comunista
anti-capitalista: a culpa pelas atrocidades de Adolf Hitler é dos capitalistas
e dos anglo-saxões.
De fato, em 1938, os governos amolecidos
da Inglaterra, a Itália e a França assinaram o vergonhoso Acordo de Munique, em
que entregaram os pontos diante da Alemanha nazista.
Mas houve pessoas ilustres até no
Brasil como Plinio Corrêa de Oliveira que execraram esse acordo.
O próprio Putin lembrou no encontro com
os historiadores, que o futuro primeiro-ministro britânico Winston Churchill
censurou o Acordo de Munique dizendo: “Agora a guerra é inevitável”.
Na verdade, a famosa apóstrofe de
Churchill, em 3 de outubro de 1938, foi mais incisiva: “Tínheis que optar entre
a guerra e a vergonha. Escolhestes a vergonha e tereis a guerra”.
É o que muitos pretensos defensores de
Ocidente parecem fazer hoje, ao contemporizar com Vladimir Putin e com suas
invasões de países vizinhos!
Nota do editor de Libertatum, Ivan Lima: em uma matéria do Ordem Liberal de uns meses atrás, publicada no Libertatum, intitulada O Fantasma do Imperialismo Soviético, falamos que a antiga mentalidade do imperialismo russo continuava no presente apesar do "abandono" de nomenclatura e práticas tirânicas do regime "sem classes"...
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