Um Luddita na Ciência e Tecnologia?
O Luddismo remonta ao início da Revolução Industrial, no Reino Unido, numa época em que grupos de operários promoviam atentados contra fábricas para destruir a maquinaria têxtil que ameaçava seus empregos. O movimento emergiu durante o conturbado período das guerras napoleônicas, que se caracterizou por momentos de dificuldade para os trabalhadores europeus. O estopim da revolta dos “Ludds” foi a introdução de novos modelos de teares, altamente automatizados para os padrões da época, que podiam ser operados por trabalhadores menos preparados, resultando em desemprego para os operários mais qualificados da indústria têxtil.
Além das consequências criminais, tais eventos deram causa a teorias econômicas estranhas, segundo as quais a evolução tecnológica reduziria de forma constante os índices de emprego, empobrecendo continuamente camadas cada vez maiores da população. Essas teorias nada mais são, evidentemente, que grandes falácias, cuja falsidade é comprovada de maneira empírica ao longo da História. Embora o desenvolvimento tecnológico – e a produtividade do trabalho humano que ele trouxe a reboque – tenha crescido de forma exponencial desde a Revolução Industrial, há dois séculos, não estamos diante de índices de desemprego catastróficos, nem tampouco de um mundo cada vez mais empobrecido e faminto, ainda que a população do mundo tenha crescido sete vezes desde então.
Ao contrário, foi graças ao desenvolvimento tecnológico e à substituição do homem pela máquina que hoje nos sobra tempo para o lazer, para atividades culturais e intelectuais. No passado, 90% dos empregos estavam na agricultura. Hoje, com apenas 2% da mão-de-obra alocada neste setor, conseguimos alimentar muito mais gente. Na indústria ocorreu algo semelhante, abrindo espaço para o aumento da oferta de empregos nos setores de serviços, saúde, educação, entretenimento e tecnologia. Economia é um processo altamente dinâmico e complexo. Como ensinou Bastiat, olhar apenas os efeitos de curto prazo de cada evento econômico ou social é um equívoco muitas vezes desastroso, principalmente para formuladores de políticas públicas.
Apesar de todas as evidências em contrário, entretanto, os chamados “neo-ludditas” continuam atuantes. No Brasil, um de seus maiores expoentes, pelo menos até cerca de quinze anos atrás, foi o senhor Aldo Rebelo (Pc do B-AL). Em 1994, por exemplo, o deputado comunista propôs um projeto de lei (PL 4502) que proibia “a adoção, por qualquer órgão público da administração direta e indireta, nos níveis municipal, estadual e federal, de qualquer inovação tecnológica que seja poupadora de mão-de-obra, sem prévia comprovação (…) de que os benefícios sociais auferidos com a implantação suplantem o custo social do desemprego gerado”.
Depois disso, o proibicionista alagoano ainda propôs pelo menos outros dois projetos não menos bizarros. São eles o PL 4224/1998 que proibia a instalação de bombas de auto-serviço nos postos de abastecimento de combustíveis, e o PL 2867/2000, que proibia a instalação de catracas eletrônicas ou assemelhados nos veículos de transporte coletivos.
Felizmente, nenhum desses despropósitos vingou.
Felizmente, nenhum desses despropósitos vingou.
Entretanto, para espanto de muitos, foi esse mesmo Aldo Rebelo que a presidente Dilma Rousseff acabou de escolher para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Esperemos que, depois de todos esses anos, o novo ministro tenha mudado radicalmente seu pensamento e passado a enxergar a tecnologia como aliada do trabalhador, e não como sua inimiga.
Caso contrário, o desenvolvimento tecnológico em Pindorama, qual nunca foi lá essas coisas, estará ameaçado para todo sempre…
Caso contrário, o desenvolvimento tecnológico em Pindorama, qual nunca foi lá essas coisas, estará ameaçado para todo sempre…
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