A falta de táxis em Brasília demonstra como o estado cria problemas a partir do nada!
Por Klauber Cristofen Pires
Uma reportagem bastante oportuna produzida pelo programa Bom Dia Brasil alerta para a crítica falta de táxis em Brasília.
Segundo a matéria, é impossível pegar táxi por aceno na rua. Com uma frota de 3.400 veículos, que não muda há trinta anos, a população conta com um carro para cada 755 moradores.
Há, porém, algumas coisas que praticamente não são ditas sobre capital planejada pelos arquitetos comunistas Lúcio Costa e Oscar Niemayer.
Ainda em novembro de 2010 fui àquela cidade, a trabalho, tendo o cuidado costumeiro de reservar previamente uma vaga em um hotel nas proximidades de onde o meu evento deveria ocorrer. Agora, imaginem! Ocorreu que ao desembarcar, soube pelo taxista que o hotel havia sido fechado por funcionamento irregular na véspera pelo governo do Distrito Federal. Qual a irregularidade? Não estar localizado na zona hoteleira! Êta organização boa esta, hein?
Em Brasília, se você quer um hotel, tem de se hospedar no setor hoteleiro; se necessita de uma peça para o seu carro, tem de se dirigir ao setor de autopeças! Tudo muito organizadinho...e extremamente ineficiente!
Não é a toa que os engarrafamentos alcançam filas de dezenas de quilômetros: as pessoas precisam vencer longas distâncias para realizar as tarefas mais banais, como por exemplo, sair do hotel para o local do evento por meio de táxi, ao invés de simplesmente ir a pé. Brasília é tomada por inúmeros contornos e retornos que não levam absolutamente a lugar nenhum, mas somente a outros entroncamentos. Parece mesmo o retrato fiel de uma urbe criada para a brigar a nata do serviço público!
Perdoem-me, mas voltemos à questão dos táxis. Onde eu parei mesmo? Ah, certo! Então vamos lá: Caramba! Libera esta P....!
Estimar mediante complicados estatísticos qual a lotação ideal de táxis para a cidade resulta em algo tão complexo, necessário e relevante quanto determinar quantos pet-shops devem existir!
O mercado tem condições de atender plenamente à população, na justa medida em que esta necessita do serviço; que se permita, portanto, a quem tem um veículo e deseje colocá-lo à disposição, que atenda aos anseios dos consumidores.
Táxi, táxi de lotação, moto-táxi, charrete e até mesmo riquixá, já! Quem quer que pretenda fazer um uso produtivo de sua propriedade presta um serviço relevante, aumenta seu padrão de vida e coopera com o meio-ambiente, reduzindo os colossais congestionamentos.
Obviamente que o lobby dos sindicatos dos taxistas não está interessado. Eles estão a alegar que o trabalho eventual de pessoas que utilizam o serviço como segunda fonte de renda atrapalha aqueles que na profissão sua atividade principal ou exclusiva; eles também alegam que um certo número majorado de carros causará uma subutilização quando os eventos importantes cessarem. O que eles pretendem, entretanto, é subjugar a população aos seus interesses pessoais.
Que problema há em que Fulano planeje usar seu automóvel como táxi somente no trecho em que desloca de casa para o trabalho e vice-versa? Que tal que ele funcione como lotação? Assim, além de um reforço no orçamento familiar, ele conduzirá seus vizinhos que trabalham em áreas próximas, e desta forma poderá retirar até quatro veículos particulares de circulação. Isto é algo impressionante!
Que problema há que acabem os períodos de grandes eventos? Os que se utilizam do serviço como uma segunda fonte de renda serão os primeiros a encostar seus veículos, além de alguma parcela dos taxistas menos competentes e que possuem veículos menos atraentes.
Enquanto qualquer atividade econômica gozar da prerrogativa de poder de dizer quem pode entrar no mercado, serão sempre os consumidores que pagarão por serviços ineficientes e caros. Os sindicalistas do setor também alegam que isto é necessário para que se ofereçam carros novos e bons, mas de que isto adianta, se tantas vezes os usuários não logram conseguir o atendimento?
Para qualquer demanda que haja, seja em tempo de grandes eventos ou em baixas estações, sempre haverá taxistas que serão remunerados de forma justa - aqueles que gozarem de boa reputação por prestarem os melhores serviços.
Poucas pessoas sabem, mas são artifícios como este que provocam outras consequências funestas: Tanto em Brasília como em outras grandes capitais em que a frota é limitada pelas autoridades municipais, como também com relação aos aeroportos, criou-se um novo tumor econômico, comumente chamado de "placa". Trata-se de um valor, às vezes maior até do que o do próprio veículo, pelo qual o taxista cobra por sua licença a quem o substituir na atividade. Tenho tido notícias de que em Belo Horizonte uma "placa" chega a custar algo em torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)!
Tal absurdo costumava acontecer de igual maneira quando o fornecimento de telefones era estatal: eu "comprei" a minha "linha" telefônica por US$ 1,500.00 (mil e quinhentos dólares). Tive conhecimento por amigos de que em algumas cidades do Brasil uma linha telefônica chegava a custar mais de US$ 20,000.00 (vinte mil dólares)! Chego a recordar a cara de espanto e de estranhamento das pessoas estrangeiras quando eu - orgulhosamente - dizia ser "proprietário" de uma linha telefônica, que inclusive, era declarada no Imposto de Renda!
Concluindo: a falta de táxis em Brasília não representa nenhum problema natural, mas apenas um problemão causado pelo próprio estado, que prefere atender a grupos de interesse particular - as associações de taxistas - do que aos consumidores. O Brasil nunca desiste de estatizar a economia!
Abaixo, segue a reportagem:
Frota permanece a mesma há 30 anos. Proximidade de grandes eventos, como a Copa do Mundo, preocupam moradores e turistas.
Na capital do país, táxi se pede por telefone ou nos poucos pontos espalhados pela cidade. Na rua, nem pensar. “A gente nem tenta”, conta uma mulher.
A frota é a mesma há 30 anos: 3,4 mil carros, o que dá a média de um taxi para 755 moradores, bem diferente do Rio de Janeiro, a cidade do país que tem mais táxis por habitante: um para cada grupo de 197 pessoas. Em São Paulo, a média é de um táxi para 351 pessoas. Já em Salvador, há um carro para 371 moradores. Em Belo Horizonte, um para 396 habitantes.
Brasília é, portanto, a pior cidade entre as capitais mais populosas do país na oferta de taxis por habitante. Mas os turistas também sofrem.
O advogado Cristiano Marques costuma vir à cidade duas vezes por ano, e não esquece dos problemas causados pelo reduzido número de táxis. “No meu caso, para fazer o concurso eu precisava estar descansado e aí quanto maior espera mais estresse e acaba afetando o que a gente vinha fazer”.
Encontrar tantos taxis em quantidade só mesmo no aeroporto. Em outros locais, a espera é longa, principalmente se o passageiro estiver distante do centro. Em Brasília há uma concentração de mercado: a maioria dos taxistas só circula no Plano Piloto, área central da cidade.
Segundo Wesley Taylor, gerente de uma empresa de radiotáxi mesmo assim é difícil. “A gente tem que rebolar para conseguir atender”.
E pensar que a Copa do Mundo vem aí. “Chega a hora em que os eventos maiores vão acontecer em Brasília, aí vai ter problema”, afirma o taxista Edval Pereira
“Tem a questão da imagem também, principalmente da capital, que deveria ter imagem correta em termos de boa recepção e fluidez”, diz o funcionário público Francisco Cruz.
Um especialista defende mais concorrência no setor. “Hoje nas capitais brasileiras, os serviços de táxis são protegidos pelo poder público, ou seja, a sua quantidade é limitada. O mercado precisa ser aberto para que cada motorista interessado possa participar”.
Já o sindicatos dos taxistas do Distrito Federal contesta. “Acabou a Copa vamos ficar de braços cruzados? Soltam aquele mundo de permissões, e como é que vão fazer sem ver realmente quantos táxis nós estamos precisando”, disse Maria do Bonfim, presidente do sindicato dos Taxistas do Distrito Federal.
O governo do Distrito Federal diz que vai abrir uma licitação para 4 mil novas permissões para taxistas, no ano que vem, mas ainda não há data prevista.
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