China, a bola da vez? Crise imobiliária se acentua; milhares de agências fechadas.
Por David Pierson, LosAngeles Times - Dezembro, 13,2011
Tradução: Klauber Cristofen Pires
As casas estão perdendo
valor e os financiadores descapitalizados. As aflições do mercado
imobiliário afetando a economia. São notícias velhas nos Estados
Unidos, mas agora o ar tem começado a vazar de uma outra grande
bolha imobiliária – na China.
Os preços das residências
em todo o país têm declinado em novembro pelo terceiro mês
consecutivo, de acordo com um índice de preços nas cem maiores
cidades compilados pela Academia de Índices da China, uma firma
imobiliária independente. A média dos preços na área de Shangai
desceu cerca de 40% do seu pico em meados de 2009, para
aproximadamente $176,000 por uma casa de 1000 pés quadrados (aprox.
93 m²).
As vendas despencaram. Em
Beijing, um inventário de quase dois anos está entupindo o mercado,
e mais de mil agências imobiliárias têm fechado as portas neste
ano. Construtoras que antes vendiam antecipadamente seus projetos em
questão de horas estão cada vez mais desesperadas. Uma imobiliária
no lado leste da cidade de Wenzhou está oferecendo uma BMW na
garagem.
A virada têm deixado
atônitos os compradores tais como o residente de Shanghai Mark li,
que pensava que os preços só subiriam. O engenheiro de softwares
fechou por duzentos e cinquenta mil dólares a compra de um
apartamento de três quartos em Agosto, apenas para testem,unhar
semanas depois que a construtora cortou os preços em 25% em unidades
idênticas para atrair compradores em um mercado em desaceleração.
Ultrajado, Li e centenas de
outros que pagaram pelo preço cheio vandalizaram o escritório de
vendas, brigaram com os empregados e protestaram por três dias antes
que a polícia quebrasse a manifestação. Ir embora àquela hora
significaria perder o abatimento de setenta e cinco mil dólares que
ele emprestara de seus pais, que são da classe trabalhadora.
“Eu ainda não contei a
eles,” Li, 29, disse da queda do valor de sua casa. “Isto vai
deixá-los muito preocupados, e agora já é tarde.”
Tudo é muito sinistramente
similar aos primeiros estágios da crise imobiliária nos E.U.A. A
grande diferença é que o governo chinês pisou forte no freio.
Ao logo do ano passado ele
(o governo) havia segurado os empréstimos e proibido a compra de
mais de uma casa em diversas cidades, em uma medida para desencorajar
os especuladores e baixar os preços. As autoridades chinesas dizem
que estão tentando domar a inflação e amansar a revolta pública
sobre os custos dos imóveis, os efeitos colaterais do governo para
estimular a economia com o crédito fácil durante a crise financeira
global. Eles haviam prometido manter alguns limites para a compra de
imóveis para o previsível futuro.
Porém, as preocupações
estão crescendo acerca da habilidade de Beijing de conduzir um pouso
suave.
O setor da construção
civil é um imenso empregador e atualmente conta para aproximadamente
um quinto da produção econômica chinesa. Os governos locais são
altamente dependentes das vendas de terras para financiar os serviços
públicos e para pagar o débito municipal. Os bancos emitiram
números recordes de financiamentos imobiliários e empréstimos para
construção, cuja consequência é a de que os bens imóveis estão
agora perdendo valor.
Uma quebra no setor
imobiliário possivelmente irá reverberar além da China. A farra
das construções ajudou a abastecer um boom global em
matérias-primas, incluindo o ferro brasileiro e o cobre chileno. E
isto irá estorvar uma economia que o resto do mundo estava contando
por seus novos consumidores e oportunidades de investimento.
A Organização para a
Cooperação Econômica e Desenvolvimento, sediada em Paris, alertou
na semana passada que um colapso das maiores construtoras
imobiliárias chinesas porá o sistema bancária daquela nação em
risco, uma ameaça que lançará suas sombras sobre o panorama
econômico da segunda maior economia do mundo.
Alguns analistas, contudo,
sustentam que estes temores são exagerados.
Centenas de milhões de
chineses da zona rural têm sido removidos para as cidades nas
últimas décadas, aumentando a demanda por novas casas.
E os chineses não são nem
de perto tão vulneráveis à especulação quanto os americanos. Os
compradores de seus primeiros imóveis são obrigados por lei a pagar
uma entrada de 30% e muitos pagam mais. Os especialistas dizem que o
governo poderá também levantar estas restrições.
“Não acredito que a China
esteja em perigo de uma quebradeira ao estilo do que aconteceu nos
E.U.A., disse Alistair Thornton, uma analista do IHS Global
Insight baseado em Beijing. “Eles ainda mantêm muitas
alavancas de controle caso o mercado mova-se mais rápido que o
esperado.
Todavia, por ora, Thorton
disse, Beijing está comprometida em reforçar sua credibilidade
depois de ter prometido trazer os preços do mercado imobiliário de
volta à Terra. Desde que o governo começou a abrir o setor à
iniciativa privada nos anos 90, “o mercado tem somente subido...e
eles querem passar adiante a mensagem de que esta não é uma aposta
em sentido único”, ele disse.
Isto tudo são novidades
para os milhões de chineses para quem a aquisição da casa própria
tem se tornado uma obsessão. A mania tem cimentado em si mesma na
psique nacional, inspirando as músicas e até mesmo novas gírias em
uma selvagem novela popular. Os compradores de imóveis presos às
suas dívidas têm sido apelidados de “fang nu”, ou
“escravos das casas”. Aos casais que se casam sem ter uma casa
dizem que têm um “luo hun”, ou um “casamento nu”.
Com o valor das propriedades
atualmente caindo, os zangados compradores têm participado de pelo
menos sete manifestações nos últimos três meses nas cidades que
incluem Beijing e Shanghai. Multidões têm destruído os escritórios
e reivindicam o ressarcimento de até 40% depois que as construtoras
baixaram os preços para novos compradores.
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