Sexo
livre, aborto, eutanásia e assassinato são apresentados só como
valores diferentes.
Por Klauber Cristofen Pires
Se você é estudante do ensino médio ou
superior, provavelmente em algum momento lhe foi ou será exibido em
sala de aula o filme “Sangue sobre a neve” (1960), ou no
original, The Savage Innocents, sob a direção de Nicholas
Ray e com o estrelato do consagradíssimo ator Antony Quinn, no papel
do esquimó Inuk.
A película tornou-se um ícone da
exaltação do relativismo cultural para os cursos de ciências
sociais, sobretudo os de Sociologia e Antropologia, e onde mais
pertençam como disciplinas complementares, como é o caso do curso
de Direito.
Com um pouco de treino na arte de
conduzir uma argumentação tendenciosa e contando com a ignorância
crédula e previamente adubada nos anos escolares anteriores por
parte da maior parte dos alunos, o professor militante gramscista
terá logrado mais um dia ganho no seu afã de conquistar as almas
para a sua causa, fazendo deles novos agentes de transformação
social, aptos a desprezarem os valores da cultura em que vivem para
adorar absolutamente qualquer outra como modelo, inclusive e
especialmente as que permitem os excessos mais animalescos sem culpa,
como o sexo sem amor nem responsabilidade, o infanticídio e a
eutanásia.
Durante a primeira metade do filme, ou
mais propriamente, durante o primeiro ato, o diretor Nicholas Ray
abusa em prover sua obra de ficção de uma estética pretensamente
documentarista, inclusive com a inserção de trechos narrativos que
comprometem o envolvimento do público com o caráter subjetivo dos
personagens.
Nesta fase, os esquimós são
apresentados como um povo ingênuo - até o ponto de simplesmente não
saberem mentir (?) - e são relatados seus modos de vida, tais como o
costume de oferecer a esposa aos visitantes, as suas técnicas de
caça e de pesca, e as divisões de tarefas, entre as quais a das
mulheres de mastigarem o couro da caça para o fabrico de roupas e
cobertores. Em tempo, a vida de uma mulher depende basicamente de
conseguir preservar seus dentes, pois as banguelas são deixadas à
morte por inanição. Mas claro, isto é algo perfeitamente
natural...
São dignas de ressaltar as cenas em que
a sogra do protagonista principal ensina à sua filha como deve matar
seu nenê primogênito caso nasça menina, bem como a que se entrega
ela própria à saciedade de um faminto urso, deixada para trás pela
família por sua própria ordem, para que se cumpra – mui
poeticamente - o ciclo da vida.
O drama realmente começa quando um padre
ocidental os visita e é morto por Inuk por ter recusado a sua esposa
em ato de hospitalidade, segundo a tradição dos esquimós. Não que
tivesse a intenção de matá-lo, senão que o sacudiu violentamente,
fazendo sua cabeça bater várias vezes contra a parede de gelo de
seu iglu.
O argumento dessa cena – a meu ver, um
tanto forçado - é a de que Inuk apenas queria perguntar ao padre
sobre o motivo de sua recusa e sobre o que ele falava acerca do
pecado, tendo sua morte resultado meramente dos seus modos toscos,
como já havia feito antes em uma cena preparativa com outro esquimó
amigo seu.
Mais adiante, em entremeio à sua busca
pelos policiais, desenrola-se um segundo conflito pseudomoralista, um
dos primeiros de apelo ambientalista no cinema, no qual se comparam
as técnicas de caça primitivas dos esquimós com as armas de fogo,
já começando a ser adquiridas por gente do seu povo. Trata-se aqui
da denúncia do corrompimento do bom selvagem pela ganância
capitalista.
A certa altura, Inuk é alcançado e lhe
é dada a voz de prisão, mas ele não entende a razão por ser
procurado e acusado, já que segundo o próprio, o fatídico
acontecimento já havia ocorrido “há muito tempo”. No caminho em
direção à cidade dos brancos, onde será julgado e cumprirá pena,
um dos dois policiais morre de hipotermia por ter quebrado com seu
peso uma fina camada de gelo, enquanto o personagem de Quinn impede
que o segundo policial tente salvar o parceiro, adiantando-lhe que
seu amigo já está condenado à morte. Esta cena também carrega em
suas tintas um certo quê de darwinismo, a reforçar a mensagem do
relativismo cultural e o choque de civilizações.
Ainda no caminho rumo ao vilarejo, o
segundo policial também sofre com as agruras do clima ártico, sendo
socorrido por seu prisioneiro, até que enfim, às proximidades do
vilarejo, e confuso por suas contradições, decide libertá-lo.
Acendam-se as luzes e vamos aos
comentários:
Certamente, ao lidarmos com uma cultura
diferente e até então desconhecida, havemos de receber com certo
grau inicial de condescendência os hábitos que nos parecem mais
estranhos. É inevitável o choque cultural, como o filme pretendeu
demonstrar, bem como também são inimputáveis os esquimós por atos
que reputamos entre nós como sendo crimes, tão somente pelo fato de
que eles não participaram do processo legislativo da civilização
alienígena que alcançou as suas terras.
Entretanto, nota-se aí mesmo uma forçada
na barra, porque pode ter havido conflitos de semelhante natureza
entre brancos e esquimós na vida real, mas tais confrontos, com seus
erros e acertos, foram sendo dirimidos aos poucos no decorrer do
processo de convivência e aculturação. Ademais e sobretudo, não deve significar para nós mesmos que os costumes de povos mais primitivos sejam recebidos como alternativas válidas de organização social.
Na sociedade ocidental atual, não há
hoje governo de qualquer democracia respeitável que proponha
responsabilizar alguém reconhecidamente selvagem por um crime. Muito
pelo contrário, no Brasil mesmo, a voga é pela inimputabilidade
exagerada por delitos praticados por índios muito bem aculturados
que já bem poderiam responder por seus atos.
Ademais, o filme relata com indiferente
frieza o assassinato das meninas primogênitas recém-nascidas e dos
velhos e doentes que são deixados à própria sorte. Faz isto num
tom reconhecivelmente proposital, com o objetivo de censurar nos
corações dos espectadores a indignação, como a exigir-lhes não
só a compreensão para com o povo primitivo por ser primitivo, mas
sim a aceitação plena de um costume que valorativamente não é por
si pior nem melhor, mas apenas diferente.
Na verdade, digo mais, trata-se de um
“diferente para melhor”; basta nos deparamos com a simpatia da
esquerda para com o aborto e a eutanásia como políticas públicas
consideradas eficazes no combate à criminalidade, ao desemprego, ao
crescimento da população e à proliferação de raças consideradas
inferiores ou comunidades com históricos de dissidências. Portanto,
plantar na alma dos estudantes o sentido utilitarista das práticas
esquimós tem sido bastante proveitoso.
No entanto, se conhecermos os esquimós
de hoje, tomaremos ciência de que eles vivem em boas casas,
transportam-se em snowcars, usam armas de fogo e consomem
coisas como vegetais, remédios, roupas e tv's.
Isto por si só significa que o modo de
vida dos seus ancestrais de modo algum pode ser considerado como uma
escolha cultural. Só quem pode dizer que exerce uma escolha é
aquele que tem à sua mão mais de uma alternativa. A verdade é que
os esquimós viviam muito mal, em parte por causa da falta de
comércio com outras civilizações, haja vista que muitos bens são
produzidos com recursos que lhes eram inacessíveis, e também em boa
parte por causa de suas próprias superstições.
Não se trata, portanto, de uma mera
diferença de hábitos. Esta coisa de ser entregue voluntariamente ao
apetite de uma fera não tem nada a ver com tradição nem com um
alegado apego à doutrina do ciclo da vida, mas sim uma solução
desesperada de quem não sabia como fazer melhor. Que bom que fosse
assim com muitos dos ambientalistas de hoje. Mas quê! Estes são os
primeiros a atarem-se à vida boa! Roupa de algodão cru, bicicleta e
xixi no banheiro são coisas para os otários a quem enganam!
ESTE FILME FOI INDICADO POR UM PROFESSOR DE SOCIOLOGIA POR ESTE MOTIVO GOSTARIA DE ASSISTI-LO GOSTEI DA SINOPSE DO FILME.
ResponderExcluirBom saber que o filme tem conotação gramcista, não assisti, mas provavelmente não tenha perdido um bom espetáculo, sempre achei muito estranho esse exagero de choque cultural, agora fico sabendo que tem finalidade esquerdista, eles são capazes de tudo para impingir nos outros essa maldita cleptopatia!
ResponderExcluirmas, gente, quanta porcaria num texto só! hahaha não acredito que uma pessoa que diz que estuda e é pensadora escreve uma coisa dessas... só chorando mesmo, porque tem tanta gente que lê e é induzida e essa monte porcaria
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