Trata-se de um movimento político, mas de sinal contrário: por ele, exerceremos o repúdio a priori dos políticos; ficaremos no seu encalço; não lhes daremos os microfones e holofotes gratuitamente, e investiremos na neutralização de todos os seus atos que venham a roubar o nosso patrimônio e as nossas vidas. Com o tempo, veremos o quanto podemos produzir, prosperar, viver em paz e liberdade, apenas por manter os políticos sob rédeas curtas. Anti-política já!
Quando nos mudamos do sul para a região Norte e Nordeste, por conta de uma transferência de meu pai, militar, uma notável constatação logo se fez evidente: em Joinville, onde morávamos, era comum admirar as belas residências da cidade, que viríamos a saber por alguém que se tratava da morada de um industrial (o mais comum, dada a vocação econômica do lugar) ou ainda de um comerciante, ou até de um fazendeiro. Em nosso novo ambiente, em contrapartida, o que sabíamos das mais belas mansões era que pertenciam a senadores, deputados, prefeitos, ou altos burocratas de órgãos públicos, autarquias e empresas públicas.
Veja o leitor, tal observação nasceu naturalmente no seio de uma família em trânsito, totalmente desimbuída de qualquer viés ideológico, então inexistente. As aparências nem sempre enganam: com razão, enquanto que no sul até que podem existir políticos advindos da classe produtiva, aqui nas regiões quais aquecidas, grandes negócios nasceram das mãos de políticos bem-sucedidos. No Pará, Jader Barbalho, que era pobre de marré-marré, conta hoje com um jornal, O Diário do Pará, um canal de tv aberta, fazendas, e isto fora de outros negócios do qual desconheço. Casos assim se repetem em cada um dos estados, praticamente sem exceção.
Ao mesmo tempo, claro, vislumbram-se as diferenças gerais de padrão de vida entre as duas regiões do mesmo país. Coincidência? Tenho que não...
Evidenciar tais diferenças, e aqui com uma exclusão proposital do Sudeste, do qual se poderia alegar ter recebido historicamente privilegiadas verbas às custas dos demais estados, nos remete diretamente ao único capital dos sulinos, qual seja, a qualidade da mão-de-obra dos imigrantes, pois vieram pobres dos seus países de origem, a se instalar em um pedaço do país praticamente destituído de valiosos recursos minerais. No sul não há ouro, nem petróleo, pedras preciosas, enfim, nada, a não ser um carvão de baixa qualidade.
Peço licença aos amigos nortistas e nordestinos para não se ofenderem, porque faço uma avaliação objetiva, sem a intenção de ofender o lugar querido onde cada um vive, muito menos as pessoas. De mesma forma, solicito não me enviarem comentários a contestar-me com base em anélises de condições e circunstâncias peculiares. Não precisamos de um tratado científico: afora as exceções de ambos os lados, esta comparação, bastante singela, mas certeira em linhas gerais, visa tão somente demonstrar o quanto o povo do Sul é tão mais bem-sucedido quanto historicamente fraco em termos políticos. E o mais interessante: tradicionalmente e apenas aparentemente paradoxal é o fato que na região meridional se encontram também os piores índices de aprovação dos políticos, enquanto justamente no Norte e Nosdeste estes gozam dos maiores índices de popularidade.
Aparentemente paradoxal foi o que isse, porque, justamente, vejo nisso uma linha de causa e efeito. A atitude anti-política!
Ludwig von Mises já ensinava em sua obra-prima Ação Humana que os políticos jamais cederão o poder ao povo, e este, se quiser a liberdade, haverá de conquistá-la por enfrentá-los. Um político sempre almejará o aumento do poder sobre a sua população. Hans-Hermann Hoppe, a seu turno, em Uma Teoria sobre Socialismo e Capitalismo dedica um capítulo inteiro ao estudo das causas pelas quais uns poucos conseguem o poder de dominar muitos, e declara: isto não precisa ser sempre assim!
Diz um ditado que aqueles que não gostam de política estão fadados a serem governados pelos que gostam. Isto lá de certa forma é verdade, mas aqui venho trazer algo novo, justamente na linha de Hoppe, e que, na falta de um termo melhor, denomino-a aqui de "anti-política". Em que isto constitui?
Trata-se de um movimento político, mas de sinal contrário: por ele, exerceremos o repúdio a priori dos políticos; ficaremos no seu encalço; não lhes daremos os microfones e holofotes gratuitamente, e investiremos na neutralização de todos os seus atos que venham a roubar o nosso patrimônio e as nossas vidas.
Um movimento antipolítico não necessita de representantes, não se sujeita aos ditames censores que andam na moda, nem aos limites da propaganda eleitoral. É permanente e só depende de cada um de nós.
No tempo em que escrevo este texto, venho elogiando a postura do candidato democrata Índio da Costa por vir a público denunciar as ligações do PT com as FARC e com o narcotráfico, que reputo como histórica e realmente cívica. Todavia, mesmo na hipótese pouco verossímil de que a coligação PSDB/DEM venha a ganhar, isto não os deve livrar de nossa cobrança e acompanhamento severo.
Um exemplo natural de atitude antipolítica foi a criação do impostômetro. Contudo, trata-se somente de um embrião. Precisamos fundar organizações que investiguem licitações públicas e mais que isso, a verdadeira necessidade das despesas que lhes dão origem. Precisamos acompanhar e repudiar na justiça e nos meios de comunicação sobre a abusiva legislação adminsitrativa, que nos rouba diariamente nacos de liberdade, tantas vezes mandando a Constituição às favas; precisamos ser mais rigorosos com a emissão de moeda, empre´stimos e benefícios a grupos particulares, e repudiar veementemente todos os monopólios e ajustes de limitação de mercado; e principalmente, tirar o governo de nossas casas, de nossas escolas e nossas igrejas.
Com o tempo, veremos o quanto podemos produzir, prosperar, viver em paz e liberdade, apenas por manter os políticos sob rédeas curtas. Anti-política já!
Caro Sr.Klauber,
ResponderExcluirMuito sensatas as suas palavras. Gostaria de contribuir, ainda que de forma limitada, e coloco-me a disposição em Campo Grande / MS.
Sinceramente
Theófilo Gauze