Uma demonstração cabal de um país que não tem juízo: enquanto os empreendedores do agronegócio reclamam contra as invasões do MST, vão à justiça e aos canais políticos para garantirem preços mínimos para assim esbulhar os consumidores.
No site "Notícias Agrícolas", uma eloquente reportagem critica a demora do Superior Tribunal de Justiça em conceder uma liminar que suspenderia os efeitos da Portaria nº 324/2009 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que estipula uma redução de até 10% do preço mínimo para o trigo. Olha só, eu estou falando de preços mínimos!
Agora vejam o bizarro: segundo o Sr Christian Saigh, diretor superintendente do Moinho Santa Clara e vice-presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), "as cotações não fazem sentido frente à lei de oferta e demanda"! Ele está se referindo que os novos preços mínimos estão indo na contramão do mercado mundial que, segundo a publicação, está com as cotações do cereal "explodindo". Ora, ora! Se é assim, qual é o problema? Por quê entrar na Justiça contra uma decisão inócua? Vejam que absurdo é recorrer ao mercado...para justificar uma política de preços fixados pelo governo!
No artigo PGPM: a inflação por decreto, socorri-me da brilhante lição do jornalista norte-americano Henry Hazzlitt, que assim se expressou sobre as políticas de preços mínimos (Economia numa única lição, p.52-53):
Quando o governo intervém, o celeiro sempre normal torna-se, de fato, um celeiro sempre político. Encoraja-se o fazendeiro, com o dinheiro dos contribuintes, a reter excessivamente sua produção. Como desejam assegurar-se do voto dos fazendeiros, os políticos que iniciam essa política, ou os burocratas que a executam, sempre colocam o denominado preço justo para o produto do fazendeiro acima do preço, que as condições da oferta e da procura justificam na ocasião. Isso reduz o número de compradores. O celeiro sempre normal tende, portanto, a tornar-se um celeiro sempre anormal.
Estoques excessivos ficam afastados do mercado. O efeito é assegurar, temporariamente, um preço mais alto do que poderia existir de outro modo, mas fazê-lo será provocar mais tarde um preço muito mais baixo, pois a falta artificial que se cria nesse ano, ao retirar-se do mercado parte de uma colheita, implica um excesso artificial para o ano seguinte.
Quando os fazendeiros recorrem ao governo para que este implemente uma política de preços mínimos, eles agem da mesma forma que o MST e seus representantes alocados no Incra quando se utilizam da força estatal para esbulhar a propriedade dos consumidores (Pois, em um livre mercado, eles não pagariam voluntariamente por preços superiores aos praticados em regime de livre mercado).
Em outubro de 2009, enviei uma mensagem à CNA, aparentemente tomada em consideração logo depois, ou senão por mera mas acertada coincidência, em que discorro sobre os ensinamentos da escola austríaca para a reivindicação da extinção do índice de produtividade como critério para a desapropriação de terras e sugiro a defesa política da defesa apriorística da propriedade privada como o pilar fundamental de uma sociedade justa, pacífica, próspera e ordeira.
Pois, em vista da mesma teoria econômica, exorto toda a classe empresarial do campo a respeitar os mesmos princípios e pelas mesmas razões, e a repudiar toda e qualquer política de preços que não seja exclusivamente a das naturais cotações do mercado. Não sejam os agricultores um MST de sinal contrário. Pimenta nos olhos dos outros...
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